Artigo Nº 26, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85
“E disse ele, ‘Mostra-me Tua glória ...
Então Eu afastarei Minha mão e tu verás Meu dorso, mas Minha face não será
vista’” (Êxodo, 33). Devemos entender o que a questão sobre Moisés implica para
nós e a resposta do Criador a respeito de nossa obra.
Quando uma pessoa começa a obra do
Criador, ela anseia ver a glória do Criador. Isto é, quando o Criador brilha
para ela, quando ela tem um paladar por Torá e Mitsvot [mandamentos]
e anseia por espiritualidade, ela pode se envolver na obra sagrada. Nessa
altura ela sabe que caminha no caminho do Criador e sente que está acima das
pessoas vulgares, que o público inteiro é mundano e somente ela sabe e entende
o que é a espiritualidade.
É sabido que nossos sábios disseram (Avot,
Capítulo 4, item 4), “Rabbi Levitas, Marido de Yavne diz, ‘Sê muito muito
humilde.’” Desta forma, ela tem imenso trabalho para achar certa deficiência em
si mesma para que possa dizer que é humilde. Mas uma vez que é um Mitsva [mandamento/boa
acção] fazer aquilo que nossos sábios disseram, ela assume-o acima da razão e
diz, “É claro que ainda sou incompleto.”
Também, há um tempo de Achoraim [dorso],
quando o anseio pela Torá e Mitsvot não brilha para ela e ela não
sente uma carência no sentido que não deseja Dvekut [adesão] com
o Criador. Num estado de Achoraim, uma pessoa consegue ver-se a si
mesma, ou seja sua verdadeira situação, se ela ainda vê que é mais alta que o
resto das pessoas. Nessa altura ela precisa de trabalhar sobre a humildade, de
assumir sobre si mesma o Mitsva da humildade acima da razão,
enquanto olha para as outras pessoas, que estão num estado de declinio
espiritual, enquanto ela está numa ascensão. Sucede-se que somente num estado
deAchoraim pode ela ver a verdade, mas durante a Panim [face]
ela ainda se pode enganar a si mesma.
Porém, há muitos discernimentos no grau de Achoraim,
também. Se uma pessoa já entrou na obra da verdade, ou seja no caminho que um
tem de trabalhar em prol de doar, somente então começa ela a sentir verdadeiros
estados de Achoraim. Nessa altura ela obtém por vezes uma imagem deAchoraim,
quando ela vê sua queda embora tivesse um estado de Panim antes
da queda para o estado em que agora se encontra. Mas agora ela vê que não tem
desejo pela Torá e Mitzvot, ou pela oração e assim por diante, ela
sente que agora ela tem um Kli vazio, que ela não deriva “humidade”
da obra do Criador. Em acréscimo, ela vê-se a si mesma como se nunca tivesse
trabalhado na obra sagrada e não soubesse sequer o que é a obra do Criador.
Por vezes ela entra nas trevas onde se ela
começar a dizer para si mesma que deve começar a obra e que é inútil permanecer
sem qualquer propósito na vida, parece-lhe que ela diz para si mesma algo de
novo, que ela nunca ouviu falar de questões espirituais. Nessa altura ela fica
surpresa consigo mesma, que ela consiga sentir tal sensação — que ela está num
estado de principiante que nunca se envolveu na obra — embora haja ainda certa
lembrança na sua memória de quando ela pensava que estava sempre entre os
avançados na obra e subitamente ela se esqueceu de tudo e ela se lembra disso
como se estivesse a sonhar.
Sucede-se que ela vê seu estado verdadeiro
somente num tempo de Achoraim. Este é o sentido de “verás tu Meu dorso,
mas Minha face não será vista.” Nessa altura ela não tem espaço para trabalhar,
ou seja para pedir ao Criador que a aproxime Dele e lhe mostre a iluminação de
Sua face. Nessa altura ela chega ao arrependimento: “Até Aquele que conhece
todos os mistérios testemunhe que ele não voltará à folia.”
Está escrito na introdução a O
Estudo das Dez Sefirot (itens 53-54): “Devemos saber que a questão
inteira da obra em manter Torá e Mitsvot por meio de escolha
se aplica principalmente aos dois supracitados discernimentos de Providência
oculta. E Ben Ha Ha diz sobre esse tempo: ‘A recompensa é de acordo com a dor.’
Uma vez que Sua Orientação não é revelada, é impossível O ver mas somente em
ocultação da face, ou seja por detrás. Porém, quando o Criador vê que um
completou sua medida de esforço e terminou tudo aquilo que ele tinha para fazer
em fortalecer sua escolha na fé no Criador, o Criador o ajuda. Então, ele
alcança Providência aberta, ou seja a revelação da face.”
De acordo com o citado, o princípio da
obra no caminho da verdade é em Achoraim. Isto assim é para que uma
pessoa prepare para si mesma Kelim [vasos] onde a luz do
Criador possa estar. Também, Kelim são desejos. Significa isto
que antes que uma pessoa passe pelo estado de Achoraim, ela não
sabe que ela precisa que o Criador a ajude, mas pensa que ela consegue alcançar
sua plenitude sozinha e não precisa de ajuda especial do Criador.
Em vez disso, ela sabe e acredita, como é
costume em ISrael, que embora uma pessoa veja que faz sentido que o homem seja
o operador, ela ainda acredita que o Criador a ajuda a obter seu desejo. Mas na
obra de doação, uma pessoa vê que a mente lhe diz que ela não consegue alcançar
o grau de doação, mas ela em vez disso se senta e espera que o Criador a ajude.
Sucede-se que somente isto é considerado precisar do Criador. Isto é chamado um Kli e
“desejo.”
O caminho da verdade é chamado Lishma [pelo
Seu bem], ou seja qu ela faz tudo em prol de doar contentamento sobre o
Criador. Nessa altura a resistência do corpo vem até ela quando ele argumenta
que entende que todo este trabalho é para satisfazer os vasos do corpo, que é
amor próprio. Nessa altura um começa a ver que ele não consegue ir contra o
corpo e então ele precisa da ajuda do Criador. Isto é considerado que ele já
tem um Kli, ou seja um desejo e necessidade que o Criador o
preencha e então aquilo que nossos sábios disseram, “Aquele que vem para se
purificar é ajudade” (Zohar, Noé, item 63) acontece nele. Estas são
suas palavras: “Se uma pessoa vem para se purificar, ela é ajudada com uma
sagrada alma. Ela é purificada e santificada e ela é chamada ‘sagrada’”. Desta
forma vemos que antes que ela tenha um Kli, não lhe pode ser dada
luz. Mas assim que foi estabelecido no seu coração que ela precisa da ajuda do
Criador, ela recebe ajuda, como foi dito, que precisamente quando um vem para
se purificar mas vê que é incapaz, ela recebe do alto uma alma sagrada, que é
luz que lhe pertence, para o ajudar a ser capaz de avançar e derrotar os vasos
de recepção para que ela possa os usar em prol de doar sobre o Criador.
Agora podemos interpretar aquilo que está
escrito, “Paz, paz, para os longínquos e para os próximos.” “Paz” indica uma
divisão completa, uma vez que divisão é como nossos sábios disseram, “Um sempre
deve enfurecer a inclinação do mal sobre a inclinação do bem.” RASHI interpretou
que ele deve travar a guerra sobre ela. Uma pessoa pensa que somente quando ela
se sente próxima do Criador ela é plena, quando lhe parece que já lhe foi
concedida a Panim [face]. Mas quando ela se sente removida do
Criador, ela pensa que não está a caminhar no caminho da plenitude.
É então que dizemos, “Shalom, shalom (Paz, paz)” ou seja a paz que o Criador diz, como
está escrito (Salmos 85), “Eu escutarei aquilo que o Senhor diz, pois Ele
falará paz sobre Sua nação e sobre Seus piedosos e não os deixará regressarem à
folia.” A respeito deste versículo, devemos acreditar que o Criador diz “paz”
até quando ele (uma pessoa) sente que está longe do Criador. Isto assim é pois
quem a fez ver que agora está mais longe do Criador? Normalmente, uma pessoa
começa a sentir que ela está longe quando ela aumenta Torá e Mitsvot e
deseja caminhar mais no caminho da verdade. Nessa altura ela vê que está mais
longe.
Acontece que de acordo com a regra, um Mitsva induz
um Mitsva,” ela se deveria ter sentido mais próxima. Porém, o
Criador a aproxima ao lhe mostrar a verdade, para que ela preste atenção à
ajuda do Criador. Isto é, Ele lhe mostra que uma pessoa não consegue vencer a
guerra sem a ajuda do Criador. Sucede-se que num tempo de afastamento (quando
ela se sente removida), que é consideradoAchoraim, este é o tempo da
aproximação do Criador.