Não temos qualquer realização ou percepção que se pareça de qualquer substância, pois todos os nossos cinco sentidos são completamente impróprios para tal. A visão, audição, olfacto, paladar e tacto oferecem à mente examinadora meras formas abstractas de "incidentes" da essência, formulando através da colaboração com nossos sentidos.
Baal HaSulam, O Estudo das Dez Sefirot, Parte Um,
“Reflexão Interna,” Capítulo 10
Não possuímos nenhuma percepção na essência da pessoa em si, sem a matéria. Isso ocorre porque nossos cinco sentidos e nossa imaginação nos oferecem somente manifestações de ações da essência, mas não a essência em si.
Por exemplo, o sentido da visão nos oferece somente sombras da essência, já que são formadas opostas à luz.
Semelhantemente, o sentido da audição é nada mais do que uma força do golpe de uma forma no ar. E o ar que é rejeitado por ela, golpeia o tambor em nosso ouvido, e nós escutamos que há forma próxima a nós.
O sentido do olfato nada mais é do que o ar que emerge da forma e atinge nossos nervos olfativos e então nós cheiramos. Além disso, o sentido do paladar é o resultado do contato de nossos nervos gustativos.
Assim, todos esses quatro sentidos nos proporcionam manifestações de atos que se originam de uma forma, não sendo a própria forma.
Até mesmo o sentido do tato, o mais forte dos sentidos, ao separar o quente do frio e o sólido do macio, é apenas manifestação de ações na forma; não sendo mais do que apenas eventos da forma. Isso ocorre porque o quente pode ser resfriado e o frio pode ser aquecido; o sólido pode ser transformado em líquido por meio de processos químicos e o líquido pode ser transformado em ar, representando somente gás, quando qualquer entendimento dos nossos cinco sentidos tiver findado. Logo, a essência em si ainda existe, já que se pode transformar o ar em líquido mais uma vez, e o líquido em sólido.
Obviamente que os cinco sentidos não nos revelam qualquer essência, mas somente evidências e manifestações de atividades da essência. Sabe-se que o que não sentimos, não podemos imaginar; e o que não podemos imaginar, nunca irá surgir em nossos pensamentos, e não há forma de se perceber.
Baal HaSulam, “Prefácio ao Livro do Zohar,” Item 12
O pensamento não possui nenhuma percepção na essência. Além do mais, nós nem mesmo conhecemos a nossa própria essência. Eu sinto e sei que ocupo espaço no mundo, que sou sólido, amoroso, e que penso, e outras manifestações de ações de minha essência. Mas se você me perguntar sobre minha própria essência, de onde todas essas manifestações se originam, eu não sei o que lhe responder.
Assim você nota que a Providência nos impediu de atingirmos qualquer essência. Nós atingimos somente manifestações e imagens de ações que derivam de nossas essências.
Baal HaSulam, “Prefácio ao Livro do Zohar,” Item 12
Como não há qualquer percepção do Criador ou que se pareça, então é impossível alcançar a essência de Suas criaturas, até os objectos tangíveis que nós sentimos com nossas mãos.
Logo, todos nós sabemos sobre nossos amigos e parentes no mundo da acção perante nós não são mais senão “familiarização com suas acções.” Estas são promovidas e nascem pela associação de seu encontro com nossos sentidos, os quais nos rendem completa satisfação embora nós não tenhamos qualquer percepção que se pareça da essência do sujeito.
Além do mais, você não tem percepção ou realização que se pareça sequer da sua própria essência. Tudo o que você sabe sobre sua própria substância é nada mais que uma série de acções que se estendem de sua essência.
Baal HaSulam, “A Essência da Sabedoria da Cabala”