7 de Dezembro, 1956, Manchester
Olá e tudo de melhor para o meu amigo, o
mais querido dos homens, perseguindo rectidão e misericórdia e coroado com
virtudes.
Esta manhã recebi tua carta juntamente com
guerá, que é um shekel. Vou escrever-te algo a respeito de Chanucá daquilo que
escutei de Baal HaSulam, uma explicação sobre aquilo que nossos sábios
disseram, “O que é Chanucá? Chanu Kô (até aqui estacionado [aqui]).”
Disse ele sobre isto que há dois graus: 1) Kô, 2) “Isto.” Disseram
nossos sábios, “Todos nossos profetas profetizaram emKô e Moisés
profetizou em “Isto.” Chanucá é considerada Kô.
A explicação das palavras de Baal HaSulam
é com uma alegoria: Quando os soldados vão para a guerra e combatem durante algum
tempo, posteriormente lhes são dadas férias num retiro com bastante comida e
bebida. A intenção do comandante é renovar sua força para que não fiquem
cansados e sejam capazes de combater uma vez mais. Mas aquele que está
inconsciente pensará que lhes são dadas férias pois a guerra terminou. Mas a
verdade é que a guerra não terminou e estas férias são para lhes dar força e
coragem para irem para a frente uma vez mais.
Assim é a questão com Chanucá. Este é o
sentido de Chanu (parquearam), onde o parqueamento não foi
devido à plenitude, ou seja um espelho iluminador. Em vez disso o parqueamento
foi Kô (aqui/até então), ou seja incompleto, que é um espelho
que não ilumina. Por outras palavras, a guerra da inclinação não terminou
ainda, mas temos de chegar à verdadeira completude. Este é o sentido de Chanu-Kô,
parquear como em Kô, ou seja receber a doação superior para que
tivessem mais força para irem para a frente na guerra da inclinação.
O que se prolonga disto é que quando um
caminha no caminho do Criador, lhe são dados despertares do alto — no meio da
oração ou enquanto estudando Torá, ou enquanto realizando um Mitsva (mandamento).
Este despertar entra no coração e ele começa a sentir esse sabor e graciosidade
da santidade.
Porém, ele deve saber que lhe foi dada
esta abundância somente para ganhar nova força e ser capaz de ficar mais forte
na obra, para que ele se envolva na batalha da guerra da inclinação. Então,
cada vez que lhe é dado repouso temporário, ou seja abundância superior, pois
quando o despertar do alto vem para uma pessoa, parece-lhe que já não há mais
qualquer guerra, durante esse tempo ela começa a sentir a beleza e glória da
santidade e a humildade das questões corpóreas, até que ela resolve trabalhar
somente pelo Criador.
Mas uma vez que uma pessoa não terminou
realmente o seu trabalho, o despertar que lhe foi dado lhe é retirado e assim
que ela cai no seu estado anterior, em que ela sente graciosidade e beleza
somente em coisas corpóreas e considera questões de santidade redundantes.
Nessa altura ela se envolve em Torá e Mitsvot somente por obrigação
e coação e não por causa de seu desejo e alegria como quando ela tinha o
despertar.
Esse despertar é a vela de Chanucá. Desta
forma, se ela for esperta, ela sempre se deve esforçar até que ela seja ajudada
do alto para ser recompensada com verdadeira plenitude.
Esperemos que o Criador abra nossos olhos
e deleite nossos corações para sempre.
Do teu amigo, que te deseja e a tua
família tudo de melhor,
Baruch Shalom HaLevi Ashlag
Filho de Baal HaSulam