Artigo Nº 29,
Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86
Encontramos quatro tipos
de pessoas que mantêm a Torá e Mitsvot [mandamentos]:
O primeiro tipo: Por
vezes uma pessoa observa o Shabat pois seu patrão a força. Ou seja, a regra é
que se uma pessoa tem um empregado que corrompe o Shabat, se ela disser ao seu
empregado, “Se não parares de corromper o Shabat eu vou despedir-te,” a regra é
que ele tem de dizer que vai observar o Shabat ou então ela o vai despedir do
seu emprego. E onde não há outros empregos, ele promete ao patrão observar o
Shabat. Sucede-se que ele observa o Shabat pois o patrão o obrigou.
Isto levanta a pergunta,
“De quem é o Shabat que ele observa? É o Shabat que o Criador ordenou
observar?” Respectivamente, está ele a manter as Mitsvot do
Criador ou as Mitsvot do patrão, uma vez que o patrão o
ordenou a observar o Shabat ou ele não terá sustento? Independentemente, de
acordo com a Halachá [Lei Judaica], ela é considerada
“observar o Shabat.”
A mesma regra se aplica
ao resto das Mitsvot. Podemos colocá-lo diferentemente: Se um pai
sabe que se ele disser ao seu filho que ele deve observar Torá e Mitsvot ou
ele não o vai apoiar, uma vez que o pai sabe que se ele não o apoiar ele não
terá sustento e de acordo com a Halachá, o pai tem de zelar que o
filho observe a Torá e Mitsvot, aqui, também, há a questão, “De
quem é a Torá que ele observa? É a do Criador que nos ordenou observar Torá e Mitsvot,
ou está ele a observar a Torá e Mitsvot de seu pai?”
Qualquer que seja o
caso, ele pertence às pessoas que observam Torá e Mitsvot. Estas
são as palavras de Maimónides (Hilchot De’ot, Capítulo 6): “Aquele
que repreende seu amigo primeiro, não falará duramente para ele.” De que se trata
isto? Trata-se de questões que dizem respeito entre o homem e homem. Contudo,
com questões Divinas, se ele não se arrepender secretamente, é envergonhado em
público e seu pecado é dado a conhecer. Ele é amaldiçoado na sua cara e é
denegrido e amaldiçoado até que se reforme.”
Aqui, também, há a
questão, “De quem são as Mitsvot que ele observa, aquelas do
Criador ou aquelas das pessoas que o amaldiçoam?” Porém, aqui, também, vemos
que no fim do dia ele é considerado “observar Torá e Mitsvot.” Ou
seja, quando consideramos a acção que ele realiza, descobrimos que nada há a
acrescentar à acção. A única questão diz respeito à intenção, ou seja à razão
que o obriga a observar a Torá e Mitsvot. Este é o primeiro tipo de
observação da Torá e Mitsvot.
O segundo tipo: Ele
observa Torá e Mitsvot devido à educação, uma vez que nasceu
num meio ambiente ortodoxo, ou não nasceu num meio ambiente ortodoxo mas mais
tarde entrou num e eles o influenciaram para observar Torá e Mitsvot.
A razão pela qual ele observa Torá e Mitsvot é que lhe foi
dito que com isto terá ele tanto a vida deste mundo como a vida do mundo
vindouro. Posteriormente ele começou a ver que as pessoas que são meticulosas
com a Torá e Mitsvot são respeitadas e valorizadas e viu como os
outros falam para tais pessoas que oram com mais entusiasmo e dedicam mais
tempo a estudar Torá. O respeito que elas recebem dá-lhe um impulso, isso é
combustível para ele e também ele, começa a orar com mais entusiasmo e é mais
meticuloso com cada mandamento e gesto. Com isto tem ele força para acrescentar
tempo para o estudo da Torá.
Este é já o segundo tipo
de observação da Torá e Mitsvot, uma vez que ele quer observar Torá
e Mitsvot por escolha, dado que entende que com isto o Criador
o recompensará por ele manter Seus mandamentos. Porém, ele soma outro nome para
a razão que o compromete a observar a Torá e Mitsvot. Isto é, o
respeito que ele vê que essas pessoas recebem que observam a Torá e Mitsvot mais diligentemente que as outras. Isso pode ser dinheiro ou qualquer coisa, mas há
outra razão pela qual ele deve observar Torá e Mitsvot.
Sucede-se que por um
lado ele é mais elevado que o primeiro tipo, uma vez que observa a Torá e Mitsvot do
Criador, dado que acredita no Criador. Isso é ao contrário do primeiro tipo,
que não acredita no Criador e observa Torá e Mitsvot a partir
do conhecimento, ou seja da punição, que o patrão o pode despedir e foi por
isso que ele assumiu sobre si mesmo observar Torá eMitsvot.
Todavia, o segundo tipo
foi educado para acreditar no Criador e observar Torá eMitsvot pois
o Criador nos ordenou a observar Torá e Mitsvot. A recompensa e
punição não estão no conhecimento. Em vez disso, ele deve acreditar na
recompensa e punição que o Criador é aquele que paga a recompensa, como
disseram nossos sábios (Avot, Capítulo 2, 21), “Podeis confiar no
teu senhorio que te pague pelo teu trabalho e sabei que a recompensa do justo
está no futuro.”
Portanto, ele deve
acreditar na recompensa e punição. Isto não é como no primeiro tipo. Eles não
têm de acreditar na recompensa e punição, mas a recompensa e punição estão como
que reveladas. Isto significa que se ele não obedecer ao patrão em observar a
Torá e Mitsvot, certamente será punido, ou seja que será despedido
e será deixado sem emprego.
Também, de acordo com as
supracitadas palavras de Maimónides que ele deve ser degradado, etc., aqui,
também, ele não precisa de acreditar na recompensa e punição pois sente o
sofrimento de ser perseguido para assumir sobre si mesmo observar a Torá e Mitsvot.
Isto é outra coisa pois ele na realidade observa o mandamento do patrão e não
por causa do mandamento do Criador, então é considerado somente sendo o
primeiro tipo de trabalho para o Criador.
No segundo tipo ele
observa os mandamentos do Criador mas acrescenta outra coisa, ou seja que
acrescenta outra razão de modo a ter combustível para observar a Torá e Mitsvot,
tal como honra ou dinheiro, ou outras coisas. Isto é, ele tem outras razões
pelas quais observa Torá e Mitsvot. Nas palavras de nossos sábios (Sucá 45b),
isto é chamado “Qualquer um que se junte a obra do Criador com outra coisa é
desenraizado do mundo, como se diz, ‘Somente pelo Senhor.’”
Devemos interpretar o
que significa juntar o Criador a outra coisa. De acordo com nosso caminho,
devemos interpretar que se ele receber outra razão que o obriga a observar a
Torá e Mitsvot, isso é considerado ser desenraizado do mundo, uma vez
que a razão que é a causa de observar Torá e Mitsvot deve ser
“somente pelo Senhor,” ou seja que ele observe a Torá e Mitsvot pois
esse é o mandamento do Criador, sem somar outra razão.
Portanto ocorre que o
principal defeito com a acção é que ele macula Lishma [pelo
Seu bem], uma vez que a observação de Mitsvot deve ser pois
ele trabalha e observa os mandamentos do Criador e por trabalhar e servir ao
Criador é por isso que mais tarde vem até ao Criador pedir que o recompense
pelo seu trabalho. Nessa altura lhe é dito, “Mas tu também trabalhaste para
outros, então tiveste outros que te obrigaram a trabalhar para eles. Ide até
eles para que te paguem a recompensa do trabalho que fizeste para eles.”
Isto é semelhante a
alguém que trabalha para a Dan [Empresa de transportes israelita] e pede um
salário à EGED [uma empresa diferente de transportes]. Eles não querem pagar o
seu salário uma vez que ele não trabalhou para eles. É semelhante aqui. Quando
uma pessoa exige que o Criador a recompense pelo seu trabalho, lhe é dito,
“Trabalhaste para as pessoas, para que elas te dêem honra ou dinheiro. Vai até
elas para que te paguem.” E certamente, elas lhe pagam. À medida do seu trabalho,
ele é bem respeitado.
Ocorre que ao juntar o
Criador a outra coisa, ou seja que as pessoas, também, o comprometem a
trabalhar, com isso ele macula a Lishma. É por isso que isto é
considerado somente o segundo tipo e este trabalho ainda não é completo,
perfeito e limpo.
O terceiro tipo: ele
trabalha somente para o Criador e não para as pessoas. Ele trabalha
humildemente e ninguém sabe quanto ele ora e quanto ele aprende. Portanto, não
podemos dizer que ele trabalha para pessoas de fora de todo, para que lhe dêem
algo pelo seu trabalho. Em vez disso, ele trabalha somente para o Criador, ou
seja que a única razão que o obriga a observar a Torá e Mitsvot é
que ele quer manter a vontade do Criador.
Todavia, ele só trabalha
por uma recompensa. É como disse Maimónides, “Para que nenhumas calamidades
venham até ele e para receber recompensa neste mundo,” ou seja para que o
Criador lhe dê saúde, sustento e contentamento dos filhos, etc., ou para que
Ele lhe dê o mundo vindouro. Esta é a razão que lhe dá combustível para que ele
possa fazer a obra sagrada. Por esta razão, este trabalho é considerado Lishma,
uma vez que a razão que o faz observar Torá e Mitsvot é
somente o Criador, ou seja que ele trabalha somente para o Criador e não soma
outras coisas a isso.
Ou seja, ele não tem
outra razão que o cause observar a Torá e Mitsvot. Isto é
considerado o terceiro tipo pois ele não tem desejo de trabalhar para ninguém;
somente para o Criador. Mas a razão que o obriga a observar os mandamentos do
Criador é o medo da punição, ou amor, ou seja o amor da recompensa.
Isto é como está escrito
na Sulam [comentário sobre O Zohar] (“Introdução
para o Livro do Zohar,” item 190): “Há uma pessoa que teme ao Criador para que
seus filhos vivam e não morram, ou que teme uma punição corpórea, ou uma
punição ao seu dinheiro, assim ela sempre O teme. Sucede-se que o temor que ela
teme do Criador não é colocado como raiz, pois seu próprio benefício é a raiz e
o temor é o resultado dele. E há uma pessoa que teme ao Criador por temer a punição
daquele mundo e a punição do Inferno. Esses dois tipos de temor, temor da
punição neste mundo e temor da punição no mundo vindouro, não são a essência do
temor e sua raiz.”
Por esta razão, uma vez
que não são principalmente pelo temor aos céus, discernimentos isto como o
terceiro tipo. Acontece que este trabalho é chamado Lishma, uma vez
que ele trabalha para o Criador e não para os outros, também. Ou seja, ele não
tomou mais ninguém para quem trabalhar, ou seja para outros, para que os outros
o respeitem. Em vez disso, ele vem até ao Criador com a queixa que “Uma vez que
tenho trabalhado somente para Ti e mais ninguém sabe o que eu fiz ao observar a
Torá e Mitsvot pois tenho trabalhado humildemente, então só
está certo que Tu me devas recompensar pelo meu trabalho.”
Deste modo devemos
interpretar aquilo que nossos sábios disseram, “Aquele que dá uma pedra para a
caridade para que seus filhos vivam é um justo completo.” Por que o Criador nos
ordenou a dar caridade, nós damos. Ocorre que em respeito a dar não há
deficiências aqui, uma vez que ele observa o Mitsvá [mandamento]Lishma,
ou seja pelo Criador e não há ninguém a obrigá-lo a dar caridade.
Em vez disso, ele pede
recompensa do Criador, que Ele pague pelo Mitsvá que ele
observa e lhe pague pelo trabalho que ele deu somente pelo Criador e não para
mais alguém. Ou seja, não é como o segundo tipo, onde ele combinou com outra
pessoa, ou seja com pessoas do mundo exterior que o causassem observar e ser
meticuloso ao observar Torá e Mitsvot.
É como dizem eles (Pesachim,
8a), “O Tania, que diz, ‘Esta pedra é para a caridade, para que seus filhos
viviam, ou para que eu vá para o mundo vindouro,’ então ele é um completo
justo.” Interpreta RASHI “ele é um completo justo” nisto. Eles não disseram que
ele trabalha Lo Lishma, mas que ele manteve o mandamento do
seu Criador, que o ordenou a dar caridade e até se ele tencionar o seu próprio
prazer, para ser recompensado com o mundo vindouro ou para que seus filhos
vivam.
Significa isto que
embora ele peça a recompensa por observar o Mitsvá, ou seja para
que seus filhos vivam ou porque ele quer a recompensa do mundo vindouro por
este Mitsvá, ele é um justo. O facto de ele querer o mundo vindouro
também é considerado querer recompensa, tal como para que seus filhos vivam. É
como as citadas palavras do sagrado Zohar, “Quer ele queira uma
recompensa neste mundo ou no mundo vindouro em troca pelas Mitsvot,
isso não é considerado temor essencial,” uma vez que seu próprio benefício é a
causa para observar as Mitsvot e não o Criador. Ainda assim dizem
nossos sábios aqui, “Ele é um justo completo.” Isso é como interpreta RASHI,
que “uma vez que ele observa as Mitsvot do seu Criador, que o
mandou dar caridade e também tenciona para seu prazer pessoal, portanto ele é
chamado de ‘justo completo.’”
Isto é como explicamos,
que por ele trabalhar devido ao Criador o ter ordenado a observar a Torá e Mitsvot
e ele não tem ninguém que o obrigue a observar Torá e Mitsvot, isto
é chamado Lishma, como interpretou RASHI acima. É como na supracitada
alegoria, ou seja que ele trabalha para Reuvén mas pede o salário de Shimon.
Isto certamente é chamado LoLishma, pois ele trabalhava para outros
ao mesmo tempo, que é chamado Lo Lishma, e também “o segundo
tipo.”
(Escutei que há aqueles
que tentam explicar nossos sábios, que disseram, “Aquele que diz, ‘esta pedra é
para a caridade, para que meus filhos vivam,’ ele é um completo justo.” Afinal,
ele vai ao encontro das condições de observar o Mitsvá. Portanto,
eles tentam dizer que isso foi escrito nas iniciais, “ele é um JC.” Posteriormente,
quando eles escreveram em palavras explicitas, transformaram o JC em Justo
Completo. Todavia, estavam errados ao interpretar as iniciais, uma vez que Tzadi-Gimel
[Tzadik Gamur(Justo Completo)] significa Tzedacá Gedolá [Grande
Rectidão/Caridade] e não Tzadik Gamur [Justo Completo]. Todavia,
provavelmente não foi este o caso, uma vez que naõ conseguem explicar o outro
versículo, que diz, “Ou que eu tenha o mundo vindouro,” dado que pelo “mundo
vindouro” ele também visa se agradar a si mesmo, o mesmo que em “para que meus
filhos vivam,” como nas citadas palavras do sagrado Zohar.)
Porém, o terceiro tipo
significa que ele trabalha pelo Criador, como o Criador nos ordenou através de
Moisés a observar Torá e Mitsvot e nós pedimos a recompensa Dele,
uma vez que trabalhamos somente para Ele, devido ao mandamento do Cridaor e não
para mais ninguém. É por isso que é chamado Lishma. Todavia, esse é
somente o terceiro tipo.
O quarto tipo observa Torá e Mitsvot não em prol de receber recompensa. É como
disseram nossos sábios (Avot, Capítulo 1, 3), “Antigonos, Homem de
Socho, recebeu de Shimon o Justo. Diria ele, ‘Não sejam como servos que servem
o mestre em prol de receber recompensa, mas sejam como serviços que servem o
mestre não em prol de receber recompensa e deixai que o temor aos céus esteja
sobre vós.’”
Significa isto que isso
é especificamente não em prol de receber recompensa que é considerado “pelo
Criador,” como conclui ele e diz, “e deixai que o temor aos céus esteja sobre
vós.” Significa isto que o verdadeiro temor aos céus é especificamente em Lishma [pelo
Seu bem] sem qualquer recompensa. Isto é, ele não tenciona pela
auto-gratificação, mas sua única intenção é trazer contentamento ao Criador.
Isto é considerado “Lishma limpa,” sem qualquer mistura de
auto-gratificação. Isto é chamado o “quarto tipo.”
Porém, conhecemos a
pergunta, “É o Criador deficiente que precise das criaturas que trabalhem
somente para Ele e não de todo para si mesmas, mas somente para o Criador sem
uma migalha de auto-gratificação? E se elas querem desfrutar do seu trabalho,
também, este trabalho é desqualificado e não aceite no alto comoMitsvá que
seja digno de ser recebido pelo Rei? Por que se deve o Criador importar que o
homem também tenha algum prazer no trabalho?”
A resposta é que isto é
pois precisa de haver equivalência de forma de modo a que não haja o pão da
vergonha. A regra é que o ramo quer se assemelhar à sua raiz e tal como o
Criador é o dador, quando uma pessoa tem de receber de alguém ela sente-o como
desagradável. Sucede-se que a restrição e ocultação sobre nossos vasos de
recepção para que não trabalhemos em prol de receber recompensa foram feitas a
nosso favor.
Inversamente, seria
impossível ter escolha. Isto é, o homem nunca seria capaz de fazer e manter a
Torá e Mitsvot em prol de doar, uma vez que o homem não seria
capaz de superar o prazer que ele provou na Torá e Mitsvot, não
fosse a restrição e ocultação, como é sabido que quanto maior o prazer, mais
difícil é abdicar dele.
Por esta razão, nos
foram dados prazeres corpóreos onde há somente luz muito ténue, a que o sagrado Zohar chama
“fina luz,” que caiu para as Klipot na hora da quebra dos
vasos. Também, as centelhas de divindade foram somadas a elas depois do pecado
da árvore do conhecimento quando pecou Adam HaRishon. Estes são os
prazeres que todos os seres criados perseguem. Todas as guerras, matanças,
furtos e assim por diante, que existe no mundo são pois cada um aspira receber
prazer.
Estamos destinados a
superar estes prazeres e receber tudo pelo Criador. Mas uma pessoa que vê quão
difícil é sair do amor próprio e abdicar dos pequenos prazeres. Por esta razão,
não fosse a Tzimtzum [restrição], tivesse o verdadeiro prazer
que existe na Torá e Mitsvot sido revelado, não há dúvida que
não seriam capazes de abdicar dos prazeres e dizer que ele observa Torá e Mitsvot pois
ele quer trazer contentamento ao Criador.
Porém, o homem não
consegue concordar observar Torá e Mitsvot sem qualquer prazer
por causa da nossa natureza, de que nascemos com um Kli [vaso] chamado
“desejo de receber deleite e prazer,” então como pode ele trabalhar sem
qualquer recompensa?
Todavia, nos foi dado um
lugar sobre o qual conseguimos trabalhar sem qualquer recompensa. Isto é, até
se ainda não tivemos um sabor da Torá e Mitsvot devido à Tzimtzum,
há um conselho, que é trabalhar na grandeza do Criador, quão privilegiados somos ao servirmos ao Rei.
Isto, temos na nossa
natureza, que o menor se anula ante o maior. Nós temos a força e motivação para
trabalhar para o maior, a quem a geração considera o mais importante e
venerável no mundo. À medida da sua importância, desfrutamos de o servir. Este
prazer é permitido receber pois desfrutar de dar não é considerado doar em prol
de receber, pois doar em prol de receber significa que ele deseja
especificamente uma recompensa pelo serviço que ele lhe presta.
Respectivamente, se ele
trabalhar numa fábrica e souber que o dono gosta que todos sejam produtivos e
qualquer um que produza mais que o habitual dá ao dono grande alegria.
Portanto, ele tenta produzir mais que os outros trabalhadores de modo a
deleitar o dono. Porém, posteriormente ele quer que o dono o recompense por o
tentar agradar. Isto é considerado que por um lado ele dá, mas por outro lado
ele quer recompensa. Isto é chamado “doar em prol de receber recompensa.”
Isto assim não é se uma
pessoa servir ao rei e diz para o rei, “Eu não quero coisa alguma em troca pelo
serviço pois desfruto do próprio serviço e não preciso de receber qualquer
recompensa, uma vez que sinto que qualquer coisa que me dês pelo serviço que
faço para ti vai macular meu serviço. Tudo o que quero é o serviço. Não me dês
qualquer recompensa e este é o meu prazer, pois é uma grande honra para mim ser
recompensado com servir ao rei.”
É claro que ele não
consegue dizer que está a doar em prol de receber, uma vez que ele não quer
receber coisa alguma em troca. E por que ele não quer? Isso é porque ele deriva
grande prazer de servir ao rei. Sucede-se que isto é considerado “doar em prol
de doar a uma pessoa importante” e uma pessoa mede a importância do rei de
acordo com a medida da sua alegria de servir ao rei, uma vez que quando mais o
rei é importante, mais ela desfruta, pois ela não é como aquele que serve o
maior da cidade, ou o maior do país, ou o maior do mundo.
Isto é considerado
verdadeira doação. Ou seja, ele desfrutar de dar em si mesmo, uma vez que o
ponto principal de doar foi pelo propósito da equivalência de forma. Isto é,
tal como o Criador é o dador, também as criaturas querem ser dadoras e devemos
certamente dizer que o Criador desfruta da Sua doação.
Sucede-se que se as
criaturas doarem sobre o Criador e Ele não derivar alegria, ainda não há
equivalência de forma aqui, dado que o Criador desfruta quando Ele dá aos
inferiores. Significa isto que a alegria resulta da acção de doação e se temos
de receber algo em troca pela acção, então estamos a macular a acção e a dizer
que não há plenitude na acção. Em vez disso, para ter plenitude temos de somar
algo, ou seja algo em troca pela acção, enquanto a acção em si não é assim tão
importante.
Mas a verdade é que se
quisermos fazer uma acção de doação sobre o Criador devemos tentar desfrutar
pois a alegria de uma acção de doação diz respeito à acção. Isto assim é pois
toda e cada coisa que uma pessoa queira fazer e que é importante para ela, ela
dá-lhe prioridade de a fazer primeiro. E a medição pela qual a pessoa escolhe o
que é mais importante é que aquela na qual tem mais prazer.
Assim sucede-se que se
um quiser valorizar o trabalho que ele faz pelo Criador, ele consegue
valorizá-lo somente ao receber grande alegria. Isto é, se ele conseguir tentar
derivar grande alegria então ele já consegue saber que está a dar grande contentamento
ao Criador ao dar ao Criador quando observa Seus mandamentos.
Ou seja, se um homem
desejar doar contentamento sobre o Criador e não souber o que ele pode dar ao
Criador que O deleite. Por esta razão, quando nos é revelado que Ele nos deu
Torá e Mitsvot e se os observarmos Ele terá alegria, certamente
estamos felizes de que agora sabemos o que fazer por Ele. Portanto vemos que
nos foi dada a bênção de fazer enquanto observamos Torá e Mitsvot, e
enquanto dizemos, “Abençoado sejas Tu o Senhor, Dador da Torá.”
Está escrito nas Mitsvot que
Lhe agradecemos por nos dar, por exemplo, o Mitsvá daSucá [a
cabana da Festa dos Tabernáculos]. Por exemplo, todos estamos felizes que Ele
nos instrua a fazer aquilo que O vai deleitar e não precisamos de procurar
coisas que venham a deleitar ao Criador. Mas a questão é, como podemos aumentar
nosso prazer enquanto realizamos as Mitsvot?
Resposta: Há somente uma
maneira, de tentar alcançar a grandeza do Criador. Isto é, em que tudo aquilo
que fazemos na Torá e Mitsvot, queremos que nossa recompensa seja a sensação da grandeza
do Criador e que todas as nossas orações devem ser para “levantar a Shechina [Divindade]
do pó,” uma vez que o Criador está escondido de nós devido à Tzimtzum que
tomou lugar e não conseguimos valorizar Sua importância e grandeza.
Portanto, nós oramos
para o Criador remover Sua ocultação de nós e para levantar o mérito da Torá.
Como dizemos nas Dezoito Orações de RoshHashaná [serviço do
Ano Novo], “Certamente, dai a glória ao Teu povo.” Isto é, “Dai a glória do
Senhor ao Teu povo,” para que eles sintam a glória do Rei.
Por esta razão um sempre
se deve tentar lembrar da meta enquanto estuda Torá, para que sempre esteja na
frente dos seus olhos o que ele quer receber do estudo, que o estudo lhe
conceda a grandeza e importância do Criador. Também, enquanto observa as Mitsvot,
de não se esquecer da intenção pela qual ele mantém as Mitsvot. Graças
a isto o Criador levantará a ocultação sobre a espiritualidade dele e ele
receberá uma sensação de grandeza do Criador.
Porém, é trabalho duro
observar Torá e Mitsvot com a intenção de deste modo ser
recompensado com a aproximação do Criador, de obter a grandeza do Criador para
que ele Lhe traga contentamento por causa da importância do Criador, que esta
seja sua recompensa e que ele não tem qualquer desejo de qualquer outra
recompensa por este trabalho. O corpo não concorda trabalhar com esta intenção.
O sagrado Zohar(Nasso,
itens 102-104) diz, “Fortes homens deambulam de cidade em cidade e não são
perdoados. O banimento da multidão misturada está entre eles e em muitos
lugares lhes são dadas somente rações. Portanto, onde estiveram não haverá
subida para sua queda, nem sequer momentaneamente. E todos os sábios e fortes
homens que temem o pecado estão afligidos, pressionados e em mágoa. Eles são considerados
como cães, crianças pesadas contra fino ouro, como são eles considerados jarras
de barro em toda a rua, etc. Estes da multidão misturada são ricos, pacíficos,
alegres, sem tristeza ou aflição que se pareça, ladrões e subornadores e são os
juízes, as cabeças (chefes) do povo.”
Vemos nas palavras de O
Zohar que ele distingue entre sábios e fortes homens que temem o
pecado e juízes e chefes do povo, que são considerados a multidão misturada.
Diz ele que os sábios e fortes homens que temem o pecado estão afligidos e
agitados, enquanto os juízes e chefes do povo são ricos, pacíficos e alegres.
Por quê? Porque eles são a multidão misturada.
Devemos entender o
sentido da multidão misturada, que por serem a multidão misturada eles têm
alegria e paz. Vemos que no argumento que Jacó teve com Esau, Esau disse para
Jacó, tenho quanto baste e Jacó respondeu, “Eu tenho tudo.” Precisamos de
entender a diferença entre quanto baste e tudo.
É sabido que a SefiraYesod é
chamada “tudo,” que ela é considerada YesodTzadik[justo], como
dizemos na oração, “Para Ti, Senhor é a grandeza, a força, a grandiosidade,
eternidade e esplendor.” Isso assim é pois “tudo” é Yesod e o justo,
chamado Yesod, só dá. A SefiraYesod dá a Malchut,
como é sabido e como está escrito no sagrado Zohar. Significa isto
que o grau de Yesod é Tzadik, que nada recebe para
si mesmo, mas que todas suas obras são em prol de doar.
Certamente, quando uma
pessoa começa a obra de ser justa, ou seja de não receber qualquer recompensa
para si mesma e trabalhar somente em prol de doar contentamento sobre seu
Fazedor, o corpo discorda e dá-lhe obstáculos. Ele faz tudo o que poder para interferir
com seu trabalho. Nessa altura uma pessoa é afligida constantemente e não tem
paz com a situação em que se encontra pois ela vê que ainda não chegou a ser
dadora sobre o Criador. Em vez disso, tudo aquilo que ela faz é ainda sem a
habilidade de o direccionar em prol de doar.
Ela está sempre afligida
com isso por causa da tristeza da Shechina, chamado de “Shechina no
exílio.” Ela está em sofrimento que pelo amor próprio tem ela força para trabalhar,
mas onde ela vê que sua vontade de receber não terá coisa alguma ela é
negligente no trabalho.
Sucede-se que passado
algum tempo de se esforçar no trabalho e querer ver alguma proximidade ao Criador,
ela sente cada vez mais a verdade acerca de si mesma: de que ela está
verdadeiramente afastada do Criador. Ou seja, em respeito à equivalência de
forma, tal como em, “Como Ele é misericordioso, tu, também, és misericordioso,”
ela é o oposto. Anteriormente ela pensava que queria trazer contentamento ao
Criador e que haveria alegria nisto. Ela esperava que receberia pelo seu
trabalho a recompensa deste mundo, bem como a recompensa do mundo vindouro. Mas
agora vê ela que está impotente para trabalhar pelo Criador, mas que tudo é em
prol de receber para si mesma e não de todo para doar.
Aquilo que ela agora vê
é que ela é pior que quando começou a obra. Quando ela começou a obra no
terceiro tipo, ela não tinha alegria e paz e sabia e acreditava que cada dia
suas posses se acumulavam numa grande soma, dado que cada dia quando ela faz
boas acções, a recompensa de cada Mitsvá é registada na sua
conta. Essa fé a causou alegria e paz pois ela viu que avançava no trabalho, ou seja
que suas posses cresciam todo e cada dia.
Mas agora que ela se
afastou do terceiro tipo e começou a obra do quarto tipo, que é trabalhar não
em prol de receber recompensa, ela está afligida e pressionada pois ela se
examina a si mesma com vasos de doação de quanto ela já adquiriu deste Kli.
Nessa altura vê ela o
oposto, que cada dia enquanto se esforça e quer alcançar proximidade ao
Criador, ou seja ter um desejo de doar, ela vê a verdade, que cada dia ela se
tornou mais e mais afastada. De acordo com aquilo que disse Baal HaSulam, por
que é que um vê que ele se está a tornar mais e mais afastado, uma vez que cada
dia ele faz boas acções e respectivamente, as acções deveriam o ter aproximado?
Disseram nossos sábios, “Eu
criei a inclinação do mal, Eu criei para ela a Torá como tempero.” Portanto,
por que é que aquele que começou a obra de doação vê que está a tornar-se pior
cada dia? Ele diz que assim não é, que na verdade, ele não está a regredir cada
dia como pensa. Em vez disso, cada dia ele está a avançar. A razão de ver que
se tornou pior é que primeiro ele precisa de ver a falsidade e mal e então
podem elas ser corrigidas.
Mas quando uma pessoa
simplesmente quer bloquear um buraco ou uma racha num edifício e pensa que o
buraco e racha têm vinte centímetros de amplitude e trabalha e labuta e
finalmente vê que há mais vinte para tapar. Sucede-se que enquanto ela não vir
a verdadeira deficiência ela trabalha em vão, ou seja que não corrige coisa
alguma.
A lição é que uma pessoa
pensa que tem, por exemplo, um quilograma de mal e ela quer concertá-lo. Ela
começa a concertar, mas então vê que há outro quilograma de mal. Sucede-se que
ela não corrigiu coisa alguma. Mas se ela vir a medida completa de mal nela e
então a concerta, isto é chamado de “correcção completa.”
Foi por isso que Baal
HaSulam disse que cada dia quando ela se envolve no trabalho em prol de doar ela se
aproxima mais da verdade, ou seja de ver o tamanho do mal nela. Numa casa
escura é impossível ver que há sujidade e lixo lá. Mas se você levar alguma luz
para o interior então pode ver onde estão a sujidade e o lixo.
Similarmente, quando uma
pessoa começa a se envolver na Torá e Mitsvot em doação, a
Torá e Mitsvotiluminam para ela cada vez mais, para ver a verdade
sobre o tamanho do mal nela. Sucede-se portanto que cada dia ela anda em frente
até que alcance o mal completo dentro dela. Então, quando nos começarmos a
corrigir, uma correcção completa é feita, para que posteriormente ela possa
colocar nos seusKelim [vasos] o deleite e prazer que o Criador
contemplou dar às criaturas, tal como está escrito que o propósito da criação é
de fazer o bem às Suas criações.
Descobrimos esta questão
no êxodo do Egipto. O sagrado ARI disse que na altura do êxodo do Egipto,
Israel estavam em 49 portões de Tuma’a [impureza], até que o
Rei dos Reis apareceu para eles e os redimiu. Todos questionam sobre isto:
Poderá ser que o povo de Israel, que escutaram a missão do Criador de Moisés e
de Aarão, a quem Ele enviou para libertar do exílio no Egipto, tal como
interpreta o sagrado ARI, que o exílio no Egipto significa que a visão de Kedusha [santidade]
estava em exílio. Moisés e Aarão prometeram ao povo de Israel que sairiam do
exílio e entrariam em Kedusha. É como dizemos na leitura da Shemá [Ouve],
“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egipto para ser teu Deus.”
Respectivamente, isso
serve para afirmar que cada dia eles deviam ter subido de grau em grau emKedusha,
especialmente que viram as dez pragas que ocorreram no Egipto. Ainda assim, diz
o sagrado ARI que no tempo do êxodo do Egipto o povo de Israel estava em 49
porões de Tuma’a.
Porém, cada dia eles
ascenderam no grau da verdade e se aproximaram de ver a medida de mal que
tinham nos vasos de recepção. Isto é, antes de Moisés e Aarão virem até eles
lhes dizer que tinham de sair do exílio no Egipto, que é a Klipa [casca/pele]
que suga daKedusha, tal como diz o sagrado ARI, o povo de Israel começou
a se afastar deles. Nessa altura a Klipa do Egipto começou a
combatê-los com forças poderosas.
Ou seja, a Klipa do
Egipto deixou o povo de Israel ver que não era vantajoso sair da auto-recepção.
E a respeito da obra da doação, deixou-os ver que era difícil e que não era
vantajoso trabalhar para nada, que eles não seriam recompensados com isso de qualquer modo, uma vez que isso requer forças especiais. E quanto mais o povo
de Israel recebeu o fortalecimento de Moisés e Aarão, mais a Klipa do
Egipto veio e os enfraqueceu.
Foi tanto assim que cada
vez que superaram o argumento dos Egipcíos que entrou nas suas mentes, para que
pudessem ver que não era o argumento do Egipto, mas para que o povo de Israel
pensasse que estes pensamentos eram dos próprios Israel. Isto é chamado “Qualquer
um que seja maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele.”
Significa isto que à
medida do seu fortalecimento em Kedusha, a essa medida as Klipotse
fortaleceram contra eles. À medida do poder do desejo de fugir, a essa medida o
outro lado tem de mostrar mais poder de modo a mantê-lo no seu domínio, para
que eles não fujam.
Sucede-se que de facto,
o povo de Israel se aproximou de Kedusha cada dia e a
evidência disto é que se é dito que estavam nos 49 portões de Tuma’a,
isso é porque já haviam ascendido através de 49 portões de Kedusha,
assim teve de haver o oposto da Kedusha, os 49 portões de Tuma’a.
Porém, antes que uma
pessoa complete a obra e saia do domínio das Klipot[cascas/peles], ela
não vê a medida da sua entrada em Kedusha. Tudo o que ela vê é que
cada vez ela está mais longe pois o oposto de Kedusha revela o
mal nela e antes que haja luz de Kedusha, uma pessoa não consegue
ver a verdadeira forma de mal nela. Tal como acima dito, precisamente onde há
luz podemos ver a sujidade que está na casa.
Assim acontece que um
não consegue saber o que ele considerava como bom estado. Ou seja, pode ser que
uma pessoa sinta que está numa descida, ou seja que ela vê que não tem desejo
pela Torá e Mitsvot. Ela vê que agora tem mais paixão pelo amor próprio
que, por exemplo, ontem. Portanto, uma pessoa deve provavelmente dizer que
ontem ela estava num estado onde considerava as pessoas que se preocupavam com
questões corpóreas, com satisfazerem sua vontade de receber, ela ficava
afastada delas e não conseguia ver adultos inteligentes a se degradarem a si
mesmos para estarem em estado tão baixo.
Mas agora ela vê que ela
é uma delas e que não tem vergonha de sentir a sua humildade. Em vez disso, é uma
coisa comum para ela, como se ela nunca tivesse pensado sobre a
espiritualidade. Mas o entendê-lo melhor, vamos tomemos como exemplo, quando
uma pessoa se tem de levantar antes do amanhecer. Quando ela é desperta pelo
despertador ou por uma pessoa, ela sente que tem de se levantar para servir ao
Criador. Ela começa a sentir a importância da questão e portanto se levanta rapidamente
por causa da sensação da importância de servir ao Criador lhe dar força para se
levantar rapidamente.
Indubitavelmente, nessa
altura ela está num estado de ascensão. Ou seja, não é a corporalidade que lhe
dá força para trabalhar, mas para ela a espiritualidade, esta sensação de que
agora ela terá contacto com o Criador, seja qual for a maneira, é suficiente
para lhe dar força para trabalhar e ela não pensa em coisa alguma senão no
Criador. Ela sente que agora é considerada como viva, mas sem espiritualidade
ela é considerada morta. Naturalmente, ela sente que está num estado de
ascensão.
Na verdade, uma pessoa
não consegue determinar seu estado, de ela sentir que está afastada. Ou seja,
se ela é uma pessoa que deseja caminhar no caminho da doação, ela deve entender
que do alto lhe é dado um tratamento especial, que ela foi baixada do estado
anterior para que começasse realmente a contemplar a meta, ou seja o que é
exigido do homem e o que o homem quer que o Criador lhe dê. Mas quando ela está
num estado de ascensão, quando ela tem desejo pela Torá e Mitsvot, ela
não tem necessidade de se preocupar com a espiritualidade. Em vez disso, ela vê
que permanecerá deste modo sua vida inteira pois está feliz deste modo.
Portanto se sucede que a
descida que ela recebeu é para seu próprio bem, ou seja que ela está a receber
tratamento especial, que ela foi baixada do seu estado anterior onde ela
pensava que tinha alguma plenitude. Isto é aparente em ela concordar permanecer
no presente estado sua vida inteira.
Mas agora que ela vê que
está longe da espiritualidade, ela começa a pensar, “O que é realmente exigido
de mim? O que devo eu fazer? Qual é o propósito que devo alcançar?” Ela vê que
não tem poder para trabalhar e encontra-se a si mesma num estado de “entre os
céus e a terra.” Então, o único fortalecimento do homem é que somente o Criador
pode ajudar, mas ele sozinho, está condenado.
Foi dito sobre isto
(Isaías, 4:31): “Todavia aqueles que esperam pelo Senhor ganharão nova força,”
ou seja aquelas pessoas que esperam pelo Criador. Significa isto que elas vêem
que não há mais ninguém no mundo que as possa ajudar a ganhar novamente força
cada vez. Sucede-se que esta descida é na realidade uma ascensão, ou seja que
sua descida que eles sentem lhes permite subir em grau, uma vez que “não há luz
sem um Kli.”
Sucede-se que quando ele
pensava que estava num estado de ascensão, onde não tinha desejo no qual o
Criador poderia colocar alguma coisa, uma vez que seu Kli estava
cheio e não havia espaço lá para colocar alguma coisa no interior. Mas agora
que ele se sente num estado de descida, começa a ver suas deficiências e as
razões principais que interrompem sua concretização de Dvekut com
o Criador. Nessa altura sabe ele que ajuda pedir ao Criador pois ele vê a
verdade, o verdadeiro obstruidor.
De acordo com o citado,
sucede-se que um não consegue dizer que o Criador o afastou da obra do Criador
e a prova disto é que ele está num estado de descida, ou seja que o Criador o
jogou fora da obra e não o deixa trabalhar para Ele. Pelo contrário, por o
Criador o querer aproximar, quando ele sentia que estava numa ascensão, Ele não
o conseguia aproximar pois ele não tinha Kelim.
Em prol de lhe dar Kelim,
o Criador teve de o tirar do seu estado e o admitir num estado onde ele se
sinta deficiente. Então o Criador lhe pode dar ajuda do alto, tal como disseram
nossos sábios, “Aquele que vem para se purificar é ajudado. Questiona o sagrado Zohar,
‘Com o quê?’ E responde ele, ‘Com uma sagrada alma.’” Ou seja, estão a fazê-lo
sentir que a alma é uma parte de Deus no alto e então entra ele naKedusha.
Nessa altura pode ele avançar de grau em grau até que complete sua alma em
respeito a aquilo que ela precisa de corrigir.
Portanto se sucede que
no primeiro tipo. A razão e causa de observar a Torá e Mitsvotsão
as pessoas do exterior. No segundo tipo, o Criador juntamente com as pessoas do
exterior o comprometem à Torá e Mitsvot. No terceiro tipo, somente
o Criador o compromete a observar Torá e Mitsvot. Pessoas no
exterior não o comprometem, mas ele mesmo também causa Torá eMitsvot. No
quarto tipo, somente o Criador é a causa da observação da Torá e Mitsvot
e não há outro parceiro, que participe em o comprometer à Torá e Mitsvot.
Isto é chamado “somente o Senhor” e isto é chamado "somente para o Senhor”
e isto é chamado “multidão misturada dentro da Kedusha.”