1927,
Londres
Ao amado da minha
alma, que sua vela arda:
Recebi sua carta do
vigésimo segundo dia de Adar Álef [mês Hebraico em torno de Março].
Embora você esteja descontente com o fato de que suas inovações não estão
recebendo seu devido tempo para refletir e considerálas, eu também lamento, e
na minha opinião, mais do que você. E ainda, espera no Senhor e prepare seu
coração.
E sobre o que você
escreveu, você fez bem não indo, apesar de que agora não é hora para humildade
porque a maior parte do livro já foi impressa, e tudo o que está prestes a
ser revelado é considerado revelado. Portanto, você pode publicar o livro,
como quiser.
Quanto a mim, desejo
saber sobre aqueles que proíbem quaisquer inovações na Torá e tiram o novo
diante do velho. Eles tratam o meu livro de duas maneiras: ou eles dizem que
não há inovações ou adições aqui de forma alguma, desde que tudo já foi escrito
nos escritos do ARI, e realmente é assim. A outra opção é dizer que todas as
minhas palavras são minhas próprias noções, por que nossos sábios não mencionam
nenhuma palavra de tudo que é dito nas minhas palavras? Assim, quem sabe se
você pode confiar em uma pessoa que deseja criar um novo método na Cabalá, que
os nossos pais não conceberam e, então, pendurar neste pregador deles todo seu passado
sujo?
Na verdade, eu não
adiciono nada ao que está escrito nos escritos do ARI, com a intenção de
remover o obstáculo dos cegos e dos coxos, talvez eles verão a bondade do
Criador na terra dos vivos. Portanto, seria bom se você se apressasse em se
tornar proficiente no meu livro inteiro, antes que ele seja exposto aos olhos
dos externos, assim você pode mostrar-lhes cada coisa que está escrita e
interpretada nas palavras do ARI.
O núcleo e a essência
de todas as explicações em minha composição são a revelação de Ohr Chozêr [Luz
Retornante]. O ARI foi sucinto sobre isso como foi revelado suficientemente
para todos os Cabalistas desde os Rishonim [antigos Cabalistas], antes
da sua chegada em Safed. É por isso que ele não detalha ou elabora sobre este
assunto.
No entanto, no Ramo
Quatro, ele introduz explicitamente, e é apresentado em Árvore da Vida,
pg. 104b, Portão 47, “A ordem de ABYA”, Capítulo 1. Naquele lugar, tudo
o que eu inovei em relação às cinco Bechinot de Ohr Yashar [Luz Direta]
é apresentado lá, bem como a questão de Ohr Chozêr.
Na verdade, saiba que
as cinco Bechinot de Ohr Yashar aqui apresentadas são o coração das
inovações da Cabalá do ARI sobre aquelas dos Rishonim. Esta foi sua
única disputa com seus contemporâneos, apoiado pelo versículo no Livro da
Formação, “Dez e não nove, dez e não onze”.
E ainda, devo
dizer-lhe que isso é o que causou grande confusão no entendimento de suas
palavras, como na maioria dos lugares, ele traz as dez Sefirot em vez
das cinco Bechinot. Eu também suspeito que Rav Chaim Vital fez isso de
propósito, para remover dele obstinação e calúnia. Na minha explicação, já
notei essa qualidade, provando completamente que ambas são palavras do Deus
vivo, conforme explicado no “Prefácio Geral”.
Veja o ensaio, “O
Conhecimento”, no “Portão das Introduções”, onde o próprio Rav Chaim Vital toma
muito cuidado para mostrar quão iguais são as dez Sefirot e as cinco Bechinot.
No entanto, elas não são suficientes para os estudantes diligentes, é por isso
que ele só assinou seu nome nessas palavras.
Sobre o Zivug de
Haka’á, sobre o qual eu elaborei e sobre o qual o ARI escreve muito
brevemente, é por causa da excessiva divulgação do assunto entre os estudantes
do RAMAK [Rav Moshe Kordovero, o primeiro Cabalista em Safed antes da chegada
do ARI]. O ARI disse sobre isso que todas as palavras do RAMAK foram ditas
apenas sobre o mundo de Tohu, não sobre o Mundo do Tikún [correção]
uma vez que o Zivug de Haka’á se aplica apenas aos mundos anteriores a Atzilut,
bem como a externalidade de ABYA. Mas na internalidade de ABYA não
há nenhum Haka’á, mas um Zivug de Piusa [acoplamento de
conciliação], chamado “abraço do beijo”, e Yessodot [fundações], como
explicarei no início do Mundo do Tikún. Mas nos próprios Yessodot,
este assunto é aplicado em todos os lugares, mas sob a forma de reconciliação.
Veja no “Portão aos
Ensaios do Rashbi”, começo da porção de Shemot [Êxodo], na explicação
sobre O Zohar: “E os sábios brilharão como o brilho do firmamento, ...
iluminando e cintilando no Zivug superior”, sobre os dois justos — o
justo que o penetrou, chamado José e o justo que saiu dele chamado Benjamin. O
primeiro é chamado “iluminando”, que é a expansão das nove Sefirot de Ohr
Yashar [Luz Direta] para ele. O segundo é chamado “cintilando”, que é
“Aquele que vive para sempre”. Olhe lá e você verá que em minhas palavras, eu
não acrescentei nada, só organizei as questões para os iniciantes e isso
relaciona-se apenas a Rav Nathan Neta Shapiro e Rav Shmuel Vital, e não há
nenhum rigor no assunto.
Às vezes eu paro um
ensaio no meio porque pertence ao Mundo do Tikún e não quero confundir o
estudante, apenas levá-lo de uma forma segura e fiel. Uma vez eu interpretei
sucintamente os Partzufim, os mundos e os Môchin em geral, vou
voltar para o início, e então eu vou ser capaz de explicar os ensaios completos
em uma ordem maravilhosa, como Rav Chaim Vital pretendia.
...Aquele que se
aflige com o público é recompensado em ver seu conforto, pois ambas são as
palavras do Deus vivo. A medida da aflição, assim é a medida da
tranquilidade, pois eles realmente são um. A única diferença está na Dvekút [adesão]
com Ele, pois durante a Dvekút, os julgamentos se transformam em simples
misericórdias. O sinal disso é que até uma pessoa que foi condenada à morte,
mas é vista pelo rei, é perdoada e recompensada com a vida. Portanto, não
durante a Dvekút, a diferença entre aqueles dois MaT [caído] são
98 [Tzach-puro] na Gematria, pois então “um homem justo cai ante
os ímpios”, e “um homem justo cai sete vezes e se levanta novamente”.
É muito difícil para
mim estar em Londres durante a Páscoa, especialmente visto que eu ainda estou
no meio do meu trabalho. Embora esteja muito esperançoso, é meu costume
apreciar apenas o presente, que é a maneira de atrair um futuro bom. Portanto,
tenho muito espaço para a saudade.
Estou pensando em
voltar a Jerusalém após a Páscoa e eu quero vê-lo pronto e disposto no palácio
do Rei, pois na alegria do feriado das Matzot [pães ázimos (ou seja,
Páscoa)], você vai sair de todos aqueles que buscam a abertura para lá e para
cá.
...Como é dito, para
desenhar uma Vav na Matzá, e então a Matzá vira uma Mitzvá
[boa ação/correção] e a fatia em completude, e quanto tempo você vai se
envolver em regras de esculpir? Nossos sábios já disseram, “Não seja como
servos servindo o professor para receber a recompensa”, pois isso não vai
saciá-los antes da verdadeira recepção. Há uma máxima que o povo usa: “Aquele
que quebra todos os seus ossos, um deles não quebrou”, mas é ao contrário
reforçado pelo esmagamento na mão do doador.
Em seguida, cada uma
das duas metades se torna completude, que é o significado de “E os justos
herdam duplamente em sua terra”, pois não há ninguém que esteja quebrado aqui,
e ambos são completos e inteiros.
Acontece que um deles
não quebrou, e ele tem um duplo pão porque Malchut retorna a ser Kéter.
Isto é o que Eliseu perguntou a Elias, o profeta, “Que seja duplo no teu
espírito sobre mim”, significando o espírito do doador.
...Nossos sábios
disseram, “Um homem deve estar intoxicado [bêbado] em Purim, até que ele
não saiba [a diferença entre amaldiçoado seja Hamã e abençoado seja Mordecai]”,
etc. Ou seja, o homem é recompensado com a expansão do conhecimento por uma
bela esposa, uma casa bonita e bonitas ferramentas, como é dito no Zohar sobre
o versículo, “E os filhos de Israel mantiveram o Shabat...”
Mas há aquele que é
recompensado com a ampliação da mente através da intoxicação e centeio, como
está escrito, “Dê centeio para o perdido e vinho para o coração amargo”. Na
verdade, é sobre falsidade, pois o que pode alargar o coração dá a você e
adiciona para você em caso de intoxicação, quando o indíviduo está deitado
alegremente, como se o mundo fosse dele? Eis porque está escrito: “O bobo do
vinho”, graceja com as pessoas com a alegria da falsidade e sem fundamento.
Este foi o pecado de
Noé, e os anjos que servem a Deus zombaram dele por estar bêbado.
Mas há uma Klipá [casca]
baixa e desprezível chamada “A Klipá de Amaleque”, que corta as palavras
e joga-as para cima. Ou seja, ela é tão material que não pode ser reconciliada
mesmo com treze pactos e treze rios de puro caqui, pois também os joga para o
alto, e diz, “Pegue o que Você tem dado a eles”.
Este é o significado
do que está escrito sobre Eliseu, que ele estava arando com doze pares de bois,
e ele com o décimo segundo. Os trabalhos humildes são chamados de “arar”, e ele
já estava no grau mais baixo, ou seja, em sua extremidade, que é o décimo
segundo.
Nos graus do ano, o
mês de Adar é chamado “o décimo segundo mês”. Então o profeta Elias
jogou seu manto, e fez uma oferta para o Criador, uma vez que segurando o manto
do doador ele foi recompensado para sempre, até o fim.
Adar vem da palavra Adir
[enorme/grande], e o extraordinário reforço é chamado “Adar”. Esse
reforço vem a Adar somente através de muita Torá.
E embora não haja
sabedoria ou entendimento neste lugar, nem conselho, Amaleque ainda enfraquece
e está arruinado e torna-se ausente, e um herdeiro vem em seu lugar.
A questão é que essa
idolatria é cancelada apenas naqueles que o praticam, que têm ligação com ele.
É impossível atacar o vento com um machado. Em vez disso, o vento que golpeia
repele o vento e o ferro ao ferro, etc. E desde que a essência de Amaleque é um
brincalhão, destruindo tudo na materialidade, sem conhecimento, mas apenas com
zombaria, é impossível arrancar-lhe o mundo com o espírito do conhecimento.
Pelo contrário, é algo que está acima da razão, significando através do vinho
da Torá.
De toda a Luz da
Torá, permanece essa enorme força. Através dela, você vai entender que embora o
vinho não seja repleto de centeio, é um bom remédio para destruir e aniquilar a
semente de Amaleque (como está escrito, “para perturbá-los e destruí-los”,
“olho por olho”, “estava virado ao contrário”), na festa da Rainha Ester, que
está de pé ao seio da, etc., mergulhando e sentado no seio, etc., significa que
nossos sábios disseram que é permitido mudar em Purim, para receber
convidados e com trajes.
É como eles disseram,
“Um homem deve estar intoxicado em Purim”, significando que eles
disseram, “Não se disse, ‘aprendeu’, mas ‘derramou água’, para ensiná-lo que o
serviço da Torá é maior do que estudá-la”. Ao servir, ele era recompensado
duplamente, e não devido ao estudo, pois eles são dois opostos no mesmo
assunto. É por isso que eles são chamados de “duplo”, e a proibição é a
permissão, pois uma chave que está apta para o fechamento está apta para a
abertura.
Esta é a razão para o
envio [em Purim] de presentes um ao outro, desde que não há nenhuma
distinção entre um com GAR e um com VAK, devido aos dois
presentes que mandam um ao outro. É como foi dito no Zohar, Cântico dos
Cânticos: “Seu amor é melhor que o vinho”, o que significa que a amizade se
estende desde o vinho da Torá, pois ele é ligado em absoluta integridade ao
Criador, mesmo em um lugar desprovido de Chochmá. Isto é, não da
sabedoria da Torá em si, mas do vinho da Torá, que aflora da profusão de Torá.
Este é o significado
de “E o memorial deles não pereça da sua semente”, significando a
masculinidade, como contempla sobre os ímpios e eles sumiram e o assunto de que
não há nenhum Achoraim aqui torna-se revelado, e estes dias de Purim são
lembrados e feitos. “E Mordecai saiu de diante do rei em vestuário real”. Tudo
depende do masculino, até a revelação de Ester.
Tenho sido breve,
porque eu falei sobre estes assuntos longamente várias vezes. Espero que o Criador
vá expandir seus limites em todas as adições relacionadas aos assuntos acima,
pois a questão está muito perto de você e quanto tempo você vai continuar a
testar o Criador, e se você acredita nEle, você certamente não voltará atrás
frequentemente.
E por que o Criador
teve fé em Rashbi que ele não iria voltar atrás? Quando ele disse, “Eu sou para
meu amado’, etc., “todos os dias quando eu estava conectado a este mundo, eu
estava conectado a ele em uma conexão, no Criador. Portanto, agora ‘Sua paixão é
por mim’”.
No entanto, o homem
vê os olhos, e o Criador vê o coração, pois suas bocas e corações não são
iguais para fazê-las, e tempero para isso é a Torá.
Na verdade, eu
aprendi muita Torá de você. Embora você instilasse gotas de palavras ociosas,
mas em resposta a elas veio adiante gotas de Torá.
Eu não tenho força
para lutar com seu materialismo. Em vez disso, a Luz refinada do meu
ensinamento tem iluminado em você mesmo em gerações anteriores, mas vocês
mesmos não trabalham de forma alguma frente ao seu materialismo, e você não é
inspirado pela grandeza do Criador e a grandeza de Seus servos e a Sua santa
Torá. Fiquei em pé e avisei sobre isso por um longo tempo agora; e este é o
muro que separa você de mim por um longo tempo agora; ai desta beleza que secou
nesta poeira.
Saiba que este
trabalho é altamente capaz, antes de vir para você, como é o trabalho externo,
e quem limpa suas roupas na frente do rei não vai ganhar honras. Portanto,
corrijam-se em tempo assim vocês podem entrar no átrio, pois não vejo nenhuma
outra falha exceto esta, Ele que disse para o Seu mundo, ‘Basta’!” O tempo é
curto e o trabalho é abundante no lugar da Torá, então apresse-se e viaje de
Refidim para a Luz, pela Luz dos vivos e juntos seremos abençoados com a bênção
da redenção, que nos redimiu e redimiu nossos pais, Amén, que assim seja.
Yehuda Leib