Artigo Nº 23, Tav-Shin-Mem-Hey,
1984-85
O Zohar (Tazria, item 1) questiona sobre o versículo,
“Sobre minha cama”: “Rabi Elazar começou, ‘Sobre minha cama à noite o procurei
a quem minha alma ama.’ Ele pergunta, ‘Lá diz, ‘Sobre minha cama.’ Devia ter
dito, ‘Na minha cama.” O que está ‘Sobre minha cama’? Responde ele, ‘A
assembleia de Israel falou ante o Criador e O questionou sobre o exílio, uma
vez que ela está sentada entre o resto das nações com seus filhos e se deita no
pó. E por ela estar deitada noutra terra, uma impura, disse ela, ‘Peço na minha
cama, pois estou deitada no exílio,’ e exílio é chamado ‘noites.’ Assim, ‘Eu o
procurei a quem minha alma ama,’ para me libertar dele.’”
É sabido que a assembleia de Israel
é Malchut, que contém todas as almas. É também sabido que todo o
homem é considerado um pequeno mundo, como está escrito no sagrado Zohar,
que o homem é composto das setenta nações do mundo. Isto corresponde às Sefirot,
onde cada Sefira [singular de Sefirot] é composta
de dez, portanto elas são setenta discernimentos. Elas são opostas à Kedusha [santidade],
pois há sete Sefirot de Kedusha e as setenta
nações das quais o homem é composto. Isto significa que cada nação tem um
prazer especial que lhe diz respeito a ela. O homem consiste de todos os
setenta prazeres que existem em geral nas setenta nações.
Dentro do homem está também Israel, que é o seu eu. Porém, ela é chamada um
“ponto no coração,” ou seja um ponto de escuridão. Isso significa que a Israel
nele não ilumina e ela é considerada Achoraim [dorso]. A razão
é que ela está no exílio debaixo do governo das setenta nações numa pessoa.
Elas têm a força para governar
sobre a Israel nela pelas perguntas que elas fazem a Israel quando ela quer
fazer alguma coisa pelo Criador, que é chamado de Yashar-El [direito
ao Criador]. Nessa altura elas a fazem entender que não é vantajoso trabalhar
(senão) somente pelo amor próprio. Mas a respeito de em prol de doar,
elas questionam “O quê,” “O que é este trabalho para ti,” que aprendemos
ser a pergunta dos ímpios. E se uma pessoa quer superar seu argumento, então a pergunta
de Faraó vem, que disse, “Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz?”
Se estas perguntas não funcionam
sobre uma pessoa da primeira vez, elas se repetem a si mesmas todo o dia, como
está escrito (Salmos, 42:11), “Com a matança de meus ossos meus adversários me
injuriam enquanto dizem para mim todo o dia, ‘Onde está teu Deus?’” e a pessoa não
consegue sair do seu governo. Elas degradam a Israel no homem para o pó, como
está escrito (Salmos 44), “Pois tua alma se dobrou para o pó; Nossa
barriga se apega ao pó.” Devemos interpretar que nossas almas se dobrarem
ao pó faz com que nossa barriga fique anexa ao solo.
A “barriga” são os nossos vasos de
recepção. Este é o sentido do ponto no coração estar no pó, que faz com que
nossos Kelim [vasos] tenham Dvekut [adesão]
somente com o mundanismo, que é amor próprio.
Mas se o reino dos céus fosse
honrado, certamente seríamos honrados se tivéssemos a chance
de servir ao Criador com alguma coisa. Consideraríamos até o mais pequeno
dos serviços uma fortuna. Por tal honra, seria vantajoso abdicar de todos os
prazeres que chegam até nós através do amor próprio. Este é o sentido daquilo
que dizemos na oração suplementar das Shalosh Regalim [Três
Peregrinações], “Nosso Pai, nosso Rei, mostra a glória do Teu reinado sobre
nós.” Ou seja, nós pedimos ao Criador que uma vez que o reino dos céus está
degradado e num estado de Shechina [Divindade] no pó, nós
queremos que o Criador nos mostre a importância e glória do reino dos céus e
então será nossa grande honra sermos recompensados com sair do amor próprio e
nos ser concedido o amor pelo Criador.
Este é o sentido daquilo que O
Zohar interpreta, “Assim, ‘Eu o procurei a quem minha alma ama,’ para
me libertar dele.” É sabido que o homem é composto de três almas: 1) uma alma
de Kedusha; 2) uma alma de Klipat [Klipa de]
Noga; 3) uma alma das três Klipot [plural de Klipa]
impuras. A alma de Kedusha ilumina somente como um pequeno
ponto. Portanto, a alma de Klipat Noga deve se conectar à alma
de Kedusha, como explicámos em artigos anteriores em nome de Baal
HaSulam. Mas uma vez que o principal operador é a alma de Klipat Noga—dado
que a alma das três impuras Klipot não pode ser corrigida e
somente a alma de Kedusha não precisa de ser corrigida por ser
sagrada—então todo o trabalho é com a alma de Klipat Noga.
Quando (um) realiza Mitzvot [boas
acções/correcções], Klipat Noga se junta a Kedusha.
Quando ele comete transgressões, a alma de Klipat Noga se
junta à alma das três impuras Klipot. Porém, a alma de Kedusha está
em Achoraim [dorso], ou seja que ela não ilumina e está em
humildade. É por isso que não nos queremos esforçar em fazer boas acções para
que a Klipat Noga se junte a Kedusha.
Portanto, “Na minha cama à noite o
procurei a quem minha alma ama,” para o trazer para fora dela, pois a alma
de Kedusha pertence à assembleia de Israel mas ela está
noutra, terra impura, pedindo daquele a quem minha alma ama para me tirar da
terra impura. Isto é, uma vez que a alma de Kedusha está em
humildade, a alma de Noga faz coisas que as três impuras Klipot querem.
Sucede-se que nessa altura, quando a alma de Kedusha tem de
sofrer o governo das Klipot impuras que governam nessa altura,
a alma de Kedusha pede para ser liberta deste exílio, chamado
de “noites.”
Está escrito lá em O
Zohar (item 9 no [comentário] Sulam): “Rabi Aha diz, ‘Nós
aprendemos que o Criador sentencia se uma gota é menino ou menina, como dizeis,
‘Uma mulher que primeiro insemina, dá à luz um menino.’ Portanto, a sentença do
Criador é redundante.’ Disse Rabi Yosi, ‘Certamente o Criador decide entre a
gota de um menino e a gota de uma menina. E por Ele a ter discernido, Ele
sentencia se ela vai ser menino ou menina.’”
Esta explicação está pouco clara.
Pois “Ele a discerniu, Ele sentencia se ela vai ser menino.” Por que precisa
Ele de sentenciar? Obviamente será menino ou menina? Ele interpreta lá na Sulam:
“Há três parceiros num homem: o Criador, seu pai e sua mãe. Seu pai dá o branco
nele; sua mãe, o vermelho nele; e o Criador dá a alma. Se a gota é um menino, o
Criador dá a alma de um menino. Se ela é menina, o Criador dá a alma de uma menina.
Sucede-se que quando a mulher primeiro insemina, a gota não se tornou ainda menino,
se o Criador não enviou para dentro dela uma alma de um menino. Este
discernimento que o Criador discerne numa gota, que ela é adequada para a alma
de um menino ou de menina, é considerado ‘o sentenciamento do Criador.’ Não
tivesse Ele discernido e não tivesse enviado uma alma de menino, a gota não se
teria tornado um menino. Portanto, as duas afirmações não se contradizem uma à
outra.”
Para entender tudo o citado no
trabalho devemos interpretar que todos os três parceiros estão numa pessoa.
“Seu pai e mãe” são as causas do nascimento de um filho. Seu “pai” é o menino,
chamado “homem” e “plenitude” pois menino é considerado plenitude. Seu pai dá o
branco pois “branco” é chamado “plenitude,” onde não há sujidade. Sua mãe é
chamada Nekeva [menina] e “mulher” e ela é chamada uma
“deficiência,” dado que Nekev [buraco] significa deficiência
[carência] e é chamada “vermelho.” É como dizemos que quando há luz vermelha,
não se pode atravessar, que é chamada uma “barreira,” quando não se pode
avançar. O Criador dá a alma, uma vez que o homem pode fazer qualquer coisa,
mas o espírito da vida pertence ao Criador.
A ordem do trabalho é que o homem
deve dividir o dia de trabalho em dia e noite. “Dia” significa plenitude e
“noite” significa deficiência. Em prol de um filho nascer e ter uma longa vida,
esse filho precisa de nascer pelo seu pai e mãe, uma vez que o pai dá a
brancura e, considerado o “homem menino” e sua mãe dá-lhe a carência,
considerada a “mulher feminina.” A plenitude e a deficiência devem ser pois uma
pessoa precisa de receber alimentação para o seu sustento e então consegue ela
trabalhar. Similarmente, aqui no trabalho do Criador, uma pessoa deve receber
nutrição espiritual e então consegue ela ver o que precisa de ser corrigido.
Inversamente, sem nutrição, ela não tem a força para trabalhar e nós recebemos
nutrição somente na plenitude.
Portanto, podemos suscitar
plenitude enquanto nos envolvemos em Torá e Mitzvot [mandamentos],
pois então não examinamos quanto nos estamos a esforçar para manter Torá
e Mitzvot, para os fazermos perfeitamente e sem defeitos, ou seja
nos examinarmos para ver se estamos bem ou não. Em vez disso, nessa altura, nós
examinamos os próprios Torá e Mitzvot ou seja esses Torá
e Mitzvot que mantemos. Devemos pensar sobre o dador da Torá,
pois abençoamos, “Abençoado sejas tu o Senhor, Dador da Torá.” Com as Mitzvot nós
dizemos, “Que nos santificou com Suas Mitzvot,” ou seja para saber
que mantemos as Mitzvot do Criador.
Deste modo, precisamos de
considerar a importância do dador e derivamos disto vitalidade e alegria por
merecer observar aquilo que Ele nos mandou, a alguma medida. Nessa altura
devemos dizer que embora o trabalho ainda não seja “observação concreta,” em prol
de doar de todas as maneiras, devemos acreditar que há pessoas para quem não
ocorreu na mente ou que venham a manter a Torá e Mitzvot até o
mais pequeno pedaço. Mas para nós o Criador nos deu um desejo e vontade de
manter um pouco, ou seja com pouco entendimento, mas afinal alguma coisa
fazemos, enquanto às pessoas não têm sequer esse alguma coisa. Quando prestamos
atenção a isto, recebemos vitalidade e nutrição.
Isto é chamado “seu pai dá o
branco,” tal como dissemos que plenitude é chamada “brancura,” onde não há
sujidade. Há ganho a dobrar aqui: 1) Deste modo ele recebe exaltação por estar
aderido ao Pleno, ou seja ao Criador e devemos acreditar que aquilo que Ele dá
é plenitude. Plenitude faz o homem inteiro, fazendo-o sentir-se pleno, também.
Naturalmente, ele dá nutrição disto, para que ele possa viver e persistir e
então ter a força para fazer a obra sagrada. 2) De acordo com a importância que
ele adquire durante a obra da plenitude, ele mais tarde terá espaço para sentir
a deficiência em respeito ao seu trabalho, que não é verdadeiramente puro. Isto
é, nessa altura ele pode descrever para si mesmo quanto está ele a perder pela
sua negligência no trabalho, pois ele pode comparar entre a importância do
Criador e sua própria humildade e isto lhe dará energia para trabalhar.
Todavia, a pessoa também se deve corrigir
a si mesmo, ou ele permanecerá no escuro e não verá a verdadeira luz que brilha
nos Kelim [vasos] que são adequados para isso, chamados “vasos
de doação.” A correcção dos Kelim é chamada Nukva,
deficiência, quando ele trabalha sobre corrigir suas deficiências. Isto é
considerado “Sua mãe dar o vermelho.” Isto é, nessa altura ele vê a luz
vermelha, que são as barreiras no seu caminho, que o previnem de alcançar a
meta.
Então chega o tempo da oração, uma
vez que o homem vê as medidas do trabalho que ele tem em termos de “mente e
coração” e como ele não progrediu no trabalho da doação. Ele também vê como o
seu corpo é fraco, que ele não tem grandes poderes para ser capaz de superar
sua natureza. Por esta razão, vê ele que se o Criador não o ajudar, ele está
perdido, como está escrito (Salmos 127), “Se o Senhor não construir a casa,
aqueles que a construíram trabalharam em vão.”
A partir dessas duas, ou seja da
plenitude e da deficiência, que são o “pai e a mãe,” sucede-se que o Criador é
aquele que o ajuda, dando-lhe uma alma, que é o espírito da vida. E então nasce
o recém-nascido. Foi por isso que disseram nossos sábios, “Há três parceiros
num homem.” O recém nascido que nasceu é considerado descendente
sustentável, ou seja que ele tem uma longa vida. Inversamente, se ele não
tiver a alma que o Criador lhe dá, esse recém-nascido é chamado de “abordo,” ou
seja que ele é insustentável e “cai do seu grau.” Devemos saber que o Criador
quer dar, como explicado em vários lugares que “a luz superior não pára de
iluminar,” mas nós precisamos de Kelim que sejam adequados
para receber.
Portanto, há dois discernimentos
que precisamos de fazer naquilo que depende da preparação do homem, uma vez que
há duas forças no homem: 1) forças de recepção, 2) forças de doação. Nós
precisamos de corrigir essas duas forças para que elas trabalhem em prol de
doar. A força de doação numa pessoa é chamada “homem” e a força de recepção
numa pessoa é chamada “mulher,” “menina.” Inseminar significa que uma pessoa
faz um esforço em prol de obter alguma coisa. Por exemplo, quando uma pessoa
precisa de trigo, ela semeia trigo. Isto significa que seu trabalho vai
produzir trigo. Se ela precisar de batatas ela semeará batatas. Ou seja, ela se
esforça de acordo com a espécie que ele quer e é isto que ele obtém.
É semelhante no trabalho do
Criador. Se ele quiser corrigir os vasos de doação, chamados “menino,” “homem,”
que é chamado “Se o homem primeiro inseminar,” ou seja que seu pensamento
inicial é de corrigir os vasos de doação, então ela “dá à luz uma menina,” como
é sabido que há uma relação inversa de Kelim e luzes, uma vez
que a “luz feminina” é chamada Katnut [pequenez/infância].
“Se a mulher primeiro inseminar,”
ou seja que ele quer corrigir os vasos de recepção para que eles trabalhem em
prol de doar, então “ela dá à luz um filho,” ou seja luz masculina, que é a luz
de Gadlut [maturidade/grandeza]. “E o Criador dá a alma.” O
Criador distingue sobre a gota, ou seja sobre o trabalho do homem, de que
espécie foi seu “semear,” ou seja preparação. Isto é, se ele quiser que seus
vasos de recepção trabalhem em prol de doar então o Criador lhe dá uma alma de menino,
chamada “Neshama [alma] de Gadlut.” Se ele é
considerado “homem,” ou seja que quer somente que seus vasos de doação
trabalhem em prol de doar, ele recebe do Criador a luz de Katnut,
chamada “menina.”
Artigo Nº 23, Tav-Shin-Mem-Hey,
1984-85
O Zohar (Tazria, item 1) questiona sobre o versículo, “Sobre minha cama”: “Rabi Elazar começou, ‘Sobre minha cama à noite o procurei a quem minha alma ama.’ Ele pergunta, ‘Lá diz, ‘Sobre minha cama.’ Devia ter dito, ‘Na minha cama.” O que está ‘Sobre minha cama’? Responde ele, ‘A assembleia de Israel falou ante o Criador e O questionou sobre o exílio, uma vez que ela está sentada entre o resto das nações com seus filhos e se deita no pó. E por ela estar deitada noutra terra, uma impura, disse ela, ‘Peço na minha cama, pois estou deitada no exílio,’ e exílio é chamado ‘noites.’ Assim, ‘Eu o procurei a quem minha alma ama,’ para me libertar dele.’”
É sabido que a assembleia de Israel é Malchut, que contém todas as almas. É também sabido que todo o homem é considerado um pequeno mundo, como está escrito no sagrado Zohar, que o homem é composto das setenta nações do mundo. Isto corresponde às Sefirot, onde cada Sefira [singular de Sefirot] é composta de dez, portanto elas são setenta discernimentos. Elas são opostas à Kedusha [santidade], pois há sete Sefirot de Kedusha e as setenta nações das quais o homem é composto. Isto significa que cada nação tem um prazer especial que lhe diz respeito a ela. O homem consiste de todos os setenta prazeres que existem em geral nas setenta nações.
Dentro do homem está também Israel, que é o seu eu. Porém, ela é chamada um “ponto no coração,” ou seja um ponto de escuridão. Isso significa que a Israel nele não ilumina e ela é considerada Achoraim [dorso]. A razão é que ela está no exílio debaixo do governo das setenta nações numa pessoa.
Elas têm a força para governar sobre a Israel nela pelas perguntas que elas fazem a Israel quando ela quer fazer alguma coisa pelo Criador, que é chamado de Yashar-El [direito ao Criador]. Nessa altura elas a fazem entender que não é vantajoso trabalhar (senão) somente pelo amor próprio. Mas a respeito de em prol de doar, elas questionam “O quê,” “O que é este trabalho para ti,” que aprendemos ser a pergunta dos ímpios. E se uma pessoa quer superar seu argumento, então a pergunta de Faraó vem, que disse, “Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz?”
Se estas perguntas não funcionam sobre uma pessoa da primeira vez, elas se repetem a si mesmas todo o dia, como está escrito (Salmos, 42:11), “Com a matança de meus ossos meus adversários me injuriam enquanto dizem para mim todo o dia, ‘Onde está teu Deus?’” e a pessoa não consegue sair do seu governo. Elas degradam a Israel no homem para o pó, como está escrito (Salmos 44), “Pois tua alma se dobrou para o pó; Nossa barriga se apega ao pó.” Devemos interpretar que nossas almas se dobrarem ao pó faz com que nossa barriga fique anexa ao solo.
A “barriga” são os nossos vasos de recepção. Este é o sentido do ponto no coração estar no pó, que faz com que nossos Kelim [vasos] tenham Dvekut [adesão] somente com o mundanismo, que é amor próprio.
Mas se o reino dos céus fosse honrado, certamente seríamos honrados se tivéssemos a chance de servir ao Criador com alguma coisa. Consideraríamos até o mais pequeno dos serviços uma fortuna. Por tal honra, seria vantajoso abdicar de todos os prazeres que chegam até nós através do amor próprio. Este é o sentido daquilo que dizemos na oração suplementar das Shalosh Regalim [Três Peregrinações], “Nosso Pai, nosso Rei, mostra a glória do Teu reinado sobre nós.” Ou seja, nós pedimos ao Criador que uma vez que o reino dos céus está degradado e num estado de Shechina [Divindade] no pó, nós queremos que o Criador nos mostre a importância e glória do reino dos céus e então será nossa grande honra sermos recompensados com sair do amor próprio e nos ser concedido o amor pelo Criador.
Este é o sentido daquilo que O Zohar interpreta, “Assim, ‘Eu o procurei a quem minha alma ama,’ para me libertar dele.” É sabido que o homem é composto de três almas: 1) uma alma de Kedusha; 2) uma alma de Klipat [Klipa de] Noga; 3) uma alma das três Klipot [plural de Klipa] impuras. A alma de Kedusha ilumina somente como um pequeno ponto. Portanto, a alma de Klipat Noga deve se conectar à alma de Kedusha, como explicámos em artigos anteriores em nome de Baal HaSulam. Mas uma vez que o principal operador é a alma de Klipat Noga—dado que a alma das três impuras Klipot não pode ser corrigida e somente a alma de Kedusha não precisa de ser corrigida por ser sagrada—então todo o trabalho é com a alma de Klipat Noga.
Quando (um) realiza Mitzvot [boas acções/correcções], Klipat Noga se junta a Kedusha. Quando ele comete transgressões, a alma de Klipat Noga se junta à alma das três impuras Klipot. Porém, a alma de Kedusha está em Achoraim [dorso], ou seja que ela não ilumina e está em humildade. É por isso que não nos queremos esforçar em fazer boas acções para que a Klipat Noga se junte a Kedusha.
Portanto, “Na minha cama à noite o procurei a quem minha alma ama,” para o trazer para fora dela, pois a alma de Kedusha pertence à assembleia de Israel mas ela está noutra, terra impura, pedindo daquele a quem minha alma ama para me tirar da terra impura. Isto é, uma vez que a alma de Kedusha está em humildade, a alma de Noga faz coisas que as três impuras Klipot querem. Sucede-se que nessa altura, quando a alma de Kedusha tem de sofrer o governo das Klipot impuras que governam nessa altura, a alma de Kedusha pede para ser liberta deste exílio, chamado de “noites.”
Está escrito lá em O Zohar (item 9 no [comentário] Sulam): “Rabi Aha diz, ‘Nós aprendemos que o Criador sentencia se uma gota é menino ou menina, como dizeis, ‘Uma mulher que primeiro insemina, dá à luz um menino.’ Portanto, a sentença do Criador é redundante.’ Disse Rabi Yosi, ‘Certamente o Criador decide entre a gota de um menino e a gota de uma menina. E por Ele a ter discernido, Ele sentencia se ela vai ser menino ou menina.’”
Esta explicação está pouco clara. Pois “Ele a discerniu, Ele sentencia se ela vai ser menino.” Por que precisa Ele de sentenciar? Obviamente será menino ou menina? Ele interpreta lá na Sulam: “Há três parceiros num homem: o Criador, seu pai e sua mãe. Seu pai dá o branco nele; sua mãe, o vermelho nele; e o Criador dá a alma. Se a gota é um menino, o Criador dá a alma de um menino. Se ela é menina, o Criador dá a alma de uma menina. Sucede-se que quando a mulher primeiro insemina, a gota não se tornou ainda menino, se o Criador não enviou para dentro dela uma alma de um menino. Este discernimento que o Criador discerne numa gota, que ela é adequada para a alma de um menino ou de menina, é considerado ‘o sentenciamento do Criador.’ Não tivesse Ele discernido e não tivesse enviado uma alma de menino, a gota não se teria tornado um menino. Portanto, as duas afirmações não se contradizem uma à outra.”
Para entender tudo o citado no trabalho devemos interpretar que todos os três parceiros estão numa pessoa. “Seu pai e mãe” são as causas do nascimento de um filho. Seu “pai” é o menino, chamado “homem” e “plenitude” pois menino é considerado plenitude. Seu pai dá o branco pois “branco” é chamado “plenitude,” onde não há sujidade. Sua mãe é chamada Nekeva [menina] e “mulher” e ela é chamada uma “deficiência,” dado que Nekev [buraco] significa deficiência [carência] e é chamada “vermelho.” É como dizemos que quando há luz vermelha, não se pode atravessar, que é chamada uma “barreira,” quando não se pode avançar. O Criador dá a alma, uma vez que o homem pode fazer qualquer coisa, mas o espírito da vida pertence ao Criador.
A ordem do trabalho é que o homem deve dividir o dia de trabalho em dia e noite. “Dia” significa plenitude e “noite” significa deficiência. Em prol de um filho nascer e ter uma longa vida, esse filho precisa de nascer pelo seu pai e mãe, uma vez que o pai dá a brancura e, considerado o “homem menino” e sua mãe dá-lhe a carência, considerada a “mulher feminina.” A plenitude e a deficiência devem ser pois uma pessoa precisa de receber alimentação para o seu sustento e então consegue ela trabalhar. Similarmente, aqui no trabalho do Criador, uma pessoa deve receber nutrição espiritual e então consegue ela ver o que precisa de ser corrigido. Inversamente, sem nutrição, ela não tem a força para trabalhar e nós recebemos nutrição somente na plenitude.
Portanto, podemos suscitar plenitude enquanto nos envolvemos em Torá e Mitzvot [mandamentos], pois então não examinamos quanto nos estamos a esforçar para manter Torá e Mitzvot, para os fazermos perfeitamente e sem defeitos, ou seja nos examinarmos para ver se estamos bem ou não. Em vez disso, nessa altura, nós examinamos os próprios Torá e Mitzvot ou seja esses Torá e Mitzvot que mantemos. Devemos pensar sobre o dador da Torá, pois abençoamos, “Abençoado sejas tu o Senhor, Dador da Torá.” Com as Mitzvot nós dizemos, “Que nos santificou com Suas Mitzvot,” ou seja para saber que mantemos as Mitzvot do Criador.
Deste modo, precisamos de considerar a importância do dador e derivamos disto vitalidade e alegria por merecer observar aquilo que Ele nos mandou, a alguma medida. Nessa altura devemos dizer que embora o trabalho ainda não seja “observação concreta,” em prol de doar de todas as maneiras, devemos acreditar que há pessoas para quem não ocorreu na mente ou que venham a manter a Torá e Mitzvot até o mais pequeno pedaço. Mas para nós o Criador nos deu um desejo e vontade de manter um pouco, ou seja com pouco entendimento, mas afinal alguma coisa fazemos, enquanto às pessoas não têm sequer esse alguma coisa. Quando prestamos atenção a isto, recebemos vitalidade e nutrição.
Isto é chamado “seu pai dá o branco,” tal como dissemos que plenitude é chamada “brancura,” onde não há sujidade. Há ganho a dobrar aqui: 1) Deste modo ele recebe exaltação por estar aderido ao Pleno, ou seja ao Criador e devemos acreditar que aquilo que Ele dá é plenitude. Plenitude faz o homem inteiro, fazendo-o sentir-se pleno, também. Naturalmente, ele dá nutrição disto, para que ele possa viver e persistir e então ter a força para fazer a obra sagrada. 2) De acordo com a importância que ele adquire durante a obra da plenitude, ele mais tarde terá espaço para sentir a deficiência em respeito ao seu trabalho, que não é verdadeiramente puro. Isto é, nessa altura ele pode descrever para si mesmo quanto está ele a perder pela sua negligência no trabalho, pois ele pode comparar entre a importância do Criador e sua própria humildade e isto lhe dará energia para trabalhar.
Todavia, a pessoa também se deve corrigir a si mesmo, ou ele permanecerá no escuro e não verá a verdadeira luz que brilha nos Kelim [vasos] que são adequados para isso, chamados “vasos de doação.” A correcção dos Kelim é chamada Nukva, deficiência, quando ele trabalha sobre corrigir suas deficiências. Isto é considerado “Sua mãe dar o vermelho.” Isto é, nessa altura ele vê a luz vermelha, que são as barreiras no seu caminho, que o previnem de alcançar a meta.
Então chega o tempo da oração, uma vez que o homem vê as medidas do trabalho que ele tem em termos de “mente e coração” e como ele não progrediu no trabalho da doação. Ele também vê como o seu corpo é fraco, que ele não tem grandes poderes para ser capaz de superar sua natureza. Por esta razão, vê ele que se o Criador não o ajudar, ele está perdido, como está escrito (Salmos 127), “Se o Senhor não construir a casa, aqueles que a construíram trabalharam em vão.”
A partir dessas duas, ou seja da plenitude e da deficiência, que são o “pai e a mãe,” sucede-se que o Criador é aquele que o ajuda, dando-lhe uma alma, que é o espírito da vida. E então nasce o recém-nascido. Foi por isso que disseram nossos sábios, “Há três parceiros num homem.” O recém nascido que nasceu é considerado descendente sustentável, ou seja que ele tem uma longa vida. Inversamente, se ele não tiver a alma que o Criador lhe dá, esse recém-nascido é chamado de “abordo,” ou seja que ele é insustentável e “cai do seu grau.” Devemos saber que o Criador quer dar, como explicado em vários lugares que “a luz superior não pára de iluminar,” mas nós precisamos de Kelim que sejam adequados para receber.
Portanto, há dois discernimentos que precisamos de fazer naquilo que depende da preparação do homem, uma vez que há duas forças no homem: 1) forças de recepção, 2) forças de doação. Nós precisamos de corrigir essas duas forças para que elas trabalhem em prol de doar. A força de doação numa pessoa é chamada “homem” e a força de recepção numa pessoa é chamada “mulher,” “menina.” Inseminar significa que uma pessoa faz um esforço em prol de obter alguma coisa. Por exemplo, quando uma pessoa precisa de trigo, ela semeia trigo. Isto significa que seu trabalho vai produzir trigo. Se ela precisar de batatas ela semeará batatas. Ou seja, ela se esforça de acordo com a espécie que ele quer e é isto que ele obtém.
É semelhante no trabalho do Criador. Se ele quiser corrigir os vasos de doação, chamados “menino,” “homem,” que é chamado “Se o homem primeiro inseminar,” ou seja que seu pensamento inicial é de corrigir os vasos de doação, então ela “dá à luz uma menina,” como é sabido que há uma relação inversa de Kelim e luzes, uma vez que a “luz feminina” é chamada Katnut [pequenez/infância].
“Se a mulher primeiro inseminar,” ou seja que ele quer corrigir os vasos de recepção para que eles trabalhem em prol de doar, então “ela dá à luz um filho,” ou seja luz masculina, que é a luz de Gadlut [maturidade/grandeza]. “E o Criador dá a alma.” O Criador distingue sobre a gota, ou seja sobre o trabalho do homem, de que espécie foi seu “semear,” ou seja preparação. Isto é, se ele quiser que seus vasos de recepção trabalhem em prol de doar então o Criador lhe dá uma alma de menino, chamada “Neshama [alma] de Gadlut.” Se ele é considerado “homem,” ou seja que quer somente que seus vasos de doação trabalhem em prol de doar, ele recebe do Criador a luz de Katnut, chamada “menina.”