30 de Abril, 1960 (48º
dia da Contagem do Omer), Viena
Para os amigos, que eles vivam para sempre
O festival de Shavuot — o tempo da doação da nossa Torá — se
aproxima. É sabido que Shavuot é considerado Malchut nos mundos e no coração do homem. É como Baal
HaSulam interpretou sobre Mekadesh
Shevi’i (sétima santificação)
que Shevi’i vem das palavras Shebi-Hu (quem está em mim).
Ele pretende dizer que o Criador está vestido no coração e na hora
em que podemos interpretar que a Torá se veste na alma. É por isso que é
chamado Shavuot e “a doação da Torá,” ou seja que nessa hora a Torá se veste
nos corações de todo e cada um do todo de Israel. Durante a contagem de Pessach
até Shavuot é a purificação dos Kelim (vasos), que é purificação no coração
e mente. Quando os Kelim foram aperfeiçoados, nos é recompensada a
Torá.
Desta forma, antes de Pessach, a preparação de purificar os Kelim era com fé, chamada Mitsva(mandamento/boa
acção). Através do Êxodo do Egipto eles foram recompensados com fé, como em “Eu
sou o Senhor vosso Deus que vos tirou para fora da terra do Egipto.” Depois de
Pessach começa o trabalho na purificação como preparação para a recepção da
Torá. Quando a Torá se veste na alma isso é chamado “Shavuot, a hora da doação
da nossa Torá.”
Precisamos da misericórdia dos céus, para ser dada a força para
sair do Egipto e nos ser concedida fé, uma vez que atravessamos muitos estados
antes de sermos recompensados com fé. Por vezes, uma pessoa não tem necessidade
de fé pura pois ela pensa que é melhor avançar pelos caminhos vulgares, assim
lhe parece, dado que todos os Chassidim e pessoas práticas fazem como lhes fora
ensinado, ou seja o caminho vulgar. Ela deseja que neste caminho ela tenha o
desejo completo de manter Torá e Mitsvot (plural of Mitsvá), uma vez que ela vê que
nisto, também, ela declina e por vezes não tem tempo para pensar nisso. Isto é,
ela se envolve em Torá e Mitsvot sem quaisquer introspecções, que na Torá e Mitsvot que ela faça, não é vantajoso fazer introspecção.
Os cálculos que uma pessoa faz são em prol de ganhar alguma coisa.
Nesse estado ela está num estado onde é preferível reflectir sobre suas
necessidades corpóreas, dado que sua vitalidade está especificamente na
corporalidade.
Porém, nos devemos lembrar da regra que Baal HaSulam disse, que as
punições são principalmente no tempo em que uma pessoa se envolve em Torá e Mitsvot. A respeito do tempo em
que ela está num estado em que sua vitalidade é somente corporalidade, sua
sentença é como a sentença de uma besta. Somente quando se envolvendo em Torá e
Mitsvot sem ser cuidadosa de a
manter pura, isto é chamado “idolatria.”
Desta forma, quando uma pessoa concorda em fazer algo em Torá e Mitsvot, é preferível trabalhar
pelo Criador, uma vez que a obra começa principalmente na mente, mas com o
coração é um trabalho completamente diferente. Nessa altura sua obra é
considerada sair da besta e se tornar homem e foi dito sobre isso, “Vós sois
chamado ‘homem’” e então começa a obra do homem na mente, quando começando a
pesar numa balança qual é mais vantajoso, conhecimento ou fé. Nessa hora ela
fica irada que o Criador não a recompense com fé.
Com isso podemos interpretar as palavras da Guemará, “Rabbi Yehuda
disse, ‘Rabbi Shmuel disse em nome de Rabbi Meir: ‘Enquanto aprendia com Rabbi
Akiva, colocaria a tinta no tinteiro. Quando cheguei até Rabbi Ishmael, disse
ele para mim, ‘Meu filho, sê cuidadoso de tua obra, pois tua obra é a obra dos
céus. Se omites uma letra ou somas uma letra, destrois o mundo inteiro.’ Disse
eu para ele, ‘Eu tenho uma coisa e ela é chamada tinta, que eu coloco no
tinteiro.’ Respondeu ele, ‘Mas colocais tu tinta no tinteiro? A Torá disse, ‘escrevei
e apagai,’ escrita que possa apagar. Que lhe disse ele e o que não lhe
respondeu ele? Foi isto que ele lhe disse: ‘Não só não estou enganado ao pensar
que sei sobre omitir ou somar, não tenho sequer medo que uma mosca venha,
aterre na Dalet(Letra
Hebraica, ד) e a transforme numa Reish (uma letra parecida, ר)’ (Iruvin 13a).’’”
Devemos interpretar o escriba. Quando uma pessoa se envolve na obra
do Criador ela é chamada “escriba,” como em “Escreve-as na tábua do teu
coração.” Omitir ou somar significa que ora ele carece da direita ou soma da
esquerda, ou seja duas vezes “ninho” (também 150 em Guematria), como disseram
nossos sábios, “Podemos purificar o ninho com 150 razões (também sabores).” É
por isso que há duas vezes: ninho puro e ninho impuro. Também, tinta é chamada “negredo,”
dado que o trabalho é considerado escuridão.
Devemos entender que se Rabbi Ishmael lhe tivesse dito, “Sê
cuidadoso ao omitir e somar,” qual é a razão de Rabbi Meir lhe ter dito que ele
colocava tinta no tinteiro?
Devemos interpretar que quando Rabbi Meir lhe disse que ele era um
escriba, ou seja se envolvendo na obra com pureza, ele lhe disse, “Sê cuidadoso
ao omitir e somar,” ou seja que ele não venha a ter pouca fé e demasiado
conhecimento. A isso respondeu ele que ele colocava a tinta no tinteiro. Isto
é, durante a obra, chamada “negredo,” ele joga suas (mãos) lá, como em, ninho
impuro e ninho puro, então ele sempre tem espaço para a fé pois para ele os
ninhos são iguais.
Perguntou ele, “Mas colocais tinta no tinteiro?” Pode você colocar
um ninho puro num lugar de trevas? Deveria ser escrita que se possa apagar.
Isto é, durante o trabalho, que é o tempo da recepção da fé, é precisamente
então que podemos apagar a escrita. E todavia, ele não apagava, pois nesse
estado, em que ele determina assumir sobre si mesmo a fé, isso é considerado “escrita
completa,” que é um Kli adequado para guardar a luz do Criador.
A Guemará questiona sobre isto: “Que lhe disse ele e que lhe
respondeu ele?” (RASHI interpreta que ele o alertou sobre omitir e somar e lhe
respondeu que ele tem tinta. RASHI interpretou que “tinta” significa escrita
que não pode ser apagada pois sua escrita é visível).
A Guemará responde que ele lhe respondeu que era cuidadoso em
omitir e somar e também que até uma mosca pode vir e aterrar na ponta da Dalet e a apagar, a transformando numaReish.
Uma mosta significa um pensamento estranho que apaga a Dalet e a transforma numa Reish (veja no princípio da “Introdução do
Livro do Zohar,” item 200).
Isto é, na hora do Mitsva,
em que ele deve ser cuidadoso em omitir e somar, ou seja que ele não queira que
a fé seja menos importante que o conhecimento, que significa que ele carece da
importância da fé e demasiado significa que ele dá importância excessiva ao
conhecimento.
Durante a escrita da tinta da Torá, é considerado que ele é
cuidadoso com a ponta daDalet, que é “fazer misericórdia.” Se ele tem
uma mosca, ou seja um pensamento impuro, então ele não quer fazer misericórdia
e então é considerado completamente desamparado. Com isso ele sempre coloca a
tinta, ou seja que ele é sempre cuidadoso em mantê-las iguaise e então está
certo de ser firme no seu estado, uma vez que quando vê que está sempre numa
encruzilhada, naturalmente está debaixo de guarda e com isso alcança a
completude total.
Que o Criador nos conceda a completude total e sair para a luz da
Torá em pureza.
Baruch Shalom HaLevi Ashlag
Filho de Baal HaSulam