18 de Dezembro, 1956, Manchester
Para os amigos, que vivam para sempre,
Muito tempo passou desde que recebi cartas
vossas, com a excepção de … e uma curta carta de …
Devemos renovar nosso trabalho cada dia,
ou seja esquecer o passado. Isto é, se não tivemos sucesso antes, devemos
começar de novo. É como um comerciante: Se ele teve um negócio que não teve
sucesso, ele fecha esse negócio e prontamente começa um novo, esperando que
embora não tivesse sucesso no negócio anterior, ele certamente terá sucesso no
novo.
Assim somos nós. Embora no passado não
tivessemos sucesso, no futuro estamos certos de ter sucesso. Mas não
permaneceremos parados pois sem fazer qualquer negócio é impossível ter
sucesso. Em vez disso, devemos acreditar que certamente será atraído sobre nós
e seremos recompensados com a luz da Sua lei, que é a verdadeira lei, essa
verdade nos protegerá e atrairemos a luz da Sua lei e seremos concedidos com
nos apegarmos ao Seu nome para sempre.
Nossos sábios disseram, “Rabbi Yohanan disse,
‘Yakov (Jacob) nosso pai não morreu.
Pergunta ele, ‘Foi em vão que os mumificadores mumificaram e os coveiros
enterraram?” Em vez disso, evoco o versículo, ‘Não temas, Ó Jacob Meu servo,’
declara o Senhor, ‘E não receies, Ó Israel, pois Eu te salvarei a ti de longe e
a teus descendentes da terra do seu cativeiro.” Como seus descendentes estão
vivos, também ele está vivo.” Interpreta RASHI que somente entre os vivos
podeis falar do cativeiro, mas em respeito aos mortos, não podeis falar do
cativeiro (Taanit 5b).
Os interpretes questionaram:
1) A pergunta ainda permanece. O Maharsha interpreta
que o corpo morre e a alma existe, então porque não morreu especificamente
Jacob? Ele explica que uma vez que Abraão e Isaac morreram na terra de Israel,
mas Jacob morreu no estrangeiro e então precisa de nos ser dito que Jacob,
também, não morreu.
Vou interpretar isto de acordo com nosso
caminho e isto reconciliarei com a famosa pergunta sobre o versículo, “Então
enviaram eles uma mensagem a Yoséf (José),
dizendo, ‘Teu pai cobrou antes de morrer, dizendo, ‘Assim dirás tu para José,
‘Por favor perdoa, te rogo, a transgressão de teus irmãos.’’’”
Isto é perplexo:
2) Onde achamos que Jacob ordenou tal
coisa antes de sua morte? E há também a questão do Midrash sobre o versículo,
“E ele chamou a seu filho, José,” e ordenou-lhe o enterro.
3) Por que não ordenou ele Rúben, que era
o ancião, ou Judá, que era um rei?
E os interpretes questionaram:
4) Sobre Jacob dizer para José — “lidai
comigo em misericórdia e verdade,” ou seja misericórdias realizadas com os
mortos — nenhuma recompensa e retribuição são dadas pela misericórdia. Mas
posteriormente, diz ele para José, “Mas eu dei-te uma porção a mais que a teus
irmãos.” RASHI interpreta que uma vez que tu te esforças e incomodas com meu
enterro, isso não é mais verdadeira misericórdia.
Outra perplexidade:
5) José disse para ele, “Eu farei como
dizeis.” O “Eu” é redundante (em Hebraico a palavra “Eu” é repetida duas vezes
neste versículo). Ele devia ter dito, “Eu farei como dizeis” (com um único “Eu”).
Para entender o citado devemos entender a
qualidade da verdade, que é a qualidade de Jacob. Está escrito, “Que a verdade
seja dada a Jacob.” Baal HaSulam interpretou a questão da verdade (apresentada
no Sulam, na “Introdução do Livro do Zohar,” item 175), que duas
facções de anjos zombaram da Criação e duas a defenderam.
Os anjos da verdade disseram que o mundo é
todo mentiras, ou seja que o mundo é chamado “vontade de receber” e a verdade é
o desejo de doar contentamento sobre seu fazedor, que é Dvekut (adesão).
Como podem eles alcançar isto? Os anjos da misericórdia disseram, “Ele faz
misericórdia” e através da misericórdia alcançarão eles Dvekut. Vê
lá a inteira questão de “E jogou a terra para o chão.” ou seja que de Lo
Lishma (não pelo Seu bem) seremos nós recompensados com Lishma (pelo
Seu bem) e alcançaremos a qualidade da verdade.
Jacob, que é a qualidade da verdade, ordenou
antes de sua morte, ou seja deu um testamento a José para fazer verdadeira
misericórdia, portanto que com isso ele seria recompensado com a qualidade da
verdade, isto é que ele seria inteiramente para doar. Isto assim foi para todos
seus filhos, mas ele ordenou especificamente a José, ou seja que após sua morte
José não receberia sequer pela venda de José pelos seus irmãos.
E embora José veja que seus irmãos se
macularam pela venda, ele ainda se deve envolver somente com a qualidade da
verdade, ou seja doar e corrigir o defeito é somente pelo Criador. Esta questão
da correcção foi mais tarde corrigida com os dez assassinados do reinado (como
é explicado em vários lugares).
José respondeu, “Eu farei como dizes,” ou
seja que meu eu será como tu dizes — que eu caminharei somente no caminho da
doação. Isto reconcilia o por quê de ele ter dito especificamente para José e
porque ele usou especificamente a palavra “Eu.”
Isto também explica a segunda questão que
colocámos, “Onde se encontra que Jacob ordenou a José antes de sua morte, ou
seja que antes da sua morte ele disse especificamente para José seguir o
caminho da verdade, que é somente doar e desta forma não receber sequer pela
venda?”
E também, assim que José assumiu sobre si
mesmo e disse, “Eu farei como dizes,” ou seja doar, ao mais tarde lhe dizer, “Eu
te dei uma porção a mais que a teus irmãos,” ele não mima a verdade ao receber
o presente agora, uma vez qque é considerado receber em prol de doar, pois ele
não tem necessidade sua, mas todas suas acções estão na Torá e Mitsvot em
prol de doar.
Isto explica a quarta questão: Após a
aceitação da verdade, ele o podia recompensar, mas ainda assim isso seria
consideraado pura doação. Foi por isso que Rabbi Yohanan disse que Jacob não
morria. Significa isso que a qualidade de Jacob não morreu pois ele legou sua
qualidade a seus filhos. Foi por isso que Rabbi Yohanan disse especificamente
para Jacob, uma vez que a verdade é o mais importante; se há verdade, um é
recompensado com Abraão e Isaac, que são Chassadim e Gevurot.
Sucede-se de tudo o supracitado que Jacob
não morreu, mas sua lei, a lei da verdade, brilhará para nós e seremos recompensados
com seguir suas pégadas e nos tornarmos fortes com mais esforço. Não devemos
prestar atenção aos senhorios de nossa própria vontade, que nos trazem
centelhas de desespero, mas como dizem nossos sábios, “O Filho de David vem
somente inadvertidamente.” Isto é, a redenção chamada “o Filho de David,” vem
especificamente pela distracção da mente dos senhorios.
Este é o sentido da interpretação de RASHI
que a vida é somente em cativeiro, ou seja que somente quando um é considerado “vivo”
sente ele que está cativo e que deve se libertar da prisão. Mas quando uma
pessoa está morta, ela não sente que está cativa.
A qualidade de Jacob brilhará para nós do
cativeiro, como está escrito, “E teus descendentes da terra do seu cativeiro,”
ou seja que todos os desejos de trabalhar estão cativos. Este é também o
sentido de, “Não temas, Meu servo Jacob … pois Eu te salvarei de longe.” Embora
eles estivessem em absoluto afastamento do Criador, o Criador nos promete que
Ele nos salvará, como disseram nossos sábios, “Se o Criador não o ajudar, ele
não prevalecerá sobre isso.”
Desta forma, devemos entender como nosso
ajudante é poderoso, como está escrito, “O Senhor é um homem de guerra.” E
quanto à salvação do poderoso, ele não se importa se ele deve ajudar imenso ou
pouco. Mas em vez disso, “Eu vos salvarei de longe.” Até quando estivermos em
absoluto afastamento, Ele nos salvará.
Esperemos que deste dia em diante, ou seja
todo e cada momento, sejamos recompensados com eterna plenitude e nos apeguemos
à verdade.
Do teu amigo, Baruch Shalom HaLevi Ashlag
Filho de Baal HaSulam