1927,
Londres
Ao amado da minha
alma ... que sua vela arda para sempre:
...Referente à sua
comparação da questão da cascata dos mundos, das quais os seus amigos não
aprovam, é porque eles aprenderam de mim, que primeiro você precisa entender os
mundos superiores, pois assim é a ordem — primeiro de Cima para baixo e, em
seguida, de baixo para Cima. E isto ocorre desta maneira porque uma fonte
corpórea pode dar à Luz apenas a corporeidade, e onde quer que lance seu olhar,
somente se materializa. Por outro lado, a fonte espiritual emite apenas imagens
espirituais, e onde quer que estale os olhos, é abençoado.
Mesmo as imagens
corpóreas, quando eles sentem a fonte, retornam a ser verdadeiramente
espirituais, não em comparação, ou parecido, mas verdadeiramente se tornam
espiritualidade absoluta, como está escrito, “é transformado como barro debaixo
do selo, e todas as coisas permanecem como uma peça de vestuário”.
O que você me pede,
para repetir-lhe o assunto das unificações, porque você não foi recompensado
por recebê-los dos autores, eu imagino como você os receberia dos livros?
Eu vi suas alegorias
e frases poéticas que começam, “Eu carregarei meus provérbios e direi,
‘palavras que são medidas pelo Ômer [contagem]’”.
De fato, você mede
suas palavras com o Ômer, mas se esforça ainda mais para abençoar a
bênção do Ômer pois “um Ômer é a décima parte de um Efá [unidade
de medida, assim como “onde”]”. Efá significa grande perplexidade, como
você escreve, “Efá é o lado direito [justo] e Asirit [décimo] vem
da palavra Asurot [proibido]”, pois há uma tradição oral e há uma
tradição escrita, como em “o Rei é mantido em cativeiro pelas tuas tranças” (Cântico
dos Cânticos 7:6)
Essa medida indica
que através da fé e confiança, a perplexidade do coração também está presa, ou
seja, nem sequer um vestígio de perplexidade permanece. Esta é a medida do Ômer.
E contudo, devemos abençoar, e isso eu não encontrei em sua carta.
É dito, “o homem
ganancioso maldiçoa e menospreza o Senhor”. Ou seja, uma oração faz metade e
quem ora por si mesmo é incompleto, porque é metade, pois o completo não tem
nada pelo que orar. É por isso que nossos sábios nos advertiram para não
trabalhar para receber a recompensa, mas sim pela completude. Este é um segredo
sublime, e somente aqueles que não tem o despertar por si mesmos irão
entendê-lo.
É por isso que nossos
sábios disseram, “o anfitrião corta e o convidado abençoa”. Ou seja, o
indivíduo não deve mentir para si mesmo que o dono da casa lhe dá completude.
Pelo contrário, ele deve sentir a verdade como ela é, na precisão absoluta. É
por isso que foi dito, “o anfitrião corta”, no entanto, o convidado deve
abençoar.
“Convidado” vem das
palavras “e sentiu o cheiro no temor do Senhor” (Isaías 11:3). E porque
ele recebe o que o anfitrião lhe dá no corte, como se fosse completo, ele
abençoa de qualquer maneira. E a medida de sua benção é como a medida da sua
alegria pelo presente, que só é possível para ele mediante “sua alegria estará
no temor do Senhor”.
Isto é o que nossos
sábios disseram, “se ele roubou uma medida de trigo, moeu, amassou, assou, e
separou, como ele abençoará? Ele não abençoa, mas amaldiçoa”. Isto é muito
profundo, pois aquele que rouba não agradece o que roubou porque o roubado não
lhe deu nada. Ao contrário, ele tirou-lhe pela força, contra sua vontade.
O corte e a
recompensa que uma pessoa merece deriva primeira iniquidade, visto que “uma
transgressão conduz à transgressão”. “No começo é como uma teia de aranha, e no
final é como um cesto de cordas”. Tudo segue o início.
E conteudo, embora
ele acredite que todas as deficiências e os cortes são feitos pelo Criador, ele
ainda não pode pensar assim sobre a primeira iniquidade, como é certo que o mal
não virá do Superior. Segue-se que ele é realmente um ladrão, como se ele
retirasse do Criador contra a Sua vontade.
A “Árvore do
Conhecimento foi o trigo”, como está escrito: “Aquele que rouba uma medida de
trigo”. Se’á [medida] é como “em Se’á Se’á [medida completa],
quando Você a manda embora, Você irá lutar com ela”. O trigo é a primeira
iniquidade. Portanto, apesar “ela moeu e assou” — ou seja, eles se tornarem
cestos de cordas, e então ele separou a Chalá dela, da palavra Chulin
[secular], “é inteiramente para o Criador”, implicando a exaltação e a separação
acima da razão — ele ainda não está abençoando, mas curando, como é uma Mitzvá
que vem através da transgressão. Pois se não fosse pela primeira
iniquidade, esta grande Mitzvá não teria acontecido.
Tudo isso é porque
ele é um ladrão, e ele não vê que um justo perdoa e dá, portanto, ele não
abençoa com todo o coração e não faz arrependimento por amor, pois então os
pecados se tornariam como méritos para ele. Ele reconheceria que a medida do
trigo é o presente do Criador e não seu próprio poder e a força de sua mão.
É por isto que os
nossos sábios disseram, “O anfitrião corta” e não “o convidado”, significando
que a medida do trigo é também presente do Criador, para “manter a Sua aliança
e para lembrar dos Seus mandamentos para eles”. Quando o convidado se fortalece
o suficiente para acreditar que todo o trabalho que o anfitrião teve foi apenas
para ele, ele O abençoaria de todo o coração. Acontece que o corte por si só é
verdadeiramente uma coisa inteira, depois da bênção do Criador de Cima para
baixo.
Mas primeiramente,
ele deve ganhar força em sua fonte de bênçãos de baixo para Cima. Ou seja, ele
é chamado “um convidado” pois ele pode ganhar força e se esforçar pelo
“cheiro”, como está escrito, “e sentiu o cheiro no temor do Senhor”, e como
está escrito, “aquele que rouba de seu pai e sua mãe e diz: ‘não é um crime’, é
um amigo do destruidor”. Em outras palavras, a primeira iniquidade está
enraizada em seu corpo por causa de seu pai e sua mãe, daí a pessoa se tornou
um ladrão, dizendo que ele é como o
referido acima, e que
não é o presente do Criador. Por isso ele é considerado como que roubando de
seu pai e sua mãe e depois, adicionando pecado ao crime, porque ele diz, “Não é
um crime”. Ou seja, ele aumenta a sua apreciação pela Mitzvá da
destruição, Deus proíba.
Este é o significado
da bênção do Ômer, que o indivíduo precisa sentir o presente do Criador
mesmo na medida do trigo, ou seja, pelo cheiro.
Neste momento, sua
alegria se torna plena em todo o Seu trabalho e por isso a recompensa se torna
inteira novamente, e “O Senhor conhece o caminho dos justos”.
Yehuda
Leib, filho do meu professor e Rabi Simcha,
que sua vela arda