10 de Dezembro, 1958, Jaffa-Tel-Aviv
Para meus amigos em Gateshead, que vivam muito,
Envio-vos minhas saudações de Chanucá: Possamos nós sentir a luz
de Chanucá nos nossos corações, pela qual nossos olhos se vão abrir e nossos
corações jubilarão.
Vou escrever sobre o que disse a respeito de Chanucá: É sabido que
as velas não podem arder até que três condições sejam encontradas 1) a vela,
que é o vaso sobre o qual o óleo é colocado; 2) o óleo; 3) o pavio (uma corda
entrelaçada (numa vela ou candeeiro a óleo) que atrai o combustível até à
chama). Quando essas três forem reunidas podemos desfrutar da sua luz.
Devemos interpretar os três discernimentos citados na obra e na
ética. O Kli (vaso) onde o óleo e o pavio são colocados
é o corpo, chamado “uma vela.”
No trabalho em Torá e Mitsvot, um
sente contrastes na Sua providência, a respeito de coisas que não lhe são
reveladas, nomeadamente que a orientação do mundo é em benevolência. De acordo
com a visão dohomem, o Criador devia ter guiado o mundo diferentemente, ou seja
que Sua bondade fosse revelada a todos. Assim, isso contradiz a razão do homem.
Isto é chamado um Petillá (pavio), da palavraPetaltol (enrolado) e da palavra Pesulá (defeituoso), uma vez que é defeituoso
pensar tais pensamentos.
A clareza e despertar que trazem um a desejar Torá e a trabalho e
a sentir a doçura e agradabilidade em Torá e no trabalho, são chamadas “óleo”.
Se um deles está em falta, é impossível desfrutar da sua luz.
Similarmente, quando o corpo consiste de trabalho e clareza, um é recompensado
com alcançar a luz do Criador, que emerge especificamente através dos dois. E
tal como não há nada para iluminar assim que o óleo e pavio se apagam e fica
escuro, assim que o trabalho e clareza terminam ele não tem luz e se torna
escuro para ele uma vez mais.
Se ele deseja obter mais luz, ele deve tentar achar mais trabalho,
chamado “pavio” e mais clareza, chamada “óleo,” uma vez que a luz nada tem
através do qual se infiltrar e segurar. A razão para isto é que há uma regra:
“A recompensa é de acordo com o esforço.”
A clareza, chamada “óleo,” vem principalmente através da fé, que é
a prevalência de um sobre a inclinação do mal que o trás a esforços e
contradições ao intelecto externo. Isto é chamado “testes” na obra do Criador.
Depois de prevalecer sobre isso, ele é recompensado com receber a
luz do Criador que ilumina a alma do homem e então não há mais espaço para
contradições. Isto é chamado a “luz de Chanucá.” Isto é, ele é recompensado com
providência aberta, que Sua orientação é benevolente para Suas criações.
Com isso podemos interpretar aquilo que nossos sábios disseram
sobre a vela de Chanucá, “É ordenado desde o por-do-sol até que todos os pés
tenham desaparecido do mercado” (Shabat, 21). Com isto implicaram eles a supracitada
conduta.
O “sol” refere-se à luz brilhante. Regel (pé) vem da palavra Meraglim (espiões), quando ele espia Sua orientação.
Foi escrito sobre os espiões, “Vejam como é a terra … é ela boa ou má?” Isto
refere-se a testar se a orientação superior no mundo é benevolente.
“Mercado” implica o domínio público. Isto assim é pois
especificamente no domínio público há espiões. Mas quando uma pessoa é
recompensada com a entrada para a autoridade singular, ou seja que não há outra
força no mundo senão o Criador, pois “somente Ele faz e fará todas as acções,”
então não há mais espaço para espiões.
Foi por isso que eles insinuaram que devemos atrair a luz de
Chanucá para que ela ilumine a providência aberta como benevolente, “desde o
por-do-sol até que todos os pés tenham desaparecido do mercado,” ou seja desde
o tempo em que ainda havia escuridão até que todos os espiões desapareçam do
domínio público, quando não há mais espaço para espiões e todos eles tenham
desaparecido do mundo.
Deste modo devemos interpretar o que dizemos na canção, “Poderosa
Rocha da Minha Salvação”: “Gregos se reuniram à minha volta ... e quebraram as
muralhas de minhas torres e corromperam todos os óleos.”Homat (muralhas de) tem as letras de Hotam (selo) e Tehum (área/zona). “Minhas torres” é a torre
cheia de boa abundância (Midrash
Rába, Capítulo 8). A “muralha” diz respeito a impedir estrangeiros de
entrarem na cidade e roubar o seu bem.
É semelhante aqui — em prol de evitar a entrada de pensamentos
estranhos e desejos não convidados, devemos fazer uma muralha pela qual nos
guardamos dos externos. Esta muralha é chamada “fé,” pois somente pela fé pode
um ser salvo de tudo o citado. Isto é chamado “zona,” pois até então os
externos se podem aproximar, mas quando vêem que a pessoa não saiu fora da
muralha eles regressam ao seu lugar.
Isto assim é pois a fé é especificamente acima da razão e a
dominação do Sitra Achra é especificamente dentro da razão da mente
externa. Assim, ele não tem conexão ou contacto com a pessoa.
A Klipa da Grécia foi para que o povo de Israel
desfrutasse especificamente através do intelecto externo, que é a maldita
filosofia. Isto contradiz a fé, que é chamada uma “muralha.” À medida que eles
tiveram sucesso em admitir a filosofia em Israel, a essa medida é considerado
que eles romperam a muralha.
Este é o sentido de “quebraram as muralhas de minhas torres,”
nomeadamente a muralha ao redor da torre cheia de boa abundância, pela qual
somos recompensados com providência aberta, que o Criador conduz o mundo
benevolentemente.
Através do supracitado rompimento eles “corromperam todos os
óleos,” ou seja que lhes fora negada toda a vitalidade e clareza que lhes foi
concedida através da fé, pois Tuma’a (impureza) vem de Timtum (toliçe) e Situm (bloquear). Finalmente, um milagre aconteceu
e o Criador os ajudou e eles foram recompensados com a luz revelada uma vez
mais, chamada “luz da face.”
E a respeito daquilo que meu amigo pergunta, estas são suas
palavras a respeito do Shofar (chifre festivo soprado em festivais
especiais): O Criador ascende da qualidade de julgamento para a qualidade de
misericórdia. Em vários lugares é implicito que a indicação é para a qualidade
de julgamento, tais como “No tempo de ostracizar, soprai o Shofar,” etc.
A interpretação de Yaarot
Hadvash (As Colmeias—título de um livro), que tal como o Shofardesperta julgamento,
quando uma pessoa se sentencia a si mesma a uma escala de pecado, isso
significa que ela diz ao Criador que deseja receber sua punição desde que ela
se livre do pecado e seja purificada. Com isso o corpo do homem evoca
misericórdia. Certamente, não devemos duvidar we must not doubt the words of the Yaarot Hadvash.
Ver em O Zohar, Emor (Dizei, p 99): “No dia do julgamento,
Israel precisa de um Shofar e não de um trompete (outro tipo de
trombeta) pois um trompete insinua, onde quer que esteja (ou seja a qualidade
de julgamento e veja lá no Sulam [comentário da Escada]) e não precisamos de
despertar julgamento.” Significa isto que o Shofar é a qualidade de misericórdia.
Devemos interpretar que ele trás a questão de ostracização pois o
sopro do Shofar é devido ao facto de que quando
ostracizando, o ostracizado está sob o poder da qualidade de julgamento. Em
prol de prevenir a qualidade de julgamento que o governe, ele deve despertar
misericórdia sobre ele, que é semelhante a associar a qualidade de julgamento
com misericórdia e com um Shofar, que
tem o poder de evocar a misericórdia.
É semelhante com o versículo, “Soprai o Shofar em Sião,” que é alertar o povo para se
arrepender. Uma vez que vemos que há a qualidade de julgamento, devemos soprar
o Shofar para despertar a qualidade de misericórdia,
pois o Shofar pode evocar misericórdia e dar força ao
povo para se arrepender.
É como uma pessoa que se encontra sobre uma montanha e observa.
Ela vê de longe que um exército vem para combater com as pessoas da cidade e
roubar seu tesouro, então ela sopra o Shofar para que o povo se reuna e saia para lutar
e salve a cidade. Sucede-se que o Shofar é a qualidade de julgamento, como implicado
nas palavras do sagrado Zohar.
E a respeito da segunda questão que me escreveste, a respeito do
amor pelo Criador, estas são tuas palavras: “A respeito do amor pelo Criador, é
como qualquer um que ame seu amigo — ele quer se apegar a ele (ser como ele).
Similarmente, com amor pelo Criador deve haver um desejo de estar com o Criador
e sentir o prazer de Sua proximidade até que ele não O deseje abandonar.
“RASHAR Hirsh interpreta que o amor pelo Criador é o desejo no
coração de dar presentes, de persuadir o nosso fazedor. Tal com qualquer amor
de pessoas, o inferior deseja dar ao amado. Similarmente, o amor do Criador é
chamado um desejo fundo no coração de dar e trazer contentamento ao seu
fazedor,” até então suas palavras.
Adicionaria a isto que ambas são verdadeiras, mas devemos
distinguir entre elas em termos de tempo, pois devemos sempre distinguir entre
a realidade e a persistência da realidade. Afinal, nós vemos que quando um bebé
nasce, vemos uma realidade completa — que o bebé está vivo e nada falta nele.
Ao mesmo tempo, se o recém-nascido não recebe a nutrição necessária, essa realidade é certa de ser cancelada, pois sem nutrição o bebé
morrerá. Assim, em prol da realidade persistir, precisamos de nutrições pelas
quais o recém-nascido crescerá. Também, se ele receber nutrição excessiva ou
insuficiente ele será muito fraco.
Similarmente, o amor pelo Criador requer ambas estas coisas:
A primeira é o propósito, considerado “realidade,” que é o amor, a
unificação e Dvekut(adesão)
quando um quer ser anulado perante Ele e não tem outra preocupação na vida
senão concentrar sua mente e coração somente Nele dia e noite. Ele não tem
maior tormento no mundo que o sofrimento de estar separado desta conexão, como
está escrito, “Se um homem dá sua fortuna inteira por amor ele será desprezado.”
A segunda é a persistência da realidade, para que o amor não seja
cancelado, bem como para que o amor cresça e prolifere. Isto requer nutrição, ou
seja fornecer alimentos, que são chamados Mitsvot(mandamentos) e boas
acções. À medida que um se envolve em boas acções, o amor entre ele e seu
fazedor cresce. Nessa altura o Criador, também, dá presentes, como os amantes
fazem. Os presentes do Criador são chamados “a revelação dos segredos da Torá,”
chamados Maase Merkavá e Maase
Beresheet.
Sucede-se que ambas interpretações são verdadeiras. Subsequentemente, um é recompensado com um alto grau, chamado “amor
incondicional.”
O Criador nos ajudará a alcançar o amor pelo Criador.
Do teu amigo que te deseja tudo de bom na corporalidade e
espiritualidade.