Artigo Nº 3, Tav-Shin-Nun-Aleph, 1990/91
O Zohar diz (Emor, Item 232), “Das boas acções que a pessoa faz neste mundo, uma alta, veste imponente é feita para ela naquele mundo, para se vestir. Quando a pessoa estabeleceu boas acções mas más acções a superaram, então ela é ímpia, uma vez que os defeitos são maiores que os méritos e ela pondera e lamenta as boas acções que fez no passado. Nessa altura, ela é completamente condenada. Ela pergunta, 'O que faz o Criador com essas boas acções que o pecador antes fez?' E ela responde, 'Embora esse ímpio, esse pecador, estivesse perdido, essas boas acções e méritos que ele havia feito estão perdidas, dado que há um justo que caminha nos caminhos do Rei superior e fabrica vestes das suas boas acções, mas antes que ele complete suas vestes, ele abandona o mundo. O Criador completa suas vestes para ele a partir das boas acções que o pecador ímpio fez. Este é o sentido das palavras, 'Os ímpios vão preparar e os justos vão vestir.' O pecador corrigiu e o justo é coberto com aquilo que ele corrigiu.'"
Devemos entender o que significa quando se diz que falamos de uma pessoa que fez boas acções e por que as más acções a superaram. Afinal, há uma regra, "Um Mitsvá [mandamento/boa acção] induz um Mitsvá,” então por que as más acções a superaram a tamanha medida que ela chegou a um estado em que ela ponderou o princípio, momento o qual ela se perdeu completamente, por motivo dela duvidar do princípio? Devemos também entender por que é que se um justo é carente de vestes feitas de boas acções, deva ele receber as acções de um ímpio. Ele diz que este é o sentido de "Os ímpios vão preparar e os justos vão vestir." Do sentido literal de "os ímpios vão preparar," parece que os ímpios só podem fazer más acções, mas aqui se diz que os justos vão vestir as boas acções dos ímpios. Isto significa que o justo toma boas acções e não más.
É sabido que a ordem do trabalho se divide em dois tipos:
1) Acções: Ou seja, aquele que se engaja em Torá e Mitsvot [plural de Mitsvá] e observa os mandamentos do Rei, será recompensado em retorno tanto neste mundo como no mundo vindouro. Estas pessoas são habitualmente delicadas em termos das suas qualidades, tanto quanto o possível. Cada uma delas tenta observar Torá e Mitsvot segundo a medida de fé que ela tem. Isto é chamado "fé parcial," como explicado na "Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (Item 14), “E cada um sente que ele é chamado 'um servo do Criador.’” Normalmente, cada um vê que o outro está errado, ao passo que relativamente a si mesmo, ele sempre tem desculpas sobre por que ele está certo. Ele sente que tem muitos méritos, então naturalmente, essa pessoa nunca chegará a ter tais maus pensamentos que ela venha a duvidar do princípio.
2) Estas são pessoas que querem alcançar Dvekut [adesão] com o Criador, nomeadamente equivalência de forma. Elas querem trabalhar somente por causa da grandeza do Rei, onde na medida que elas acreditam na grandeza do Rei, a essa medida têm elas a força para trabalhar pelo bem do Rei. E se elas não conseguirem retratar para si mesmas a grandeza e importância do Rei, então elas não têm combustível para trabalhar pelo bem do Criador.
Nesse momento ela vê que é chamada "pecadora," ou seja na medida que ela faça boas acções, na medida que ela faça coisas para que isso lhe cause um "despertar de baixo," embora o corpo não concorde trabalhar em prol de doar e resista a isso com toda sua força, ela espera que através da coação, quando ela força o seu trabalho de doação sobre si mesma, ela seja capaz de fazer todas as coisas pelo bem do Criador.
Mas entretanto, ela vê qeu segundo as boas acções que ela fez, ela devia estar aderida ao Criador, mas de facto, ela vê que as más acções aumentaram, ou seja que ela regrediu e chegou a um estado de desespero e ela duvida do princípio. O Zohar diz sobre isto que ela perde tudo e que é por isso que agora ela sente que é ímpia. Portanto, a questão é, Que boas acções têm ela se ela duvida do princípio, uma vez que ela perde tudo?! Segundo isto, é desconcertante quando ele diz, "Há um justo que caminha nos caminhos do Rei superior e fabrica vestes das suas boas acções, mas antes que ele complete suas vestes, ele abandona o mundo. O Criador completa suas vestes para ele e dessas boas acções que o pecador ímpio havia feito."
No trabalho, devemos interpretar isto em uma só pessoa, ou seja quando ele começa a trilhar o caminho para alcançar Dvekut, que é equivalência de forma, ou seja, doar e fez boas acções na questão dos 613 Eitin [Aramaico: conselhos], pelos quais ser recompensado com o desejo de doar. Porém, é sabido que na medida do trabalho da pessoa, assim lhe é revelado do alto quão imersa ela está em amor próprio. Nessa altura, ela vê a verdade - não há maneira de ela sair do governo da vontade de receber e que todas suas preocupações sejam somente sobre trazer contentamento ao seu Fazedor e que em tudo aquilo que ela faça, ela queira que através das suas acções, ela venha fazer que Seu grande nome cresça e seja santificado.
Ela vê que tudo isto está longe dela. Finalmente, ela decide que não há jeito de que venha a alcançar este nível. Como resultado, ela diz, "Eu trabalhei em vão" e ela duvida do princípio. Nesse momento, ela é chamada "uma pecadora," "ímpia."
Nessa altura começa um prossessamento de ascensões, dado que cada vez, lhe é dado um despertar do alto e ela começa a fazer boas acções uma vez mais. E depois, novamente, uma descida. Tal é a ordem até que todo o mal dentro da pessoa venha à superfície. Nesse momento, ela ora para o Criador a ajudar pois então, também, ela deve acreditar acima da razão que no final, ela receberá ajuda do alto, ou seja que o Criador lhe dará o desejo de doar, que é chamado "uma segunda natureza," ou seja que ela sairá do governo da vontade de receber para si mesma e queira somente doar contentamento ao seu Fazedor.
Sucede-se que há três fases aqui:
1) No princípio do trabalho, quando ela começa a fazer boas acções, as más acções superam-a e depois ela é "ímpia."
2) Quando ela é recompensada com ajuda do alto, ou seja com o desejo de doar e começa a fazer boas acções em prol de doar. Nessa altura, ela é chamada "justo, que caminha nos caminhos do Rei superior." Mas antes que ele complete as suas vestes, ele abandona o mundo. Ele completa suas vestes para ele a partir das boas acções que esse pecador ímpio fez. Devemos interpretar que "Antes que ele complete as suas vestes, ele abandona o mundo" significando que antes que ele fabricasse as vestes do tempo em que ele era ímpio. "Abandona o mundo" significa que ele abandonou o mundo chamado "vontade de receber" e ascendeu para o nível do "desejo de doar."
Sucede-se que embora agora ele faça boas acções em prol de doar, essas acções e essas acções são boas, ele carece da completude em prol de corrigir os Kelim [vasos] que estavam na forma de "ponderar o princípio." Ele lhes chama "boas acções" porque somente aquelas boas acções que ele fez o fizeram fazer todos os esforços de modo a que o Criador o pudesse aproximar, ou seja a dar-lhe o desejo de doar.
Sucede-se que as acções sobre as quais houve o estado de "ponderar o princípio" foram agora corrigidas onde através delas, o desejo de doar agora foi revelado. É por isso que agora as acções - quando ele disse que duvidou do princípio - são agora boas acções, uma vez que agora seu benefício é aparente, nomeadamente que elas o fizeram fazer esforços para pedir ao Criador para o apxoimar, inversamente, ele vê que está perdido. Através delas, ele ascendeu para Kedushá [santidade].
Isto é como está escrito na "Introdução ao Livro do Zohar” (Item 140), “Todavia, por vezes os pensamentos prevalecem sobre a pessoa até que ela pondere sobre as boas acções que ela fez e diga, 'Que lucro há que tenhamos mantido o Seu comando e que tenhamos caminhado de luto ante o Senhor dos exércitos?' Nessa altura, ela se torna um ímpio completo e perde todas as boas acções que havia feito com este mau pensamento, pois elas completarão a correcção de todos os vasos de recepção, para que sejam somente em prol de doar contentamento ao Criador. Nesse momento, evidentemente veremos que todos esses castigos do tempo de descidas, que nos trouxeram a ponderar o princípio, nos purificaram uma vez que agora foram transformados em méritos. É por isso que aqueles que falam essas palavras são considerados 'Aqueles que temem ao Senhor e estimam o Seu nome.’”
Segundo o citado, podemos ver como as acções quando eles estavam num estado em que as más acções os superaram, quando disseram, 'Nós servimos ao Senhor em vão" e "caminhamos em lamento ante o Senhor dos exércitos," ou seja em desânimo por causa do Criador e todas essas coisas que experimentaram durante a descida, todas se juntam às boas acções e se tornam vestes para o justo que caminha nos caminhos do Rei superior. Assim que ele abandonou este mundo, ou seja o estado da recepção, para o mundo vindouro, chamado Biná, que é doação, agora ele tem boas acções somente de vasos de doação. Todavia, ele carece de plenitude, ou seja de acções que ele fez antes de ser recompensado com o mundo vindouro. Essas acções devem também entrar em Kedushá e não permanecer sem correcção. Este é o sentido das acções se tornarem vestes.
3) Sucede-se que o terceiro estado é quando as boas acções que ele se lamentava já se juntaram. Ou seja, ele chegou ao estado de ponderar o princípio. Depois de ter abandonado este mundo, ou seja a vontade de receber e ter recebido o mundo vindouro, ou seja Biná, que é o desejo de doar e assim que ele tem o desejo de doar vem o terceiro estado, nomeadamente que as acções que foram perdidas para ele por ele ter duvidado do princípio agora se juntam como boas acções.
Segundo o citado, podemos entender o que está escrito, "Os ímpios vão preparar e os justos vão usar." Isto se refere às boas acções que a pessoa fez e pelas quais ela foi recompensada com a revelação do alto que lhe mostrou o mal nele, mas que foi ocultado porque "Aquele que é maior que seu amigo, seu desejo é maior que ele." Por outras palavras, não é mostrado mais mal à pessoa que aquele que ela é capaz de corrigir. Significa isto que o bem e o mal devem estar equilibrados. Inversamente, se a pessoa vir todo o mal nela antes de ela ser boa, essa pessoa fugirá à campanha e dirá que este trabalho não é para ela.
Acontece que somente segundo o seu trabalho em fazer boas acções, que ela quer fazer, chamado "todas suas obras serão pelo bem do Criador," isto é chamado "boas acções." Mas se a pessoa trabalha para seu próprio benefício, isto é chamado "más acções," uma vez que o benefício pessoal é chamado "receber para si mesmo" e está em disparidade de forma com o Criador.
Sucede-se que estas acções o removem do Criador. As boas acções que a pessoa faz, querendo alcançar Dvekut com o Criador, a fazem ver a verdade cada vez, que na verdade, ela está longe do Criador em termos de disparidade de forma, ao ponto que por vezes ela chega a um estado em que diz que é impossível que ela tenha força para derrotar a distância, que ela está tão longe do Criador, ao ponto dela duvidar do princípio.
Nossos sábios sobre isto disseram no Zohar, "Quando a pessoa estabeleceu boas acções mas más acções a superaram, então ela é ímpia." Isto significa que fazendo boas acções, lhe foi mostrado do alto que há mal nela e que ela é ímpia. Este é o sentido das palavras "mas más acções a superaram," ou seja que do alto lhe foram dadas más acções adicionais.
Este é o sentido das palavras, "Os ímpios vão preparar e os justos vão vestir." Por outras palavras, o facto das más acções terem crescido, pelas quais ele é chamado "ímpio," isto foi uma preparação para que ele soubesse que ninguém o pode ajudar senão o Próprio Criador. Sucede-se que essas más acções se tornaram as vestes que o justo veste assim que se tornou justo, ou seja depois de ele ter corrigido as suas acções, ou seja depois de ter sido recompensado com Dvekut com o Criador. Nessa altura, as causas, ou seja essas revelações do mal que ele teve, pelo qual ele é chamado "ímpio," agora recebem também correcção.
Há duas coisas a discernir aqui:
1) As boas acções que a pessoa faz, ou seja o esforço para alcançar um estado onde todas suas obras são pelo bem do Criador.
2) As más acções. Ele viu que por ele ter feito boas acções no passado, ele foi mais tarde notificado do alto que há más acções dentro dele, ou seja que dentro dele não há uma centelha de desejo para fazer tudo pelo bem do Criador e não pelo seu próprio bem. Isto é considerado "as boas acções que ele fez lhe causaram as más acções," tal como foi dito, "Quando uma pessoa estaleceu boas acções mas as más acções a superaram." E uma vez que ela chegou a um estado onde as más acções a fizeram chegar a um estado de ponderar o princípio, agora ambas se tornaram más acções, dado que ela perdeu todas as acções e elas foram incluídas nas más acções. Agora que ele foi recompensado em entrar na Kedushá, ou seja com o desejo de doar, elas foram todas corrigidas e tudo foi transformado em vestes de Kedushá.
Este é o sentido daquilo que ele diz, "Os ímpios vão preparar." Ou seja, o estado onde tudo se torna mau chegando ao estado de ponderar o princípio, mas sem os estados anteriores, ele não seria capaz de entrar em Kedushá. Sucede-se que "Os ímpios vão preparar," ou seja sem a preparação dos dois supracitados discernimentos, onde tudo se torna mau, que é chamado "ímpios," a partir disto "os justos vão vestir" se realiza.
Com isto vamos entender o que está escrito (na oração de conclusão), "E Tu desejas o arrependimento dos ímpios e Tu não tens desejo que morram. 'Eu não quero a morte do ímpio, mas em vez disso que o ímpio altere o seu caminho e viva.'" Significa isto que quando a pessoa faz boas acções, ou seja queira alcançar Dvekut com o Criador, lhe é mostrado do alto o mal dentro dela e ela alcança o grau de ímpio. Nessa altura, a pessoa quer fugir da campanha e diz que este trabalho não é para ela, uma vez que ela vê a verdade cada vez, que por natureza, a vontade de receber não consegue concordar que a pessoa a joge fora e tome no seu lugar o desejo de doar.
E quem lhe revelou este estado, de que ela é ímpia? Foi o Criador que o revelou a ela. A questão é, Por que é que o Criador a revelou a ela? Isso é para que ela morra ímpia? Mas o Criador não quer a morte do ímpio. Portanto, por que é que Ele revelou para ela que ela é ímpia? Isso é para que ela se arrependa, como está escrito, "que o ímpio altere o seu caminho e viva."
Por esta razão, a pessoa não deve ficar alarmada quando pensamentos estranhos vêm até ela, que não estão no espírito da Kedushá. A pessoa deve acreditar que o Criador lhe enviou a consciência de que ela é ímpia para que ela se possa arrepender, ou seja regressar à vontade do Criador, chamada "desejo de doar." Por outras palavras, a pessoa, também, venha a pedir ao Criador para lhe dar o desejo de doar, como explicamos, "Anula a tua vontade ante a Sua vontade," ou seja para que a pessoa anule a sua vontade de receber ante a vontade do Criador, que é o desejo de doar. Por outras palavras, a pessoa deve jogar e revogar a vontade de receber ante a vontade de doar, ou seja tomar o desejo de doar no seu lugar.
Assim acontece que durante as subidas, quando a pessoa frequentemente chega ao estado de desespero em que ela duvida do princípio, ela deve assumir sobre si mesma a fé e acreditar no Criador, que o Criador lhe envia estes pensamentos para que através deles ela se arrependa. Por outras palavras, a pessoa deve tentar assumir sobre si mesma o reino dos céus seja no tempo de subida como no tempo de descida.
Isto é como está escrito na "Introdução ao Livro do Zohar” (Item 202), “Rabi Elazar respondeu, ‘Certamente, este medo não deve ser esquecido em todas as Mitsvot, muito menos no Mitsvá do amor - medo deve estar anexo a ele, uma vez que o amor é bom por um lado, quando Ele lhe dá riqueza e abundância, longa vida, filhos e nutrições.' Nesse tempo, o medo deve ser despertado, para temer caso ele venha a pecar. Está escrito sobre isto, 'Feliz é aquele que está sempre temeroso.' Portanto a pessoa deve evocar o medo por outro lado, de duro julgamento. Sucede-se que o medo se apega a ambos os lados, o lado do bem e do amor e ao lado do duro julgamento."
Também aqui, devemos interpretar em semelhança, ou seja que a pessoa deve assumir o reino dos céus quer ela se sinta bem ao se engajar em Torá e Mitsvot, ou seja quer ela esteja num estado de subida, tempo durante o qual é chamado "O lado do bem" (ou seja um estado em que ela está feliz), ou do lado do duro julgamento (ou seja quando ela se sente mal). A pessoa deve acreditar no Criador, que Ele zela numa conduta de bem e fazer o bem. Ou seja, o estado no qual a pessoa se sente mal é também para o seu bem. Assim, durante as subidas ela deve assumir sobre si mesma a questão do temor.
Por esta razão, a pessoa deve ser cuidadosa durante a descida e pensar sobre quem lhe dá as descidas. Se ela acreditar que o Criador lhe deu a descida, então ela já está próxima do Criador, segundo a famosa regra, "No lugar em que a pessoa pensa, lá ela se encontra." Assim, quando ela pensa que o Criador lhe deu a descida, ela já está em contacto com o Criador.
Se ela acreditar nisto, nesta fé, quando ela pensa no Criador, essa conexão consegue levantá-la do estado de descida. Mas se a pessoa pensa em si mesma, de que ela está numa descida, então ela está numa descida junto com o seu corpo, uma vez que ela está apegada à pessoa que desce e não pensa no Criador e não mais tem qualquer conexão com o Criador.
Contudo, nós devemos entender por que o Criador lhe deu as descidas. Nós podemos entender isto através de uma alegoria. Dois estudantes vieram aprender uma arte de um artesão. Para um estudante, o professor não prestou atenção se ele trabalhava bem. Para o outro, ele continuamente comentava seus erros o dia inteiro. Esse estudante foi e contou ao seu pai, "Por que é que o professor grita comigo o dia inteiro de que eu não sei como trabalhar e para o outro, que trabalha pior que eu, ele nada diz? Deve ser que o seu pai lhe paga mais e é por isso que ele nunca o critica. Portanto, peço ao meu pai também para lhe pagar mais que os outros estudantes pagam e então o professor não verá os meus defeitos, tal como ele não critica aos outros estudantes."
Seu pai foi até ao professor e disse, "Por que não tens misericórdia do meu filho? Isso é porque não te pago tanto quanto as outras pessoas, logo tomas vingança sobre meu filho?" Então o professor disse para ele, "Sabe que de todos os estudantes, eu gosto somente do teu filho, uma vez que vejo que ele é dotado e pode ser uma estrela no mundo. É por isso que faço tais esforços com ele, uma vez que isso merece minha atenção, pois o meu trabalho não será desperdiçado. Quanto aos outros estudantes, eu os ensino mais no geral, uma vez que não são tão dotados como o teu filho. É por isso que o critico em todo o pormenor.
“Portanto, estás errado quando pensas que quero falhar ao teu filho por estar zangado contigo por me pagares pouco dinheiro. Sabe que se eu não te quisesse envergonhar ensinaria teu filho de graça, acredita, eu o ensinaria a troco de nada, uma vez que gosto dele e vale o meu tempo fazer todos os esforços que exerço nele."
A lição é que todas as descidas que o Criador dá para aqueles que querem caminhar no caminho da doação pelo bem do Criador, especificamente a eles o Criador presta atenção a como eles trabalham. Cada vez que a pessoa tenta fazer boas acções, o Criador lhe mostra os defeitos - quão imersa ela está no amor próprio e não consegue trabalhar pelo bem do Criador. Sucede-se que o criticismo que o Criador lhe mostra, de que suas acções são desadequadas, é porque o Criador vê que ela tenta trabalhar pelo bem do Criador, chamado "boas acções," então o Criador lhe mostra que elas não são correctas, tal como na alegoria.
Inversamente, para aqueles que trabalham na maneira do público geral, o Criador não lhes mostra criticismo, de que suas acções não estão em ordem, uma vez que eles são desadequados para o trabalho do particular. Sucede-se que quando o público geral trabalha e seus defeitos não são revelados, isso é porque não faz sentido.
Assim, a pessoa não se deve queixar quando o Criador lhe dá descidas, que lhe mostram que ela é ímpia. Isso não é porque ela é pior que as outras pessoas. Pelo contrário, lhe é dado tratamento pessoal, chamado "tratamento especial," uma vez que somente ela é adequada para entrar no trabalho sagrada. Portanto, a pessoa não deve dizer que agora ela vê que não está a ser tratada embora ela ore para o Criador a ajudar. Pelo contrário, ela deve acreditar que lhe é dado um tratamento especial uma vez que ela é digna deste trabalho de doação.
Sucede-se que ela não pode receber o bem do Criador, chamado "desejo de doar," antes que ela tenha uma verdadeira necessidade dele. Ou seja, quando ela vê que ela é ímpia, ela clama para o Criador, "Salva minha alma do submundo, pois eu vejo que estou total e absolutamente perdido."
Com isto podemos interpretar o que está escrito, "Não há um homem justo na terra que faça o bem e que não peque." Nós devemos explicar que "Não há um homem justo na terra" significando que é impossível ser justo e que o Criador o ajude, a menos que ele primeiro peque. Por outras palavras, primeiro ele deve chegar a um estado de pecado, ou seja ver, como está escrito no Zohar, que assim que ele tenha feito boas acções, as más acções o superam. Então ele clama para o Criador o ajudar, ele recebe ajuda do Criador e o Criador o liberta da mão do ímpio e ele se torna justo. Por outras palavras, o Criador lhe dá a segunda natureza, chamada "desejo de doar."