Véspera de Sucot, 9 de Outubro, 1957, Manchester
Para os amigos na Terra Santa, que para sempre vivam,
Esta semana, recebi duas cartas de … e a respeito da sua pergunta …
Responderei em privado.
Em geral, aquilo que disseram nossos sábios, “Qualquer um que seja
ocioso no elogio de um sábio deve ser enterrado na sua vida” (Shabat 105). Devemos questionar, “Por que merece
ele tão dura punição?” devemos saber que a ociosidade sempre deriva da ausência
de deficiência. Somente lá há ociosidade. Mas onde há uma deficiência, há
sempre movimentos em prol de procurar conselho sobre como satisfazer a
carência. É por isso especificamente que aquele que não sente qualquer carência
da partida do sábio, isso é aparente no elogio ao sábio, quando ele é ocioso no
elogio ao sábio.
A pergunta é, “Por que não sente ele a carência da partida do
sábio?” Deve ser dito que durante a vida do sábio também ele não recebeu
qualquer coisa do sábio, então ele não sente qualquer carência aquando da
partida do sábio.
É por isso que ele deve ser enterrado na sua vida, ou seja durante
durante a vida do sábio. Não é necessariamente agora que ele não está bem, pois
ele é ocioso no seu elogio. Em vez disso, antes ele já não estava bem. É por
isso que “enterrado na sua vida” significa durante a vida do sábio.
Porém, há uma cura para tudo isto. Respectivamente, “Aquele que
degrada um sábio discípulo, não há cura para seu apuro” (Shabat 119). Por outras palavras, se ele não se
acomodar ao ser ocioso com o elogio de um sábio, mas disser que se encontra no
mesmo grau do sábio, em conexão, não há maior degradação para um sábio
discípulo que esta e disseram nossos sábios, “Não há cura para seu apuro.” em
vez disso, ele continua a cair mais baixo e mais baixo até que demonstre a
todos sua verdadeira forma, ou seja que sua Torá se torna para ele uma poção da
morte.
Minha resposta geral é que o festival de Sucot explica todas as perguntas, até as mais
difíceis e piores, pois é sabido que Sucá é a “sombra da fé” e em respeito ao
julgamento, sua sombra deve ser muito maior que seu sol.
É também sabido que o sol implica conhecimento e a lua implica fé.
É como disseram nossos sábios, “Israel contam pela lua e as nações do mundo
contam pelo sol.” Isto é, cada vez que vemos o sol e que ele é maior que a
sombra, devemos cobrir-nos mais para que a sombra seja maior que o sol.
E se um for recompensado e ele próprio não adicionar sombra, há misericórdia
sobre ele do alto e o sol é coberto para ele. Mas quando uma pessoa fica zangada
pois ela entende o inverso. De acordo com a razão de uma pessoa, se ela tem
sol, ela deseja ter mais sol, mas “Meus pensamentos não são teus pensamentos” e
lhe é dada mais sombra.
E se uma pessoa supera a sombra, lhe é dado “um sol” e então ela
deve acrescentar sombra. Se ela não acrescenta, lhe é dada sombra do alto e
assim por diante até que ela seja recompensada com Dvekut(adesão) eterna.
Porém, um se deve esforçar extensamente para receber a sombra e
dizer que ela é uma sagrada sombra, que toda esta sombra veio do alto e não do Sitra Achra, que
lhe foi dada para que ele pudesse assumir a fé. Nessa altura é ela chamada “sombra
da fé” e ela é sagrada, como em, “Os caminhos do Senhor são rectos, os justos
neles caminham e os ímpios,” etc.
Este é o sentido de fazer o sapé a partir do desperdício de celeiro
e vinharia. Explicou Baal HaSulam que Goren (celeiro) vem das palavras Ger Anochi (Eu sou um estrangeiro) e Yekev(vinharia) das palavras, Nokev Shem Hashem (pontuar o nome do Senhor). Para
interpretar as palavras de Baal HaSulam, o sapé é a sombra da fé, chamada “fé
acima da razão.” Isto é oposto à razão, pois a razão o trás ao desperdício de
celeiro e à vinharia.
Isto é, da perspectiva da razão, do modo que os olhos corpóreos o
vêem, há espaço para o desperdício de celeiro e vinharia. Isto em si mesmo faz
uma sombra e ele se senta debaixo dela. Isto é, ele faz para si mesmo um
assento a partir de todas essas piores e mais baixas coisas e através do
desperdício observa o Mitzva(mandamento)
da Sucá.
Mais importante, ele deriva alegria deste Mitzva pois fé acima da razão é chamada “alegria
deMitzva.” Sucede-se que todos os dilemas e perguntas que existem na
realidade são corrigidas naSucá, pois sem elas é impossível fazer um
sapé.
E um deve ser bom convidado neste respeito e dizer, “Tudo aquilo
que o Senhor fez, Ele fez somente para mim.” Isto é, um deve dizer com a boca
que tudo o que está a acontecer no mundo, que há pessoas que sofrem e são
maltratadas, isso é somente para que eu possa receber o bem, ou seja manter a
fé. Embora eu veja o mal nas pessoas, isso é em prol de ser capaz de assumir o
fardo do reino dos céus.
Além do mais, isso serve para dizer que os outros sofrerão dor
somente para que eu possa receber. Na verdade, é difícil dizer isto. Mas se uma
pessoa trabalha especificamente em prol de doar contentamento sobre seu
Fazedor, então ela mesma é completamente sem importância. Em vez disso, tudo é
somente pelo Criador. Nessa altura, se a pessoa não se encontra no meio, então
todos podem dizer que quando ela diz, “O Senhor se incomodou a si mesmo somente
por mim,” ou seja para que eu possa continuar a obra da fé, isso é somente pelo
Criador e não para mim si mesma.
Quando uma pessoa está preocupada com prazeres, é difícil se
enganar a si mesma e dizer que o mundo inteiro foi criado somente para ela. Mas
quando uma pessoa está preocupada com o bem do Criador, não é assim tão difícil
acreditar, dado que o eu é completamente sem importância.
Sucede-se de tudo o citado que o sapé, chamado “sombra,” é
especificamente feita do desperdício de celeiro e vinharia. Este é o sentido
daquilo que dizemos na oração dentro da Sucá, “E tomai refúgio da corrente
e da torrente.” Isso significa que a fé salva uma pessoa de todos os
malfeitores, dado que os malfeitores são pensamentos estranhos e visões
estranhas e a fé é edificada especificamente sobre o desperdício. Somente neste
caminho há refúgio da corrente e da torrente; inversamente ele flui com as
correntes do mundo.
A torrente é algo que sustenta a terra, uma vez que as pessoas que
ainda são nutridas somente pela razão e somente a razão as sustenta. Onde a
razão não alcança, elas não se conseguem aguentar e esta razão mantém estas
pessoas inanimadas.
Mas aquele que deseja ser como o vegetativo não pode aceitar esta
razão como apoio, uma vez que essa torrente é desadequada para aquele que
deseja caminhar no caminho da verdade. E se uma pessoa falha e toma apoio dessa
razão, ela imediatamente sofre uma descida e cai para o fundo dos infernos.
Todavia, o inanimado ainda consegue mantê-los e não sofre
quaisquer quedas. É por isso que eles procuram sempre a razão, para apoiar seu
trabalho. Em prol de não falhar nesta razão, que é chamada “torrente,” há poder
no supracitado sapé, como dizemos, “para tomar refúgio da corrente e da
torrente.” Isto resolve as perguntas e que possamos ser recompensados com a
sombra da fé.
Em prol de entendermos a questão mais claramente, vou copiar para
vós um artigo de uma carta de Baal HaSulam para que mergulhem nela e nutram
vossas almas. Estas são suas palavras: “E por falar nisso, vou clarificar para
vós o sentido da caridade aos pobres, que é tão louvada em O Zohar, asTikkunim e
pelos nossos sábios: Há um órgão no homem que com o qual é proibido trabalhar.
Até se o mais pequeno dos pequenos desejos de trabalhar come le existir no
homem, esse órgão permanece afligido e golpeado pelo Criador. Ele é chamado “pobre,”
pois seu inteiro sustento e provisão é pelos outros trabalharem para ele terem
piedade dele.
“Este e o sentido das palavras, ‘Qualquer um que sustente uma
única alma de Israel, é como se ele sustentasse o mundo inteiro.’ Dado que o
órgão depende dos outros, ele nada mais tem senão seu próprio sustento. E ainda
assim, o Criador o considera como se ele sustentasse o mundo inteiro, que isto
em si mesmo é a bênção do mundo inteiro e todas as coisas nele, multiplicadas e
completadas somente pela força dessa pobre alma, que é sustentada pelo trabalho
dos outros órgãos.
“Este é o sentido de ‘E Ele o levou para fora e disse, ‘Agora
olhai para os céus ...’ e ele acreditou no Senhor e o reconheceu nele como
rectidão.’ Isto é, levando-o para o exterior, havia algum desejo para trabalhar
com este órgão; foi por isso que Ele o proibido da obra. Foi por isso que foi
dito, ‘Agora olhai para os céus.’ Ao mesmo tempo, lhe foi dada a promessa da
bênção da semente.
“Estes são equivalentes a dois opostos no mesmo sujeito, uma vez
que toda sua semente, que é para ser abençoada, necessariamente vem deste
órgão. Portanto, quando ele trabalha, como encontrará ele uma semente?
“Este é o sentido de ‘E ele acreditou no Senhor,’ ou seja que ele
aceitou essas duas recepções como elas eram, tanto a proibição completa no trabalho
e a promessa da bênção da semente. E como as recebeu ele? É por isso que ele
conclui, ‘E [ele] o reconheceu nele como rectidão,’ ou seja como uma forma de
caridade [Tzedaká significa tanto “caridade” como “rectidão”]
por uma pobre [pessoa] que é sustentada pelo trabalho dos outros.
“Este é o sentido dos dois dizeres de nossos sábios: Uma [pessoa] pensou
que o Criador a trataria com rectidão, ou seja a guardaria e sustentaria sem
trabalho e a outra pensou que Abraão actuaria com rectidão para o Criador.
Ambas são as palavras do Deus amável, pois antes da correcção, esse órgão está
nos céus e a caridade é contada para o inferior. No fim da sua correcção isso é
concretizável e então a Tzedaká é contada para o superior. Sabei e
santificai pois é verdade.” Até aqui são suas palavras.
Peço que cada um de vós me escreva o sentido das citadas palavras
de Baal HaSulam, pois este é um maravilhoso artigo.
E agora organizemos o trabalho do inverno, que é o tempo de
trabalho durante as longas noites. Até então temos falado da perspectiva da
esquerda, chamada “a esquerda rejeita.” Isto requer imenso trabalho e labuta
para superar todos os obstáculos e todas as visões estranhas e pensamentos.
Porém, devemos também nos envolver na direita, como disseram nossos sábios, “Fazei
tua Torá (ensinamento) permanente e teu trabalho temporário.” Torá é
considerada direita, que é plenitude. Uma pessoa deve se considerar a si mesma
perfeita com virtudes e nobres qualidades. Ela deve adaptar-se as obras em Torá
e Mitzva como é adequado à pessoa plena tanto
quanto puder.
Porém, um não se deve arrepender se for incapaz de completar a sua
vontade. Isto é, se uma pessoa desejar fazer bastantes boas acções e estudar
Torá, mas não conseguir, ela não se deve arrepender disso mas estar feliz enquanto
trabalha na direita. Ela deve estar contente com o que quer que possa fazer e
louvar e agradecer ao Seu nome por ser capaz de fazer um pequeno serviço para o
Rei. Até um minuto por dia ou um minuto em dois dias devem ser para ela como
achar um grande tesouro.
E até se for uma simples acção, ou seja sem vitalidade, ela ainda
assim deve tentar estar feliz e derivar vitalidade de lhe ser permitido servir
ao Rei. É assim que deve ser durante o estudo, portanto pleno. Isto é
considerado Torá, que é direita, como está escrito, “Na Sua direita estava uma
lei flamejante.” Por cada oportunidade, um deve louvar ao Criador.
Eu escutei de Baal HaSulam que com o louvor e gratidão que ele dá
ao Criador por se aproximar do Criador, ele atrai a luz da Sua santidade para
baixo. Uma pessoa se deve sentir plena e então é ela considerada abençoada e
o abençoado se apega ao Abençoado. Mas quando uma pessoa se considera a si
mesma amaldiçoada, o amaldiçoado não se apega ao abençoado, como disseram
nossos sábios.
Portanto, deveis vos considerar a vós mesmos plenos enquanto
realizando Torá e Mitzvot(mandamentos).
Nessa altura não deveis achar qualquer defeito em vós, como está escrito, “Qualquer
um em quem haja um defeito não se aproximará.” Isto é chamado “Torá,” ou seja
plenitude.
Mas somente Torá também não é bom, como disseram nossos sábios, “Aquele
que só se envolve na Torá, é como se ele não tivesse Deus,” como foi dito, “E
muitos dias para Israel sem um verdadeiro Deus” (Avodá Zara 17).
“Dias” é considerado plenitude, ou seja Torá. “Muitos” significa
que ela se envolve somente em Torá e então ela está “sem um verdadeiro Deus.”
Isso assim é pois na esquerda, especificamente este trabalho guia para o
caminho da verdade. Este é o sentido de “Não
é bom estudar Torá juntamente com condutas, pois trabalhar em ambas mitiga a
iniquidade” e “Qualquer Torá sem trabalho é eventualmente anulada e induz a
iniquidade.”
Podeis questionar, “Por que a Torá sozinha não mitiga, mas induz a
iniquidade?” A razão é que se não caminharmos no caminho da verdade,
permanecemos como em, “Se eles não forem recompensados, uma poção da morte.” E
esse trabalho, discernido como o reino dos céus, somente este discernimento é
considerado trabalho e labuta. Foi por isso que nossos sábios disseram que
especificamente trabalho em ambas mitiga a iniquidade. Mas “Fazei pouco
trabalho e bastante estudo; fazei de vossa Torá permanente e vosso trabalho
temporário,” pois na maioria do dia, uma pessoa deve caminhar na direita e um
pouco do dia no trabalho da pureza da mente e coração.
Terminarei minha carta com esperança de que sejamos recompensados
com Dvekut eterna com Seu nome.
Baruch Shalom
Filho de Baal HaSulam