Artigo Nº 8, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86
Disseram nossos sábios (Sucá,
52), “Rabbi Shimon Ben Lakish disse, ‘A inclinação do homem supera-o todos os
dias e procura condená-lo à morte, como foi dito, ‘O ímpio observa o justo e
procura condená-lo à morte.’ Se o Criador não o ajudasse, ele não a superaria,
como se diz, ‘O Senhor não o deixará na sua mão ou condenará quando ele for
julgado.’’”
Está escrito em O
Zohar (Vayishlach, item 10): “Rabbi Chizkiya disse, ‘Por quê então
está escrito, ‘E Jacob foi deixado sozinho’? Onde estavam todos os acampamentos
de mensageiros que dizeis que o rodeiam e vieram com ele?’ Disse Rabbi Yehuda,
‘Uma vez que ele trouxe o perigo sobre si mesmo ao permanecer sozinho de noite
e ver o perigo com seu olho. Uma vez que eles vieram para o guardar somente de
um perigo invisível, eles o abandonaram.’ Então disse ele, ‘Eu não sou digno de
todas as misericórdias e de toda a verdade que Tu haveis mostrado ao Teu
servo.’ Estes são os acampamentos de santos mensageiros que o rodearam e agora
o abandonaram pois ele se havia colocado em perigo evidente. Eles o rodearam e
agora o abandonaram pois ele se colocou a si mesmo em perigo evidente.’”
De acordo com isso, há uma questão:
“Quando o abandonaram os mensageiros?” Eles o abandonaram quando ele se colocou
a si mesmo em perigo. Isto é, primeiro ele se colocou a si mesmo em perigo e
então os mensageiros o abandonaram. Diz-se sobre isto, “E Jacob foi deixado
sozinho.” Isto é, quando eles viram, eles partiram. Devemos dizer — “tal como um entra e um sai.”
Devemos entender por quê os mensageiros
não vieram guardá-lo na face de perigo evidente. É como se disséssemos que eram
incapazes de o guardar de perigo real e evidente. Se assim é, quando o podem
guardar, quando não é evidente? E se o perigo não é evidente, quem sabe que se
há perigo aqui que necessite de guarda? Isto é, para quem deve ser evidente,
para a pessoa? Ou se os mensageiros vêem que não há perigo evidente eles partem
embora a pessoa não saiba?
Para explicar isto na obra, primeiro
devemos saber qual é o perigo aqui. Posteriormente explicaremos o que é “perigo
evidente.” É sabido que a obra começa da linha direita. “Direita” significa
alguma coisa que não necessita de correcção. Aquilo que requer correcção é
chamado “esquerda,” como disseram nossos sábios, “Colocamos os Tefilin na
esquerda, como foi dito, ‘E esse será um símbolo na tua mão.’” Yad-Koh [tua
mão]. Como disseram nossos sábios, “A esquerda afasta e a direita aproxima.”
Por esta razão, quando é ensinada uma
pessoa a caminhar nos caminhos da obra ela começa da direita pois a direita lá
não apresenta perigo para a vida espiritual, uma vez que ela pode sempre somar
pois a linha direita é chamada Chésed [misericórdia]. Significa
isto que uma pessoa valoriza a Torá e Mitsvot[mandamentos] e diz
que o Criador foi misericordioso com ela ao lhe dar um pensamento e desejo para
observar a Torá e Mitsvot. E até a intenção mais simples, ou seja
que ela não sabe que pensamentos pensar durante a realização de Mitsvot e
enquanto se envolve na Torá, mas sabe simplesmente que ela observa o mandamento
do Criador, que nos ordenou através de Moisés, isto é suficiente para a
comprometer a observar a Torá e Mitsvot de acordo com sua
habilidade e isto é suficiente para ela.
Desta forma, em toda e cada acção que ela
faz na Torá ou no envolvimento em Mitsvot ela agradece e louva
o Criador por ser misericordioso com ela, ao lhe dar um pensamento e desejo
para observar a Torá e Mitsvot. Assim, em todo e cada Mitsva [singular
de Mitsvot] ela agradece e louva o Criador por lhe conceder um
apoio na Torá e Mitsvot, independentemente de quanto. Em vez disso,
o tempo que ela tem quando o corpo a deixa aprender ela aprende e tanto quanto
ela se consegue esforçar ela mantém Mitsvot. Ela é feliz por poder
manter a vontade do Criador, que não foi dada a outras pessoas como ela, ou
seja que o Criador não lhes deu o entendimento e desejo para manter os
mandamentos do Criador.
Aquele que caminha nesta linha ainda não é
considerado que caminhe na linha direita pois vemos que quando há somente uma
linha e uma pessoa não vê a outra linha, é impossível dizer que esta é chamada
a “linha direita.” Podemos dizer “direita” somente quando há outra linha. Então
podemos dizer que uma é “direita” e a outra é “esquerda.”
Desta forma, quando guiando uma pessoa
para caminhar no caminho do Criador lhe é dito, “Sabe que o Criador não quer
coisa alguma de ti senão que observes somente a Torá e Mitsvot em
absoluta simplicidade. É suficiente para ti. Não precisas de grandes intenções
como os grandes justos. Em vez disso, o Criador requer que o homem observe Torá
e Mitsvot de acordo com o entendimento do homem, de acordo com
sua qualidade, ou seja com seus talentos inatos. É impossível requerer que o
homem se envolva em Torá e Mitsvot do mesmo modo que aqueles que
são muito capazes ou corajosos, mas cada um de acordo com a qualidade com a
qual ele nasceu.
É como diz o sagrado ARI, “Não há um dia
que seja como o outro ou um momento que seja como o próximo e não há homem que
seja como outro e o gálbano [tipo de incenso] corrigirá aquilo que o ólibano [outro
tipo de incenso] não vai corrigir.” Isto é, cada pessoa deve corrigir seu eu e
a qualidade com a qual ela nasceu. Um não é requisitado a fazer mais que o
poder da mente e a força com a qual ele nasceu.
Sucede-se que uma linha é quando lhe é
difo que ele não precisa de achar deficiências na obra. Em vez disso, se ele
mantiver Torá e Mitsvot em absoluta simplicidade isso é uma
grande coisa dado que ele observa os mandamentos do Rei. O homem deve calcular
e valorizar sua obra em absoluta simplicidade. Isto é, se ele ora e diz um
versículo ou uma bênção, seja a bênção sobre Mitsvot ou
abençoar sobre prazer, ele deve pensar então para quem ele fala. Certamente, à
medida que ele imagina perante quem se encontra se sentirá diferentemente
enquanto diz as bênçãos e enquanto ora. Até se não souber o sentido das
palavras, é ainda assim muito importante pois não importa o que ele diz mas
para quem ele fala!
Deste modo, quando observando certo Mitsva,
tal como usar Tzitzit [xale de oração], ele olha para o facto
de que há alguns Judeus no mundo a quem não foi dada a oportunidade de usar um Tzitzit,
mas a ele lhe foi dado o previlégio de manter o mandamentod o Criador. Ele deve
ficar muito grato ao Criador por isto!
Deste modo, à medida da sua mente simples,
de acordo com sua crença na grandeza do Criador e que é um grande privilégio que ele possa fazer aquilo que o Criador quer, por estas razões diz ele a
bênção, “Abençoado és Tu, Ó Senhor.” Isto é, ele abençoa o Criador e Lhe
agradece por o recompensar e dar aquilo que Ele não deu a outras pessoas.
Também, quando ele abençoa sobre os
prazeres ele também agradece ao Criador por o recompensar com acreditar que o
Criador lhe forneceu os prazeres que as pessoas desfrutam. Mas outras pessoas
não têm esta recompensa de acreditar que o Criador lhes deu todas as coisas com
as quais as pessoas podem desfrutar. E também, uma pessoa diz durante as
Dezoito Bênçãos de manhã, “Abençoado és Tu, Ó Senhor, por não me fazeres
gentio,” agradecendo ao Criador por fazer dele Israel.
Desde modo vemos que devemos agradecer ao
Criador pelas mais pequenas coisas que temos em Kedusha[santidade] e
as considerarmos grandes. Embora não o consigamos valorizar, devemos ainda
assim acreditar nisso. Escutei de Baal HaSulam que uma vez disse que tanto quanto
compreendermos a importância da Torá e Mitsvot Lishma [pelo
Seu bem], na verdade, Lo Lishma [não pelo Seu bem] é de
longe mais importante do que valorizamos Lishma.
Significa isto que não conseguimos
valorizar o contentamento que o Criador deriva do nosso desejo de fazer Sua
vontade. E cada acção que é feita abaixo, causa despertar no alto, no mundo
superior, como se diz no sagrado Zohar, “Um acto abaixo desperta um
acto no alto.” Uma vez que o homem ainda não foi recompensado com entrar no
palácio do Rei e alcançar as luzes que são renovadas pelas obras dos
inferiores, nós devemos acreditar que assim é.
Ou seja, quando uma pessoa vem para a
sinagoga e diz lá um versículo pelo Criador, para o Criador, esta acção é
inestimável pois nessa altura em que a pessoa faz a acção e não há nada mais
para adicionar à acção. Este é um sinal que há plenitude na acção e isso é tão
importante para o Criador como se ele a tivesse mantido com todas as intenções
do justo completo. Por outras palavras, lhe é dito que há justos que só somam
intenções às acções, mas não há mais nada a acrescentar à própria acção, como
foi dito acima. Diz-se sobre a acção, “Não somes nem subtraias.”
Contudo, lhe é dito que a obra das
intenções não é para ela, que pertence apenas a uns poucos escolhidos. Logo, se
esta é sua plenitude, ela coloca todas a sua energia em manter aquilo que ela
recebeu através da educação. Com isto ela sabe que tudo o que tem de fazer é
manter a quantidade. Quanto à qualidade, ou seja melhorar as intenções,
nomeadamente as razões que a fazem manter Torá e Mitsvot, ela sabe
aquilo que lhe foi dito na sua educação que no geral ela terá este mundo e o
mundo vindouro por observar Torá e Mitsvot. Isto é chamado “uma
linha” e não a “linha direita” pois ainda não há esquerda aqui, a partir da
qual podemos dizer que esta linha é chamada “direita,” dado que não há
“direita” sem “esquerda.”
Neste caminho não há perigo que ela possa
perder a vida espiritual de Kedusha [santidade]. Em vez disso,
ela está sempre a avançar pois seus cálculos são medidos pela acção e todo e
cada dia ela soma novas acções. Deste modo, ela está sempre a avançar pois ela
vê que cada dia ela soma novas acções. Por exemplo, quando ela alcança os vinte
anos de idade ela sabe que tem sete anos de observação da Torá e Mitsvot.
E quanto ela alcança os trinta anos de idade ela adquiriu dezassete anos de
Torá e Mitsvot.
Sucede-se que este caminho está assegurado
e não há perigo aqui para sua vida espiritual uma vez que ela tem uma base
sobre a qual olhar e medir seu progresso. Assim, este caminho é considerado um
caminho seguro e não há perigo aqui para sua vida espiritual. Isto é, neste
caminho ela não vai cair do seu grau ou até desesperar por ver que não tem
sucesso no seu trabalho. Em vez disso, ela estará sempre em paz. Seu único
arrependimento na obra será que lhe custa que outras pessoas ao seu redor não
sirvam o Criador como ela. Este é o único arrependimento na sua obra. Mas em si
mesma ela acha que tem muito sobre o qual se alegrar, que graças a Deus ela tem
posses de Torá e Mitsvot.
Porém, quando lhe é dito que há outro
caminho, chamado “linha esquerda,” que significa que neste caminho uma pessoa
vê que embora ela se envolva em Torá e Mitsvot ela ainda se
deve corrigir a si mesma durante a obra e que a correcção não está na acção, mas
que ela deve corrigir a intenção, ou seja com que intenção ela faz aquilo que
faz, nomeadamente a razão que a faz manter Torá e Mitsvot, isto já
é considerado um caminho perigoso.
Isto assim é por duas razões: 1) Lhe é
dito que é verdade que é impossível trabalhar sem recompensa. Em vez disso,
qualquer pessoa que faça qualquer trabalho, seja grande ou pequeno, precisa de
combustível que lhe dê a força para trabalhar. Se lhe é dito que a recompensa é
que ele trará contentamento para o Criador, ou seja que “Seu desejo será
comente doar sobre o Criador,” o corpo não entende esta razão como suficiente
para lhe dar força para trabalhar, dado que é contra a natureza humana pois a
substância do homem é a vontade de receber em prol de receber.
Por esta razão, quando ela trabalha numa
linha, ou seja que a base da sua obra neste mundo é que ela receberá recompensa
neste mundo e no mundo vindouro, o corpo consegue entender que para si mesmo,
ou seja para desfrutar e ser recompensado é vantajoso trabalhar.
Contudo, quando lhe é dito que ele deve
trabalhar com intenções e direccionar cada acção que faz para trazer
contentamento ao seu Fazedor, ele é deixado impotente na obra dado que então
seu corpo exige explicações: “Como posso eu trabalhar e abdicar de muitas
coisas que o corpo consegue desfrutar para que o Criador desfrute?” Há perigo
neste caminho que ele possa perder toda sua vida espiritual, até aquela que ele
tem enquanto se envolve em uma linha.
2) A segunda razão para o perigo é que até
se ele prevalecer cada vez e quiser trabalhar em prol de doar, ele vê que não
consegue superar na intenção, mas sempre vê o oposto — que quando ele
trabalhava em uma linha ele via que avançava. Isto é, se ele passasse dez anos
de trabalho então ele tinha dez anos de Torá e Mitsvot e se ele se
envolvesse vinte anos em Torá eMitsvot então ele tinha uma
propriedade de vinte anos.
Mas aqui, na linha direita, é ao
contrário. Se ele passou três anos e não consegue direccionar sua obra em prol
de doar então ele está mais estilhaçado e quebrado dado que ele tem trabalhado
no caminho da doação durante três anos mas nada tem para mostrar. Isto é, ele
não tem posse embora tenha colocado três anos de trabalho. É tanto quanto o
mais se ele colocou cinco anos e assim por diante. Desta forma, quanto mais ele
se esforçou na obra, mais ele vê que ele é pior.
Mas Baal HaSulam disse que na verdade, por
um lado podemos dizer que uma pessoa realmente avançou para a verdade, em
reconhecer o mal. Antes dele ter começado o trabalho ele pensava que seria
capaz de superar seu mal. É como nossos sábios disseram (Sucá, 52),
“Para os ímpios, a inclinação do mal parece da grossura de um cabelo e para os justos como uma alta montanha.”
Mas por outro lado uma pessoa precisa de
ver a verdade como ela é, ou seja que com este mal ela não se moveu um milímetro e isto pode colocá-la no perigo de desesperar pois ela diria que Lo Lishma[não
pelo Seu bem] é inútil, dado que a essência da obra é trazer contentamento ao
Criador e ela vê que não será capaz de superar. Sucede-se que ao caminhar na linha direita ela pode Deus nos livre ser completamente repelida da vida
espiritual, pois ela já maculou aLo Lishma. Sucede-se que ela está
vazia em ambos os caminhos e não tem apoio na vida de Kedusha.
Por esta razão, as pessoas são guiadas
somente por uma linha. Se elas despertam por si mesmas e têm um impulso seu de
começar a procurar a verdade, se elas são guiadas para caminhar neste caminho
para sempre ou não apenas quando no princípio da obra, não lhes é mostrada a
linha esquerda — que elas se devem corrigir para fazer todas suas obras pelo
Criador.
Isto é como o Maimónides diz (fim de Hilchot
Teshuva), “Disseram os sábios, ‘Um sempre se deve envolver em Torá, até em Lo Lishma,
dado que de Lo Lishma ele virá a Lishma. Desta
forma, quando ensinando a crianças, mulheres e aos incultos, lhes é ensinado a
trabalhar por temor e para receber recompensa. Até que ganhem conhecimento e adquiram
muita sabedoria, lhes é contado esse segredo pouco a pouco e são acostumados a
esta questão com facilidade até que O alcancem e O conheçam por amor.”
Desta forma, devemos caminhar na linha
direita, bem como na linha esquerda, significando que até se ele souber que há
uma verdade chamada Lishma, ainda assim, o caminho no qual ele
caminhou tinha somente uma linha, agora essa linha recebeu um novo nome e é
chamada “linha direita.” Porém, o que nos acrescenta isso que agora chamemos à
linha única, de “linha direita”? A explicação é que agora há uma intenção na
linha direita. Isto é, ao mudar o nome, “linha única” para “linha direita,” uma
intenção especial é anexa ao seu nome, que não existia quando era chamada “linha
única.” É por isso que é proibido cancelar a linha esquerda e caminhar na linha
direita, dado que não há direita sem esquerda. Logo, devemos dizer que quando
ele caminhava na linha única, ele não sabia que havia outro caminho. Mas agora
que há a linha esquerda oposta a ela, a linha única é chamada “linha direita.”
Significa isto que a plenitude que ele
agora recebe não é por caminhar sem deficiências mas pois ele sente-se pleno e feliz na sua obra tal como antes de ter começado a trabalhar na linha
esquerda, mas por uma razão diferente. Aqui, na linha direita, a plenitude é
porque ele vê que é uma pessoa simples e sabe que há um caminho verdadeiro, ou
seja que você se deve envolver pelo bem do Criador, mas ele vê que está longe
disso. Ou seja, seu corpo não o permite se anular ssi mesmo completamente
perante o Criador, que sua única direcção na vida seja doar. E todavia, ele vê
que o Criador lhe deu a força para ter algum contacto com a santidade e outros
não têm este poder. Sucede-se que ele agradece e louva o Criador por isto.
Acontece que em tal estado ele está em plenitude.
Contudo, agora que ele começou a trabalhar
na linha esquerda e entendeu que a obra de doação é a coisa principal, é
difícil para ele estar contente com menos. Se ele tiver de trabalhar, ele deve
trabalhar em prol de alcançar a plenitude. Mas fazer esforços para ser
recompensado com somente um toque na obra sagrada, para isto o corpo não tem
combustível. Isto é chamado como está escrito, “Onde quer que haja uma
deficiência em Kedusha, há uma garra para as Klipot [cascas/peles].”
Isto é, as Klipot o fazem pensar, “Deves trabalhar tão duro
por tão pequena recompensa, ou seja para ter um pequeno apoio em Kedusha?”
Sucede-se que as Klipot têm
a força para o remover da Kedusha a uma grande medida. Isto é,
não lhe é dito que não é vantajoso se esforçar por Kedusha. “Kedusha,
ou seja servir o Rei, é certamente uma grande coisa, mas consegues ver por ti
mesmo que não tens a força para isso.” Desta forma, nessa altura desperta o
perigo que ele caia da obra completamente pois agora o corpo tem uma garra na
sua obra uma vez que o próprio homem vê suas deficiências na obra.
Mas na obra na linha única ele sabia que
isto era sua plenitude pois ele era instruído desde o começo que Lishma pertence
a grandes pessoas que nasceram com grandes talentos naturais e boas qualidades
e com grandes poderes para superarem seus corpos. Isto é, elas se controlam a
si mesmas e conseguem levar a cabo o que lhes apetece e ninguém as consegue
impedir.
Quanto a ti, o que te é necessitado é
somente de acordo com tua habilidade. Isto é, faz o que puderes e com isso
fizeste teu dever, dado que a Torá não foi dada aos anjos ministradores mas a
todas as pessoas, cada uma de acordo com sua habilidade.
Todavia, assim que ele começa a caminhar
na linha esquerda ele sente que ele, também, deve alcançar Dvekut[adesão]
com o Criador e trabalhar em prol de doar e doravanete ele não será capaz de
sentir plenitude na obra da linha direita pois a esquerda o vai obstruir. Aqui
começa a obra da fé acima da razão. Isto é, que ele deve acreditar que a obra de Kedusha é
um trabalho muito importante. Deste modo, ele não se importa se é recompensado
com verdadeira plenitude ou plenitude que merece. Isto é, ele ainda não tem o
grande previlégio de fazer a obra sagrada completamente, mas a uma medida muito
pequena. Mas a considera como uma grande fortuna, cujo valor não consegue
sequer medir.
Acontece que neste trabalho, quando ele
caminha nesta linha, ele valoriza a Kedusha de modo a que ela
aumente constantemente sua importância. Isto assim é pois ele deve acreditar na
sua grandeza acima da razão, embora ele ainda não o sinta na realidade. Ele
deve dizer para si mesmo: “A razão pela qual devo acreditar acima da razão na
importância da Torá e Mitsvot é que ainda não sou digno de
sentir sua importância e grandeza, como é sabido que enquanto um ainda está
imerso em amor próprio, ele é desadequado para sentir o deleite e prazer que
está vestido nelas. Mas na verdade, quando eu for digno, verei isso como um
facto.”
Assim acontece que a razão pela qual se deve
acreditar acima da razão não é por causa da falta de luz que está vestida na
Torá e Mitsvot, mas em vez disso a carência está no Kli [vaso]
do inferior, que ele ainda é desadequado para isso e o Criador sabe quando eu
sou adequado e certamente me deixará sentir o sabor da Torá e Mitsvot.”
Sucede-se que devemos acreditar acima da razão não por não conseguirmos sentir
o bem nisso pois a luz esta oculta e a não conseguirmos alcançar. Se assim
fosse então o que significa, “Pois eles são nossas vidas,” que se diz sobre a
Torá e Mitsvot? Em vez disso, ele deve acreditar acima da razão
enquanto não tiver corrigido seus vasos de recepção. Mas quando completar sua
correcção, o deleite e prazer se espalharão em todas as coisas sagradas nas
quais ele se envolve.
Portanto, se ele caminhar na linha direita
e acreditar acima da razão na sua importância, à medida da importância que ele
valoriza a Torá e Mitsvot pode ele valorizar até a mais
pequena coisa, ou seja até um toque, até Lo Lishma de Lo Lishma também
o conseguem deleitar pois com esta acção ele observa o mandamento do Criador.
Contudo, posteriormente ele deve alternar
para a linha esquerda, ou seja criticar a obra — se a obra que ele faz é um
caminho para alcançar Dvekut com o Criador, como disseram
nossos sábios, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei a Torá como tempero,” se
ele avança realmente para este propósito. Isto é considerado se colocar a si
mesmo em perigo. Quando ele está na linha esquerda, seu trabalho é
principalmente orar, ou seja clamar para o Criador o ajudar do alto, como disseram nossos sábios, “Aquele que vem para purificar é ajudado.”
Com isto podemos interpretar o sentido dos
anjos que rodearam Jacob, como mencionado nas palavras do sagrado Zohar,
que os anjos vieram para o guardar, ou seja que é ajuda que vem do alto para o assistir para que ele possa continuar seu caminho. Porém, ajuda vem do alto quando uma pessoa já começou a obra e se encontra a meio caminho e clama por
ajuda. Mas antes que ela tenha começado a obra não lhe é dada assistência.
Desta forma, quando Jacob começou a obra e
se colocou a si mesmo em perigo e pediu que o criador o ajudasse, os anjos
foram enviados para o guardar para que ele vencesse a guerra na qual já havia
entrado. Mas quando ele completou a obra que começou e recebeu ajuda dos anjos
e queria começar uma nova obra, chamada “pequenas latas” e o começo da obra é
em trevas, chamadas de “noite,” isto é chamado “perigo evidente,” dado que um
lugar escuro, chamado “linha esquerda,” é perigoso, então deve ele começar
sozinho. Posteriormente, quando ele vê que não consegue, ele começa a pedir
ajuda do Criador e então ele receberá ajuda do alto.