7 de Julho, 1956,
Manchester
Para os estudantes, que
muito vivam,
Estou surpreso por não
receber correspondência de ti cada semana; Pensei que tivesses substituído as
pesadas viagens que haviam em ti quando estava em Israel, quando caminhavas para
estudar Torá, por trabalho manual, ou seja que me escreverias cartas, mas ainda
não chegaste a isto. O único entre vós que se sobressai é... pois ele não
espera pela minha resposta mas faz aquilo que deve. Suponho que tenha completo
entendimento de como se deve comportar.
E Rabi… por vezes pensa
que suas perguntas deviam ser apresentadas na escrita e pensa que é suficiente apresentá-las no
pensamento. Porém, devemos saber que são acções de que precisamos, pois há
“pensamento, discurso e acção” (e a acção deve ser colocada dentro do
pensamento) e o pensamento deve ser colocado dentro da acção. “Discurso” vem
das palavras, “Um orador por geração,” ou seja um líder, pois precisamos que o
pensamento se torne uma acção, pois tudo tem sua própria correcção.
Rabi… começou a
escrever mas parou e de Rabi… não tive o privilégio de receber até a silhueta de uma carta. Quanto a Rabi… quando estava em Israel recebia dele uma carta em
cada duas semanas ou algo assim. Estou seguro que ele tem boa memória pois no
ano passado me enviou uma carta para Londres e a morada não era clara então a
carta foi devolvida para ele. Talvez ele tema que na altura que se incomodar a
si mesmo a escrever e enviar, ela lhe seja devolvida. Sucede-se que de acordo
com sua visão, seu esforço foi em vão e esta pode ser uma razão suficiente para
ele.
Mas a verdade assim não
é, como dizem as pessoas, “Quem não labuta não manduca.” É também possível que
ele confie no seu leal amigo uma vez que o desculpa ao seu amigo fazer a kidush (bênção
de uma refeição festiva) e lhe responde (Ámen) à sua bênção. E Rabi… deve ter
tomado o caminho da ocultação e não preciso de dizer mais. E para … que ainda
inventou desculpas, mas se conhece a si mesmo e confia que quando começar a
pensar nas desculpas certamente encontrará algumas. E quanto ao ancião do
grupo, nosso Professor, Rabi… ele precisa de amor de amigos, ou seja que
alguém escreva por ele.
E todavia, nos devemos
esforçar, avançar e com a ajuda do Criador alcançar a desejada meta. E a coisa
mais importante que nos é exigida é a oração. Precisamos entender por que nos
foi dada a oração. Não nos poderia o Criador dar abundância sem a oração?
Porém, disse Baal HaSulam que tudo é insípido a menos que haja um desejo e
apetite por essa coisa, chamada “anseio”.
Quando uma pessoa começa
a caminhar no caminho da obra e prepara seus Kelim (vasos) para
receber o presente do Criador, o Criador dá-lhe espaço para aumentar seu
desejo. Isto é feito especificamente através da oração. As rejeições e
ocultação que ele recebe Dele e os esforços que ele faz para avançar cada vez,
enquanto vendo que retrocede, intensificam a necessidade da salvação do
Criador.
Assim é a natureza, ele
anseia e cada vez imagina que já marcha na auto-estrada. E subitamente, olha
para trás para o lugar do qual veio e então deixa a auto-estrada e se conecta
novamente com as pessoas incultas e as segue. Quando ele vê que está entre os
incultos, ou seja em heresia, ele começa a desejar a fé uma vez mais. E então
através da oração o desejo cresce e se expande até que alcance um nível em que
o Criador diz que seus Kelim estão agora prontos para receber
a salvação. Então é ele recompensado com escutar a oração.
Mas na verdade, cada
oração que uma pessoa ora está no caminho da correcção, uma vez que cada oração
soma sua quota, ou seja que ela expande os vasos de recepção. Este é o sentido
de “o Criador anseia pela oração do justo,” portanto que através da oração, os
desejos do homem se expandem e cada oração que ele ora e vê que ainda não foi
respondida o faz precisar do Criador, pois ele sente nos seus órgãos que
somente o Criador pode ajudar.
Sucede-se de tudo o
citado que até nos estados mais baixos há espaço para a oração que o Criador o
liberte da sua humildade. Mas quando uma pessoa sente sua humildade e foge à
campanha, isso significa que através todas as rejeições que ela recebeu em prol
de se aproximar Dele, ela se afastou ainda mais. Portanto, isto requer um
coração especial para superar na oração.
Mas a coisa principal
que precisamos de saber é que cada pessoa tem um ponto no coração que dá força
para trabalhar. Mas quando pegamos nessa força e a usamos para trabalhar da maneira
vulgar, ou seja “automaticamente,” então ela não tem mais energia para
trabalhar pelo propósito principal, pois o corpo sabe que já trabalhou em Torá
e Mitzvot e não tem mais energia para fazer mais coisas.
Devemos saber que não
devemos somar nas acções, seja em Mitzvot que são feitas por
hábito ou Mitzvot que são feitas por fé. Isto assim é pois aquele
que é verdadeiramente justo não fará mais que quatro Tzitziot (franjas)
para sua veste e não usará os Tefilin ou colocará duas Mezuzot (plural
de Mezuzá) no frontal da porta e assim por diante.
Somente na intenção há
uma diferença entre quem é o devedor, o meio ambiente ou a fé,
ou seja os hábitos que ele absorveu do meio ambiente ou por causa do mandamento
do Criador. Este é o sentido de “Uma oração pelo pobre quando está embrulhado e
derrama suas palavras ante o Senhor.”
É sabido dos livros sagrados
que a oração do pobre é aceita no alto. Precisamos de saber o que é a oração do
pobre. Isto é explicado no versículo, “Uma oração pelo pobre quando está
embrulhado.” O que quer ele? Derramar suas palavras ante o Criador, para que
todas as palavras estejam somente ante o Criador e não perante o meio ambiente.
Há uma regra que uma
pessoa sempre trabalha somente pela causa, ou que o meio ambiente é a causa
para trabalhar. Sucede-se que ela trabalha perante o meio ambiente e não
perante o Criador. Ela se deve arrepender disto. Por que não deve ser ante o
Criador? Ela deve pedir que o Criador tenha misericórdia dela.
Este é o sentido daquilo
que está escrito em O Zohar: “Uma oração para o pobre.” Interpreta O
Zohar, “Estou ressentido, para que o homem ressinta de receber toda sua
vitalidade do meio ambiente. Mas quando ele começa a trabalhar na fé, ele não
tem vitalidade de todo e o trabalho se torna tão desprezível para ele como para
uma carcaça.
Disse Baal HaSulam sobre
isto aquilo que a pomba disse para Noé: “Preferia que minha comida fosse tão
amarga como as azeitonas então deixai-as serem da mão do homem.” Isto assim é
pois a meta principal é somente de se aproximar Dele e a verdade demonstrará
seu caminho, ou seja se sua fé é adequada.
Portanto, quando ele
deseja alcançar Torá e Mitzvot Lishma (pelo Seu bem) mas
não tem vitalidade nisso, isso é um sinal que ele não tem fé no Criador e como
pode ele trabalhar se não acreditar Nele? Assim, este é o único ponto sobre o
qual devemos colocar todo o esforço que um tenha adquirido do ponto no coração,
para que cada ponto no coração dê força para trabalhar, mas se esta força for
usada para servir ao meio ambiente …
Com isso entendereis as
palavras de nossos sábios, “Qualquer sábio discípulo sem conhecimento, uma carcaça é melhor que ele.” Devemos entender isto: Se ele não tiver conhecimento, por que é ele chamado “um sábio discípulo”? Ele é um sábio
discípulo no sentido que ele aprendeu do meio ambiente, mas ele não tem o “conhecimento”
que é chamado Dvekut (adesão) com o Criador. Ele vê que se não
levar força para trabalhar do meio ambiente mas da intenção de doar, então seu
trabalho se torna tão desprezível como uma carcaça aos seus olhos, uma vez que
“tal é o caminho da Torá, levar uma vida de tristeza”. Significa isso que ele
sente tristeza no seu trabalho e não contentamento, tal como foi dito sobre a
pomba, que disse, “Preferia que minha comida fosse tão amarga como as azeitonas,”
etc.
Realmente, por que são
elas amargas? Isso é pois o trabalho de Lishma é contra a
natureza, que é recepção tanto na mente como coração. Antes que uma pessoa
revele sua oração, o Criador não a consegue salvar, como se disse, “Esse é um
tempo de apuros para Jacó e ele será salvo dele,” pois somente então recebe ela
o anseio pelo Criador. Isto é considerado como “Se o Criador não a ajudar, ela
não a consegue superar,” pois isso é contra a natureza.
Mas quando o meio
ambiente lhe dá a comida, ou seja que ela sente recepção na Torá e no trabalho,
ela naturalmente tem vitalidade. Nessa altura ela não precisa do Criador e não
tem exigência para receber conhecimento, que é “e conhece este dia e responde
ao teu coração.” Estas são as respostas para o coração quando uma pessoa é
recompensada com Dvekut com o Criador.
Este é o sentido de “um
estudante no qual não há conhecimento, uma carcaça é melhor que ele.” Ou seja,
que é melhor que ele assuma sobre si mesmo o trabalho que é tão desprezível
para ele como uma carcaça sem vida. Este é também o sentido de “Esfola uma carcaça na rua mas não precises de pessoas,” ou seja que se você estiver na
rua, nomeadamente no meio ambiente, assuma sobre si mesmo um trabalho simples e
não precise de pessoas, ou de receber a nutrição e sustento do meio ambiente,
chamado “pessoas.”
Este é também o sentido
de “Faz do teu Shabat um dia de semana e não precises de pessoas.” Isto é, a
resolução do coração será como num dia de semana. Embora não sinta santidade,
ou seja uma resolução no coração de quando não tem vitalidade, mas não precise
que as pessoas lhe dêem alimentos. Em vez disso, cada vez quando não há
vitalidade, volte-se para o Criador ter misericórdia de nós e nos liberte das
trevas para a luz, da escravidão do corpo para a redenção.
Uma pessoa deve insistir
em avançar no caminho do Criador tanto quanto puder e não seguir os caminhos do
meio ambiente. Este é o sentido daquilo que disseram nossos sábios, “Todo o
sábio discípulo que não é tão duro como o aço não é um sábio discípulo.”
Devemos examinar isto: Se ele é um sábio discípulo, até se for versado no
Mishná e Guemará e observar Mitzvot, por que não é ele considerado
um sábio discípulo se não for duro como o aço? Porém, como acima mencionado,
ele se deve firmar como o aço e não receber força do meio ambiente e então ele
chega a um estado de “E os filhos de Israel suspiraram da obra.”
O conselho principal
para isto é oração. Cada um de vós deve dedicar tempo para a oração,
especialmente aqueles que serviram à Grande Árvore (Baal HaSulam) e que seu
mérito nos ajude a seguir seu caminho da obra, que ele estabeleceu para nós.
“Justos são maiores na
sua morte que na sua vida.” Significa isto que os justos são maiores na sua
morte, ou seja quando uma pessoa sente o justo quando ele está vivo, ou seja
que vê a grandeza do justo. Isto assim é pois quando ela vê pequenez no justo,
isso é a seu favor, pois por vezes uma pessoa deve divulgar sua própria oração
vendo que ficou sozinha no mundo, como está escrito, “E nenhum homem trepará
contigo na montanha.” Isto é, quando uma pessoa tem de subir a montanha do
Senhor, ela não vê ninguém de quem ela possa receber apoio. ... escutei esta
questão de Baal HaSulam.
Por outro caminho, ou
seja fora do caminho da fé, ele é chamado de “inanimado sagrado.” Como disse Baal
HaSulam, “inanimado” significa movimento geral. Isto é, tal como a terra
inteira se movimenta, mas quanto ao item individual inanimado não há movimento
nem sensação da verdade. Movimento individual é chamado de “vegetativo.” Isto é
concedido especificamente a aqueles que seguem o caminho da verdade, como está
escrito, “Não há nenhum que leia justamente e que não haja sentença fiel. Caos
é certo e palavra vã produz trabalho (e produz falsidade).”
A explicação das citadas
palavras, com as palavras acima podemos de algum modo entender o que é
explicado em TES (Talmud Eser Sefirot [O Estudo das Dez
Sefirot]), que há três estados, chamados Cholam, Shuruk, Chirik. Cholam é
chamado a “Hey do fundo nos Eynaim (olhos)” e os Kelim do
superior no inferior. Significa isto que quando o inferior vê que a sagrada Shechina está
no pó, ou seja que há um bloqueio nos Eynaim, que são Providência
aberta (e não fé).
Isto é, o superior se
restringiu a Si Mesmo e mostra Sua Katnut (infância/pequenez)
para que ele possa assumir sobre si mesmo a escolha. Isto assim é pois
especificamente durante a ocultação há espaço para a escolha. Mas com
Providência revelada, quando ele vê a grandeza do superior, isso é chamado de “conhecimento”
e não “fé” e então não há trabalho. Sucede-se disto que o superior se degradou
a Si Mesmo e se baixou a Si Mesmo pelo bem do inferior. E então não há escolha
no inferior, pois então pode haver calunia.
E quando o inferior assume este trabalho sobre si mesmo, através da oração, trabalho e fé, as três andam juntas e em geral somente na forma de fé. Então é ele recompensado com
ver a Gadlut(maturidade/grandeza) do superior e isto é chamado “o
superior elevar seus AHP do inferior,” ou seja que ele estava
com o inferior e apareceu na forma do inferior (como em, “Um estudante que está
exilado, seu professor está exilado com ele.” Interpretou Baal HaSulam que se
uma pessoa está em Katnut, então para onde quer que ela olhe, seja
para o Criador ou para os amigos, tudo tem a forma de um inferior aos seus olhos).
E quando o Criador
escuta a oração do inferior, o superior levanta seus AHP ao
baixar a Hey do fundo dos Eynaim, que é
Providência aberta e então ele vê que o superior está em Gadlut. Sucede-se
que o inferior ascende através do superior, se ele vê que o superior é grande
então se torna ele grande. Isto é especificamente pelos AHP estarem
com o inferior, ou seja que o inferior se arrependeu que o superior estivesse
em Katnut. Isto é chamado “Shechina(Divindade) no pó,”
e é chamado de Shuruk.
Porém, isto causa a
perda do lugar de trabalho para o inferior e então o inferior não quer receber
toda a sua Gadlut, considerada GAR de Chochma.
Nessa altura o superior se diminui a si mesmo por causa do inferior, que é
considerado que o superior é misturado com o inferior, os GE do
inferior. Nessa altura o inferior faz com que o superior se diminua a si mesmo
para Chirik uma vez mais. Isto é considerado a causa ser o
inferior, que o inferior pode receber este conhecimento somente como ZAT,
que é considerado estar numa vestimenta de Chasadim. Por outras
palavras, à medida que ele conseguir caminhar no caminho da fé ele recebe
conhecimento e não mais. Inversamente não teria ele espaço para a escolha.
Não pretendo interpretar
mais a menos que alguém escreva a pedir mais interpretação. Então ele me deve
escrever perguntas e se eu for recompensado, serei capaz de lhe responder.
Do teu amigo que sempre
espera a redenção
Baruch Shalom HaLevi
Filho de Baal HaSulam