Artigo Nº 6, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86
Está escrito no sagrado Zohar
(Toldot, itens 122-125): “Rabi Elazar começou e disse, ‘Feliz é o homem
cuja força está em Ti, feliz é o homem que se fortalece no Criador e coloca sua
confiança Nele.’ Podemos interpretar confiança tal como fez Hananias, Misael e
Azarias, que confiaram e disseram, ‘Se assim for, nosso Deus …’ ou seja que
eles confiaram que o Criador os libertaria da fornalha. Mas ele diz que isso
assim não é. Em vez disso, vinde e vede, se Ele não os libertar e o Criador não
se tornar um para eles, Seu nome não será santificado aos olhos de todos. Mas
depois deles saberem que não falaram adequadamente, eles reafirmaram, ‘Mas até
se Ele não o fizer, que isso seja sabido por ti, Ó Rei.’ Isto é, eles disseram
que quer Ele os salve ou não salve, deveis saber que não nos dobraremos aos
ídolos.’
“Porém, um não deve confiar e dizer, ‘O
Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará isto e aquilo por mim.’ Em vez disso, deve
ele colocar a sua confiança que o Criador o ajude, tal como deve ser quando ele
se esforça nas Mitsvot [mandamentos] da Torá e se esforça para
caminhar no caminho da verdade. E quando um se vem para purificar, é ele
ajudado. Nisso, deve ele confiar que o Criador o ajude. ele deve colocar sua
confiança Nele e não confiar em mais ninguém senão Ele. Está escrito sobre
isto, ‘Sua força está em Ti.’
“‘Trilhos nos seus corações’ significa que
um deve estabelecer o seu coração adequadamente, para que nenhum pensamento
estranho possa entrar nele. Em vez disso, seu coração será como esse trilho que
é construído para passar através dele para todo o lugar que seja necessário,
para a direita e para a esquerda. ‘E seu coração será sincero,’ ou seja que
quer o Criador lhe faça o bem ou o contrário, seu coração estará pronto e
corrigido para nunca questionar o Criador sob quaisquer circunstâncias.
“Outra coisa: ‘Feliz é o homem cuja força
está em Ti.’ É como dizeis, ‘O Senhor dará força ao Seu povo,’ ou seja Torá. ‘Sua
força está em Ti’ significa que um se deve envolver na Torá pelo bem do
Criador, ou seja a Shechina [Divindade], que é chamada ‘Nome’
pois qualquer um que se envolva na Torá e não se esforce em Lishma [pelo
Seu bem], era melhor para ele não ter sido criado. ‘Trilhos nos seus corações’
é como dizeis, ‘Levantai um cântico por Aquele que monta nas pradarias, cujo
nome é o Senhor,’ ou seja exaltar Aquele que monta nas pradarias.
“Também, ‘Trilhos nos seus corações’
significa que um se deve envolver na Torá com a meta de exaltar o Criador e O
fazer respeitado e importante no mundo, ou seja direccionar seu coração para
que seu envolvimento na Torá atraia abundância de conhecimento para ele e para
o mundo inteiro, para que o nome do Criador cresça no mundo, como está escrito,
‘E a terra estará cheia do conhecimento do Senhor.’ Então as palavras, ‘E será
o Senhor Rei sobre toda a terra’ se tornarão realidade.”
De acordo com o citado, é difícil entender
a confiança que o sagrado Zohar interpreta para nós e diz, “Porém,
um não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará isto e
aquilo por mim,’” uma vez que vemos que se alguém pede ao seu amigo para lhe
fazer um favor, se essa pessoa é sua amiga e sabe que ele tem um coração
bondoso então ela confia nele até se ele não fizer como ela lhe pede, como está
escrito, “Um não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’”?
Outro ponto perplexo é que ele diz, “Ele
deve colocar sua confiança … nenhum outro senão Ele.” Está escrito sobre isso,
‘Sua força está em Ti.’” Precisamos de entender isto, dado que por um lado ele
diz que ele não deve dizer que o Criador o salvará, ou seja que deve haver confiança
até se Ele não o salvar, como Hananias. Nesse caso, como podemos falar da
dúvida, de que ele não deve confiar em nenhum outro, que significa que outro
certamente virá ajudar e o salvará?
Isto é, é como se houvesse alguém que o
pudesse salvar de certeza e é por isso que há uma proibição sobre confiar em
alguém além do Criador, embora ele não saiba se Ele o vai salvar. Como pode ser
dito que há alguém que o pode salvar? Ele trás o exemplo de Hananias, Misael e
Azarias e lá, como pode ser dito que eles não devem confiar uns nos outros,
como se houvesse alguém no mundo que os pudesse salvar da fornalha? Pode isto
ser dito?
Para entender as palavras do sagrado Zohar primeiro
precisamos de nos lembrar do propósito da criação, ou seja que há uma meta da
parte do Criador, que o Criador desejou da Criação. E também, há um propósito
da parte das criaturas, ou seja o propósito que as criaturas têm de alcançar, que podemos dizer que elas vieram para seu propósito, ou seja a razão pela qual
elas foram criadas.
É sabido que da perspectiva do Criador, a
meta é que Ele deseja deleitar Suas criações. Foi por isso que Ele criou as
criaturas, de modo a lhes conceder deleite e prazer. E uma vez que Ele quer que
o benefício que Ele lhes dá seja completo, Ele fez uma correcção que antes que
as criaturas possam receber em prol de doar, elas não podem receber qualquer
abundância, chamada “deleite e prazer.” Isto assim é pois a natureza do ramo é
de se assemelhar a sua raiz. E porque a raiz das criaturas é doar sobre as
criaturas, quando as criaturas se envolvem na recepção elas sentem
desagradabilidade.
Assim, uma correcção foi feita, chamada Tzimtzum [restrição]
e Masach [tela], onde somente com estas podem as criaturas
receber em prol de doar e então podem elas desfrutar do deleite e prazer que
estavam no pensamento da criação. O propósito das criaturas é que elas têm de
alcançar Dvekut [adesão], chamada “equivalência de forma.”
Isto é, tal como o Criador deseja deleitar Suas criaturas, as criaturas devem
também chegar a um estado onde seu único desejo é doar sobre o Criador.
Por esta razão, aqueles que querem entrar
no caminho da verdade, para alcançar Dvekut, se devem acostumar a
si mesmos a fazer todo o pensamento, palavra e acção a ter a meta de trazer
contentamento ao Criador através das Mitsvot que eles fazem e
na Torá na qual eles se envolvem. Eles não devem considerar o que podem receber
do Criador por quererem agradar a Ele. Isto é, eles não devem pensar, “O que me
dará o Criador,” ou seja que eles possam extrair da autoridade do Criador para
a sua própria. Isto os faria criar duas autoridades: uma autoridade do Criador
e uma autoridade das criaturas, que é o oposto da Dvekut, pois Dvekut significa
unificação, quando duas coisas se tornam uma quando se unem uma com a outra.
Inversamente, duas autoridades é
separação. Esta recepção quando elas pensam em si mesmas, em receber alguma
coisa do Criador para sua própria autoridade, as torna mais separadas do que
elas estavam até agora.
Com isto entendemos as palavras do sagrado Zohar que
foram ditas sobre o versículo, “Pecado é uma desgraça para qualquer povo, uma
vez que “Todo o bem que eles fazem, eles fazem para eles mesmos.” Isto levanta
a pergunta, “Por que não é suficiente dizer que eles não estão a ser
recompensados quando se envolvem em acções de misericórdia, ou seja quando
doam, fazem o bem, uma vez que sua intenção não está na acção de misericórdia
mas em vez disso na recompensa que vão receber em troca, que é chamada “para
eles mesmos”? Isto é, eles se envolvem em misericórdia não com a meta de
fazerem o bem ao outro, mas em vez disso apontam para que o bem que fazem pelo
outro lhes traga alguma recompensa. Não faz diferença se é dinheiro ou honra,
desde que recebam recompensa para sua vontade de receber.
Porém, devemos entender que isto significa
que dizer “pecado” implica que seria melhor se eles não fizessem a misericórdia.
Pode isto ser dito? Afinal de contas não é crime fazer misericórdia, então por
que é isso considerado um pecado?
De acordo com aquilo que explicámos sobre
as pessoas que desejam caminhar no caminho da verdade, ou seja para serem
recompensadas com Dvekut com o Criador, que aspiram pela
equivalência de forma, quando elas estão em “senta-te e nada faças,” elas não
exigem coisa alguma para seus vasos de recepção. Logo, elas nada fazem para as
afastar do Criador.
Mas quando elas realizam uma acção de
misericórdia, elas pedem ao Criador que lhes dê certa recompensa para seus
vasos de recepção. Portanto, elas pedem algo que as virá a separar do Criador.
É por isso que a misericórdia é considerada um pecado (mas isto não se refere à
Torá e Mitsvotpois a respeito da Torá e Mitsvot, disseram
nossos sábios, “Um sempre se deve envolver em Torá eMitsvot Lo Lishma [não
pelo Seu bem] pois de Lo Lishma nós chegamos a Lishma [pelo
Seu bem]”).
Todavia, de acordo com a regra de que é
impossível fazer coisa alguma sem prazer, como podemos trabalhar em prol de
doar e não receber qualquer recompensa para nossa própria autoridade, mas em
vez disso nos anularmos para Ele e cancelarmos nossa própria autoridade para
que somente a autoridade singular permaneça, nomeadamente a autoridade do
Criador? Quais são os combustíveis que nos darão a força para trabalharmos para
que possamos trabalhar em prol de doar?
O combustível que dá força para trabalhar
deve vir de servir ao Rei e de acordo com a importância do Rei, uma vez que o
Criador colocou um poder na natureza que nós derivamos grande prazer de
servirmos a uma pessoa importante. Portanto, o homem sente prazer de acordo com
a importância do Rei. Isto é, se ele sente que serve um grande Rei, a essa
medida seu prazer cresce. Desta forma, quanto mais o Rei é importante, mais ele
desfruta do seu trabalho.
O prazer que ele recebe de servir ao Rei é
que quanto maior o Rei, mais ele quer se anular perante Ele. Sucede-se que todo
o deleite e prazer que ele recebe não entra na autoridade do homem, mas em vez disso ele quer se anular perante o Rei à medida da grandeza e importância do Rei. Logo, há somente uma autoridade aqui, chamada “autoridade singular.”
Mas quando ele quer receber alguma
recompensa do Rei pelo seu trabalho então tem ele duas autoridades separadas
uma da outra. Sucede-se que onde o homem devia alcançar Dvekut com
o Criador, ele alcança separação do Criador, que é o completo oposto da meta
que as criaturas devem alcançar.
Acontece que a razão que lhe dá força para
trabalhar é somente que ele possa doar sobre o Rei. Mas antes de ele ter
alcançado um estado onde sinta a grandeza do Criador, ele está em guerra com o
corpo pois ele não concorda trabalhar sem recompensa e não consegue trabalhar
por causa do grande prazer de servir ao Rei pois ele não o sente, uma vez que
carece da sensação da grandeza do Rei. Tanto quanto o mais, isso é porque ele
carece de fé, ou seja de acreditar que há um Rei no mundo.
Disseram nossos sábios (Avot,
Capítulo 2), “Conhecei o que está acima de vós. O olho vê e a orelha escuta e
todas vossas obras estão escritas no livro. Quando ele tem fé de que há um
supervisor no mundo, os cálculos da Sua grandeza e importância começam. Quando
ele tem fé que há um supervisor no mundo, sua fé lhe trás a sensação da
importância até se ele não considerar a grandeza do Criador. Ainda assim, ele
já tem a força para trabalhar em servir ao Criador.”
Todavia, uma vez que ele carece de fé e
tem somente fé parcial (ver “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot,” item 14), quando
ele quer trabalhar em prol de doar, o corpo prontamente vem e grita alto, “Estás
louco?! Tu queres trabalhar sem pagamento e dizes que queres servir ao Rei, que
é em si mesmo uma grande recompensa. Isto diz respeito a aqueles que sentem o
Rei e de quem o Rei examina cada movimento que eles fazem. Eles podem dizer que
trabalham pois é um grande privilégio servir ao Rei, mas não tu!”
Isto causa a guerra da inclinação: por
vezes ele supera o corpo e outras vezes o corpo o supra. Ele diz para o corpo: “O
facto de não sentir a grandeza do Rei é tua culpa pois tu queres receber tudo
no teu próprio domínio, chamado ‘receber em prol de receber,’ mas houve uma
restrição e ocultação sobre este discernimento, então é impossível ver coisa
alguma da verdade. Portanto, deixa-me sair do teu desejo e vamos começar a
trabalhar em prol de doar e certamente verás a importância e grandeza do Rei.
Então tu mesmo vais concordar comigo que é vantajoso servir ao Rei e nada no
mundo é mais importante que isto.”
Por esta razão, quando uma pessoa quer
trabalhar somente em prol de doar e não receber coisa alguma e todos seus
cálculos se tratam de trazer contentamento ao Criador através do seu trabalho,
que ela quer trazer-Lhe contentamento e ela não se considera a si mesma de todo,
como pode ela saber se está realmente nesse caminho? Talvez ela se esteja a
enganar a si mesma e sua intenção seja só receber? Isto é, ela está a dar em
prol de receber e não a caminhar no caminho da verdade, ou seja de que tudo
aquilo que ela deseja é ser uma dadora em prol de doar.
Aqui um se pode criticar a si mesmo, ou
seja à sua intenção. Quando ele ora para o Criador o ajudar com a guerra da
inclinação para que a inclinação não venha até ele e deseje controlá-lo com
seus queixumes contra o seu trabalho, o Criador lhe dará um desejo de somente
querer trabalhar para Ele com todo seu coração e alma. E certamente, não há
oração sem confiança que o Criador escuta a oração, pois se ele não tem
confiança de que o Criador escutará sua coração ele não será capaz de orar se
não estiver certo de que alguém escuta sua oração.
Isto levanta a pergunta: “Se ele vê que
sua oração não é escutada, ou seja que ela não é concedida como ele entende que
ela deve ser concedida, de que lhe seja dado aquilo que ele pede pois o Criador
é misericordioso e gracioso e se Ele escutasse Ele certamente lhe daria aquilo
que ele pede, por quê então sua oração não é respondida? Por que o Criador não
escuta a oração? Pode isto ser dito?”
Contudo, ele deve acreditar que o Criador
realmente escuta a oração, como dizemos nas Dezoito Orações, “Pois Tu escutas a
oração de cada boca do Teu povo, Israel, com misericórdia.” Todavia, devemos
acreditar no que está escrito, que “Meus pensamentos não são teus pensamentos.”
Isto é, o Criador sabe o que é melhor para o homem, ou seja para sua plenitude e o que obstruí sua plenitude.
Portanto, devemos dizer que o Criador
sempre escuta e responde de acordo com o melhor interesse do homem e é isto
aquilo que Ele nos dá. Logo, ele deve acreditar que os estados que uma pessoa
sente são aquilo que o Criador quer que sintamos pois isso é a nosso favor.
Ocorre que a confiança que devemos ter no
Criador é que o Criador certamente escuta nossas orações e lhes responde, mas
não de acordo com nosso entendimento, mas de acordo com o entendimento do
Criador daquilo que nos deve ser dado. Deste modo sucede-se que a confiança
trata-se principalmente de confiar no Criador que Ele ajuda a todos, como está
escrito, “Sua misericórdia está sobre todas Suas obras.” Porém, a confiança não
deve ser tal que o Criador nos ajude de acordo com nossa compreensão, mas de
acordo com o entendimento do Criador.
Há pessoas que pensam que a confiança é de
acordo com aquilo que uma pessoa pensa que precisa, que a confiança deve ser em
respeito a isso e se ela não acreditar que o Criador a deve ajudar de acordo
com o entendimento do homem, isso não é considerado acreditar e confiar no
Criador. Em vez disso, um deve ter confiança precisamente como o homem quer.
Com isto podemos entender as palavras do
sagrado Zohar quando questionamos sobre ele dizer, “Porém, um
não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará isto e
aquilo por mim.’ Em vez disso, um deve colocar sua confiança no Criador para o
ajudar, tal como deve ser.” Isso trás evidências de Hananias, Misael e Azarias,
que disseram, “Quer Ele salve ou não salve.” O sagrado Zohar diz
que quando um vem para ser purificado ele é ajudado e nisto ele confiará que o
Criador o ajude e confiará Nele e não colocará sua confiança noutro além Dele.
Está escrito sobre isso, “Sua força está
em Ti,” Questionamos, “O que significa que ele ‘não colocará sua confiança
noutro’?” Há mais alguém que o possa ajudar, para o qual há um mandamento de
não confiar noutro? Ele fala da confiança em relação a Hananias e quem os podia
salvar da fornalha, pelo qual ele teve de dar uma proibição sobre confiarem em
outrem?
A questão é que quando uma pessoa deseja
caminhar no caminho da verdade, ou seja que todas suas obras sejam pelo
Criador, chamado “em prol de doar e não para seu próprio benefício,” ela deve
acreditar que o Criador sabe o que lhe dar e o que não dar. Em prol de um
evitar se enganar a si mesmo e ver cada vez se ele caminha no caminho de doar
contentamento sobre o Criador, ele precisa de se ver a si mesmo em qualquer que
seja o estado, que ele deve estar agradado.
Ele deve confiar que esta deve ser a
vontade do Criador, então não me importo em que estado me encontro. Em vez
disso, eu devo trabalhar e orar de acordo com o que entendo e confio no Criador
que Ele me ajudará, para meu próprio benefício. Mas o Criador sabe o que é para
o benefício do homem e não o homem. Aqui pode ele criticar o seu envolvimento
na Torá e Mitsvot [mandamentos], se a sua intenção é que ele
quer doar sobre o Criador e não para seu próprio benefício, ou seja que sua
meta não é doar em prol de receber.
Por esta razão, quando ele estabelece a
ordem do seu trabalho e vai orar para o Criador, ele deve confiar no Criador
que Ele receberá sua oração. Nessa altura deve ele confiar no Criador, ou seja
que a medida de confiança diz respeito à visão do Criador e não que ele deva
confiar noutro.
E quem é o outro? É o próprio homem. Isto
é, a medida da confiança de que o Criador o ajudará deve ser tal como o Criador
entende e não como o homem entende.
O homem é chamado de “outro,” como
disseram nossos sábios (Sucá, 45b), “Nós aprendemos que qualquer um
que combine trabalho pelo Criador com outra coisa é desenraizado do mundo, como
foi dito, ‘Somente pelo Senhor.’ Significa isto que isso deve ser somente pelo
Criador, sem auto-gratificação, chamada ‘recepção.’ Isto significa que até se
ele direccionar o Mitsvá [mandamento] pelo Criador mas quiser
um pouco para si mesmo, também, ele é desenraizado do mundo.”
O que significa que ele é “desenraizado do
mundo”? Todos aqueles que não são recompensados com direccionar todas suas
obras desenraízam do mundo? Precisamos de entender a que mundo eles se referem.
De acordo com aquilo que aprendemos, eles pretendem dizer do mundo eterno,
chamado “o mundo do Criador.” Significa isto que o nome do Criador, que é
chamado O Bom Que Faz o Bem, lá é aparente. Lá, Seu pensamento é revelado, de
fazer o bem às Suas criações.
Este foi o propósito para o qual Ele criou
o mundo e do desse mundo é ele desenraizado. Isto é, ele não pode ser
recompensado com o deleite e prazer lhe serem revelados por causa da correcção
da Tzimtzum [restrição], que foi em prol do homem ser
recompensado com Dvekut[adesão], chamada “equivalência de forma.”
Por esta razão, quando um quer receber um pouco para si mesmo, também, a essa
medida se afasta ele da Dvekut com o Criador e desta forma não
pode ser recompensado com o deleite e prazer que se encontram no propósito da criação.
Portanto, ele é desenraizado desse mundo.
Sucede-se de tudo o citado que se um quer
saber se ele não se engana a si mesmo e quer servir ao Criador com a intenção
de somente doar contentamento sobre o Criador e diz o sagrado Zohar que
quando ele ora para o Criador o ajudar, ele certamente deve ter confiança de
que o Criador o vai ajudar. Inversamente, se ele não tem confiança, com pode
ele pedir? Se ele não confia no Criador para o ajudar, ele não tem espaço para
a oração pois um não consegue orar e pedir um favor de alguém a menos que ele
saiba que essa pessoa lhe possa fazer por ele este favor.
Respectivamente, ele deve certamente estar
seguro enquanto ora ao Criador que Ele certamente o ajudará. E se ele vir que o
Criador não o ajudou como ele entende, ele duvida do Criador, de que Ele possa
Deus nos livre não escutar a oração. É por isso que o sagrado Zohar diz
que ele deve orar e confiar no Criador que Ele certamente o ajudará como Ele
entende, uma vez que essa pessoa quer se envolver especificamente em questões
que são somente pelo bem do Criador e não para seu próprio bem.
Portanto, que diferença faz como ela
trabalha para doar sobre o Criador? Isto é, ela deve acreditar que se o Criador
vê que isso será para o benefício do homem se ele trabalhar em qualquer estado
em que se encontre, então não importa o que ele pensa trazer ao Criador mais
prazer, se Ele o ajuda de acordo com o entendimento do homem daquilo que trás
ao Criador mais deleite.
Em vez disso, ele deve confiar no Criador
para o ajudar de acordo com o Seu entendimento. É isto a que o sagrado Zohar chama,
“Um deve colocar sua confiança no Criador para o ajudar, tal como deve ser.”
Isto significa que aquilo que o Criador entende, que a pessoa deve estar
somente nesse estado. E a respeito do estado em que ela se encontra ela deve
pedir. (Ou seja, no estado em que ela se encontra e ela entende que é disto que
ela precisa, o que ela entende é aquilo que ela vai pedir, mas o Criador fará
como Ele achar melhor.)
Quando pode ser dito que ela concorda com
a vontade do Criador e não insiste em dizer que ela quer que o Criador a ajude
de acordo com o seu desejo? Isto acontece precisamente quando ela pede aquilo
que ela entende e ora que o Criador a ajude tal como ela entende, todavia anula
seu desejo perante a vontade do Criador. Então pode ser dito que ela colocou
sua confiança no Criador para a ajudar tal como deve ser, ou seja como o
Criador entende e não como o homem entende.
Isto é chamado “Cancela tua vontade
perante Sua vontade,” como disseram nossos sábios ( Avot, Capítulo
2). Mas se ela não tiver desejo de alcançar qualquer propósito enquanto ela ora
para o Criador a ajudar a alcançar, claramente não pode ser dito que ela
anulará sua vontade perante a vontade do Criador e que diga, “Eu quero aquilo
que quero e aquilo que entendo que preciso, mas Tu farás comigo como Tu achares
melhor.” Então pode ser dito que ela anula sua vontade perante a vontade do
Criador.
Mas por que precisa um de anular seu
desejo? E se ele não tiver desejo para anular? Isso é como se não fosse em
plenitude, uma vez que faz sentido que se um concordar com a vontade do Criador
é certamente melhor se ele tiver um desejo diferente que aquele do Criador e
ele o deve anular, como se ele tivesse alguma coisa má e ele tem de cancelar o
mal. Não seria melhor se ele não tivesse mal de todo?
A questão é que é sabido que para o Kli [vaso]
espiritual ser adequado para receber a abundância de deleite e prazer ele deve
encontrar duas condições: 1) de ter Aviut [densidade], que é o
desejo de receber deleite e prazer, 2) de ter uma Masach [tela]
para não receber de acordo com o seu anseio e desejo pelo deleite e prazer, mas
de acordo com o deleite do Criador.. Isto é chamado “receber em prol de doar
contentamento sobre seu Fazedor.”
Porém, se ele não tiver vasos de recepção,
ou seja nenhum anseio de receber deleite e prazer, ele é desadequado para
receber abundância do alto pois não há satisfação sem uma necessidade. Por esta
razão, ele deve tentar fazer para si mesmo uma carência, de desejar que o
Criador o aproxime e lhe dê a abundância que o Criador pode dar e que ele
deseja receber. Ao mesmo tempo, ele cancela o seu desejo e confia que o Criador
o ajude a lhe dar aquilo que o Criador entende ser a seu favor. Desta forma, nessa
altura ele não tem queixumes de que o Criador não o ajudou de acordo com o
entendimento do homem.
Isto é considerado cancelar o seu desejo e
dizer, “Eu faço minha parte,” ou seja aquilo que eu entendo ser a meu favor, “e
eu entendo e acredito que o Criador provavelmente conhece melhor minha situação
e concordo avançar e me envolver em Torá e Mitsvot como se o
Criador me ajudasse como como eu entendo que Ele devia responder à minha
oração. E embora veja que Ele não me deu qualquer resposta ao meu pedido, ainda
acredito que o Criador escutou minha oração e me respondeu de acordo com o que
é bom para mim. Por esta razão devo sempre orar que o Criador me ajude de
acordo com o meu entendimento e o Criador me ajuda de acordo com aquilo que Ele
entende ser bom para mim”
Isto levanta uma pergunta: “Uma vez que o
Criador ajuda de acordo com o Seu entendimento de qualquer modo, para que serve
a oração do homem?” O Criador não responde à oração que uma pessoa ora e faz
como Ele entende que deve fazer. Portanto, como ajuda a oração do homem? Qual é
o Seu benefício da nossa oração por aquilo que entendemos que precisamos,
enquanto Ele responde como Ele entende?
Nós devemos saber que a oração que oramos
por aquilo que precisamos e certamente sabemos o que precisamos e queremos que o
Criador responda a nossa oração tal como nós o entendemos, que se Ele conceder
nossos desejos seremos pessoas felizes pois Ele nos deu tudo aquilo que
precisamos, devemos saber que há uma regra: não há luz sem um Kli. Isto
é, não pode haver satisfação sem uma necessidade.
Sucede-se que até se uma pessoa souber
aquilo que ela precisa, isso ainda não é considerado uma deficiência que está
destinada a ser preenchida, uma vez que aquilo que o homem pensa que precisa
não significa que ele tenha uma deficiência. Uma deficiência significa que ele
está verdadeiramente deficiente de algo. Uma deficiência não é algo que não
tenhamos. Há muitas coisas que nós não temos, todavia elas não são consideradas
deficiências que possam ser satisfeitas.
Por exemplo, se há um cidadão em certo
país e há eleições para a presidência nesse país e alguém foi eleito
presidente, enquanto o cidadão permaneceu uma pessoa vulgar. Não lhe dói que se
pareça que ele não se tenha tornado presidente. Mas há outra pessoa no país, que
pensou que se tornaria presidente. Ele exerceu grandes esforços entre amigos e
pessoas famosas para o ajudarem a se tornar presidente mas no final outra
pessoa se tornou presidente e ele foi deixado somente com o seu desejo.
Há certamente uma diferença entre essas
duas pessoas, embora elas tenham a mesma ausência, nomeadamente que não são
presidentes. Porém, há uma enorme diferença entre aquele que se esforçou para
se tornar presidente e foi deixado insatisfeito e o outro, que apesar de não se
tornar presidente não sofre de não se tornar presidente. Isto é, até se eles
quisessem fazer dele presidente, ele não tem Kelim [vasos] para
isso, ou seja conhecimento de como lidar com a presidência.
Em vez disso, o Kli para o
preenchimento é o desejo por alguma coisa e um desejo significa que ele está
atormentado sobre a coisa que ele quer. E até se ele não tiver um desejo por alguma
coisa e pensar que isto já é considerado desejo, ainda não é uma verdadeira
carência que torna este desejo adequado para a recepção do preenchimento.
A razão é que deficiência significa sofrer
por aquilo que um não tem e preenchimento significa prazer de obter aquilo que
ele quer. Acontece que de acordo com seu sofrimento da negação, tal é seu
deleite com o preenchimento.
Agora chegaremos a entender o sentido da
oração que oramos para o Criador nos ajudar como nós entendemos e acreditarmos
naquilo que está escrito, “Pois Tu escutas a oração de toda a boca” e ao mesmo
tempo confiarmos que o Criador escuta a oração de toda a boca. Porém, não
devemos confiar que o Criador nos deva ajudar de acordo com o nosso
entendimento, mas confiar que o Criador nos ajudará de acordo com o Seu
entendimento.
Questionámos, “Então para que serve minha
oração, se o Criador fará como Ele entende?” Porém, a oração aumenta o desejo
pelo preenchimento pois quanto mais um ora, mais a deficiência nele cresce.
Isto é, ele começa a sentir uma carência por aquilo que ele ora. Quando ele
começou a pedir preenchimento para sua carência ele ainda não tinha a sensação
de que realmente precisava daquilo que pedia. Ele via simplesmente que os
outros pediam certo preenchimento e ouvia dos amigos que devíamos pedir ao
Criador certo preenchimento, então ele, também, começava a orar para o Criador
lhe dar aquilo que ele quer. Porém, ele não sentia verdadeiramente que ele
precisava daquilo que pedia; isso ainda não se estabelecia no seu coração.
Por causa das muitas orações que ele ora
ele começa a examinar se ele realmente precisa daquilo que ele pede, ou se é só
um acessório, ou seja que ele pede luxos. Isto é, ele faz aquilo que tem de ser
feito enquanto Judeu, mas ele quer luxos, ou seja ter uma vida melhor na
espiritualidade e não ser uma pessoa vulgar como todos os outros que servem o
Criador.
Esta examinação das orações que ele ora o
faz perceber que ele realmente precisa da ajuda do Criador para manter qualquer
coisa na espiritualidade, uma vez que as orações que ele ora cada vez o trazem
a reparar que ele se está a começar a examinar a si mesmo, por que está ele a
orar. Estas orações, que nossos sábios estabeleceram para nós, preciso
realmente eu daquilo que elas dizem pelo qual devemos orar, ou preciso eu de
outras coisas, ou seja de coisas que o meu corpo entende que deve pedir?
Sucede-se que enquanto suas orações se
multiplicam ele começa a adquirir uma verdadeira necessidade até que lhe atormenta
que ele é carente. Isto lhe dá um verdadeiro desejo que o Criador o aproxime e
isto é considerado que o Criador o ajuda, tal como está escrito no sagrado Zohar,
“Em vez disso, um deve colocar sua confiança que o Criador o ajude, tal como
deve ser,” ou seja que a confiança deve ser que o Criador o ajude com as
orações tal como o Criador entende que lhe deve ser respondido.
Agora vamos explicar o resto das palavras
do sagrado Zohar: “Outra coisa: ‘Feliz é o homem cuja força está em
Ti’ é como dizeis, ‘O Senhor dará força ao Seu povo,’ ou seja à Torá. ‘Sua
força está em Ti’ significa que um se deve envolver na Torá pelo bem do
Criador, ou seja pela Shechina [Divindade], que é chamada de ‘Nome.’”
Devemos entender o que ele diz lá na Sulam [Comentário
da escada sobre O Zohar]: “pelo bem do Cridor, ou seja pela Shechina [Divindade],
que é chamada ‘Nome.’” É sabido que nossa inteira intenção deve ser doar
contentamento sobre o Criador. Portanto, o que significa que ele diz sobre
aquilo que o sagrado Zohar fala, que um se deve envolver na Torá
pelo bem do Criador, ou seja pela Shechina, que é chamada ‘Nome”? Isto
implica que devemos direccionar todo o envolvimento na Torá e Mitsvot pela
Shechina. Precisamos de entender o sentido de “pelaShechina.” E
também, encontraremos em vários lugar no sagrado Zohar que
devemos direccionar o envolvimento em Torá e Mitsvot para “levantar
a Shechina do pó.” Portanto, precisamos de entender o
palavreado diferente entre o Criador e Sua Shechina.
Em artigos anteriores apresentamos aquilo
que explicou Baal HaSulam sobre as palavras do sagrado Zoharonde
ele diz, “Ele é Shochen [morador] e ela é Shechina.”
Ele disse que isso significa que o lugar onde o Shochen é
revelado é chamado Shechina. Assim, eles não são duas coisas mas
uma. Isto é, nós temos luz e Kli. Em outras palavras, nós
alcançamos o Criador somente através dos Kelim [vasos] que O
alcançam. Desta forma, quando falamos do Criador, nós falamos somente de como o
Criador nos é revelado através dos Kelim.
Mas nós não falamos de luz sem um Kli de
todo. Nós chamamos ao pensamento da Criação, fazer o bem às Suas criações, pelo
nome Ein Sof [infinito/sem fim], ou seja o benfeitor. Isto é,
o benfeitor doa sobre as criaturas. O Kli no qual a abundância
aparece é chamado Malchut, que é chamada Shechina, em
quem o deleite e prazer são revelados.
Assim acontece que o Criador quer doar
deleite e prazer sobre as criaturas, mas os inferiores não têm Kelim para
receber devido à disparidade de forma entre os receptores e o dador. Logo, o
deleite e prazer não são revelados. Nessa altura há a inclinação do mal no mundo
pois ela descreve a espiritualidade, ou seja a doação, como má e somente aquele
que pode receber em prol de doar como bom.
Por esta razão, os inferiores não têm lugar
onde possam trabalhar em prol de doar, uma vez que um não se prejudica a si
mesmo. Portanto, uma pessoa não tem a motivação para trabalhar em prol de doar,
assim a abundância superior que é o deleite e prazer não podem ser revelados
aos inferiores.
Sucede-se que o nome do Criador, o nome
geral, Bom Que Faz o Bem, está escondido e oculto dos inferiores. Este nome é
chamado Shechina e este nome está em exílio. Isto é, onde um começa
a trabalhar um pouco em prol de doar, prontamente se sente ele em exílio neste
trabalho, que ele quer escapar de tais estados. Isto assim é pois enquanto um
estiver imerso no amor próprio ele não faz ideia do trabalho de doação e quando
ele começa a sentir que caminha na linha de doar e de não receber coisa alguma,
ela se torna escura para ele e ele quer escapar de tal estado como aquele que
quer fugir do exílio que lhe foi dado.
Isto é semelhante a um homem que pecou
contra o governo e foi condenado ao exílio. Ele sempre contempla como fugir de
lá. Similarmente, quando um sente que o receptor não receberá coisa alguma
deste trabalho ele não tem desejo para trabalhar e quer fugir por completo da
campanha. É por isso que nessa altura isso é considerado que o nome do Criador,
que é a Shechina, está no exílio, ou seja que uma pessoa prova o
exílio neste trabalho.
Por esta razão oramos para o Criador e nos
envolvemos em Torá e Mitsvot “para levantar a Shechinado
pó,” ou seja que este lugar da Shechina, que é o nome do Criador,
portanto o bom que faz o bem, venha a aparecer nos vasos de doação. Mas uma
pessoa que sente o sabor do pó neste trabalho e também isto, é o sentido da Shechina no
exílio, quando ela a prova no sabor do exílio e quer fugir deste trabalho, ou seja
da obra sagrada, ondeKedusha [santidade] significa doar
contentamento sobre o Criador.
Por esta razão devemos pedir a redenção
pessoal, onde todo e cada um sente que ele sai do exílio. Isto é, quando ele
trabalha em prol de doar ele deve sentir que está na terra de Israel, ou seja
que seu desejo venha a desejar somente Yashar-El [direito ao
Criador], que é chamado EretzYsrael [Terra de Israel].
O sinal para isto é se um consegue ou não
dizer de todo o coração aquilo que dizemos na bênção pela comida: “Vamos
agradecer-Te, o Senhor nosso Deus, por legares aos nossos pais uma desejável,
boa e ampla terra.” Isto é, além de termos de orar pela redenção geral, devemos
também orar pela redenção pessoal.
Sucede-se que nesse lugar, quando estava
ele no exílio, ou seja quando ele provou o sabor do exílio, quando a imagem da
doação só pelo Criador e não para si mesmo viria até ele, ele sentiu o sabor do
exílio e do pó. E na hora da redenção, quando ele sai do exílio, ele sente na
obra da doação o sabor de uma desejável, boa e ampla terra.
Portanto, a terra do exílio significa que
nós sentimos o sabor do sofrimento e sempre reflectimos como fugir dessa terra.
Sair do exílio significa que ele chegou a uma desejável, boa e ampla terra.
Dizemos sobre esta terra: “Vamos agradecer-Te, o Senhor nosso Deus.” Isto é
chamado EretzYashar-El [uma terra (desejo) direita ao Criador]
e esta é a redenção à qual devemos aspirar alcançar.
Porém, uma pergunta naturalmente surge, “Por
que sentimos o sabor do pó no trabalho da doação e queremos fugir dela como aquele
que está no exílio?” Embora hajam muitas razões para isso, devemos acrescentar
outra: Há uma regra que não há luz sem um Kli, ou seja que não há
preenchimento sem uma carência. Assim, primeiro devemos entrar no exílio e
sentirmos o tormento neste trabalho pois o corpo, que é chamado “vontade de
receber,” pontapeia e resiste a este trabalho pois ela é contra sua natureza e
através do sofrimento que ele sente no exílio.
Isto é, precisamente aqueles que se
envolvem no trabalho da doação e o corpo resiste, mas eles não se rendem aos
argumentos do corpo e sofrem os tormentos do corpo, ou seja a resistência do
seu corpo, mas não fogem da campanha mas sempre estão em guerra com a
inclinação. Nessa altura prevalece ele e noutras alturas prevalece o corpo,
então ele está sempre em sobes e desces e sua alma nunca está em paz.
Então sofre ele por não ser como as outras
pessoas, que prontamente fogem da obra quando vêem que o corpo resiste à obra
da doação e não sofrem pois elas não estão neste trabalho de provar o exílio quando
o corpo lhes resiste pois elas se rendem ao governo do corpo e falam sobre isso
como espiões, que maldisseram da terra de Israel.
Como dissemos nos artigos anteriores onde
trouxemos as palavras do sagrado Zohar, eles naturalmente não têm Kelim [vasos]
nos quais receberem a redenção, como explicado no ensaio, “A Doação da Torá,”
que o exílio é uma questão de ausência que precede à existência, que é a
redenção. Desta forma, encontrareis todas as letras de Geulá [redenção]
em Golá [exílio], excepto a letra Aléf, que aponta
para Alufô Shel Olam [Campeão do mundo/o Criador], como
disseram nossos sábios. Isto nos ensina que a forma da ausência é senão a
negação da existência.
Por esta razão, quando dizemos na bênção
pela comida, “Vamos agradecer-Te,” dizemos, “e por nos libertares, o Senhor
nosso Deus, da terra do Egipto e por nos redimires da casa dos escravos.” Isto
nos ensina que para alcançarmos a desejável, boa e ampla terra, devemos
primeiro atravessar uma fase de fazer os Kelim, ou seja de estarmos
na terra do Egipto e vermos que fomos escravos servindo a Faraó Rei do Egipto e
os tormentos do exílio nos trouxeram uma necessidade de orarmos para o Criador
nos libertar do exílio, tal como foi dito (Êxodo, 2:23), “E os filhos de Israel
suspiraram do trabalho e eles clamaram e seu choro subiu até Deus.” Sucede-se
que o exílio é um Kli e a redenção é a luz e abundância.
Ocorre que o nome do Criador, que ele explica
lá na Sulam, sendo aShechina, que é chamada “o nome do
Criador,” quando perguntámos, “Como se pode dizer que se direccionamos na Torá
e Mitsvot pelo bem da Shechina, explicámos isto
com aquilo que disse Baal HaSulam, que o Shochen [morador] e a Shechina [Divindade]
são um e o mesmo e o lugar onde o Shochen é revelado é chamado Shechina.
Podemos entender isto com um exemplo: se
nos referirmos a alguém como esperto, rico ou generoso, são estes nomes
assuntos diferentes, ou seja um corpo diferente da própria pessoa? Isto é, aquando
da sabedoria de lhe chamarem “sábio,” ou “rico,” ou seja de acordo com o que os
outros vêem. Sucede-se que seu nome é só uma revelação do Criador.