E Houve Tarde e Houve Manhã
O Zohar diz sobre o versículo, “E houve tarde e houve
manhã” (Génesis 3, p 96, e Item 151 no Comentário Sulam), “‘E houve
tarde,’ que escreve o texto, significa que ela se prolonga do lado das trevas,
ou seja de Malchut. ‘E houve manhã’ significa que ela se prolonga
do lado da luz, que é ZA.
“E por isso que lá escreve sobre eles, ‘Um
dia,’ indicando que a tarde e manhã são como um corpo, e ambos fazem o dia. Rabbi
Yehuda disse, ‘Qual é a razão?’ Ele pergunta, ‘Uma vez que ‘E houve tarde e
houve manhã’ aponta para a unificação de ZON, que a luz do dia vem
de ambos, então o texto anuncia-o no primeiro dia, porque diz ele sobre cada
dia, ‘E houve tarde e houve manhã’?’
“E ele responde, ‘É para saber que não há
dia sem noite e nem noite sem dia, e eles nunca partirão um do outro. É por
isso que o texto repete e nos informa todo e cada dia, para indicar que é
impossivel que alguma vez haja a luz do dia sem a escuridão da noite.
Inversamente, nunca haverá a escuridão da noite que não traga um dia depois
dela, uma vez que eles nunca partem um do outro.’” Até então suas palavras.
Devemos compreender o supracitado na obra,
sobre o que significa a luz e o que significam as trevas, e porque é impossível
ter um dia a menos que seja de ambos juntos, ou seja que luz e trevas produzem
um único dia, isto é, são ambos necessários para construir um único dia. Isto
significa que o dia começa quando as trevas começam porque é então que a
sequência de fazer um novo dia começa.
Devemos também compreender como a palavra
“dia” pode ser aplicada às trevas, uma vez que quando as trevas começaram,
podemos já começar a contar o dia.
É sabido que depois das restrições e a
partida da luz que ocorreu nos mundos superiores—depois da segunda restrição e
a quebra—o sistema das Klipot [cascas] emergiu, até que o
lugar de BYA se dividiu em dois discernimentos. A partir do
seu meio e acima dele estavam as BYA deKedushá [santidade],
e do seu meio e abaixo dele se tornou a secção permanente das Klipot,
como é explicado em TES (Parte 16, par. 1938, Item 88).
Consequentemente, neste mundo, “Um homem
nasce o potro de um asno selvagem” e ele não tem desejo pela espiritualidade.
Logo, de onde vem a sensação de necessidade pela espiritualidade a uma pessoa,
até ao ponto de dizer que ela sente trevas, às quais ela chama “noite,” ao
sentir que ela está afastada do Criador? Devemos saber que ao mesmo tempo ela
começa a sentir que ela está longínqua do Criador, ela já está a começar a
acreditar na existência do Criador a certa medida, ou então, como pode ela
dizer que ela está afastada de alguma coisa que não existe? Em vez disso, ela
deve dizer que ela tem alguma iluminação de longe que brilha para ela à
medida que ela sente que ela está afastada do Criador.
Deste modo sucede-se que assim que as
trevas começam, ou seja a sensação da existência das trevas, a luz
imediatamente começa a brilhar a certa medida. E a medida de iluminação da
luz é reconhecida somente através da negação. Isso significa que um sente uma
carência, que ele não tem a luz do Criador brilhando para ele de uma maneira
afirmativa. Contudo, a luz brilha para ele na forma de uma carência, ou seja
que agora ele começa a sentir que lhe falta a luz do Criador, que é chamada
“dia.”
Mas aqueles para quem a luz do dia não
brilha não sabem se há tal realidade onde uma pessoa deve sentir a ausência da
luz do Criador, que é chamada de “dia.” Falemos de uma única pessoa, ou seja
dentro do mesmo corpo. Por vezes um sente que ele está nas trevas, ou seja que
ele está afastado do Criador e anseia se aproximar do Criador. Ele sente
sofrimento por estar afastado do Criador.
A pergunta é, “Quem o causa se preocupar
com a espiritualidade?” E por vezes ele sente trevas e sofrimento quando ele vê
que outro é bem sucedido na corporalidade em posses e com as pessoas, enquanto
que ele carece de tanto sustento como respeito. Ele vê sobre si mesmo que na
verdade, ele é mais dotado que o outro, tanto em termos de talento como em
termos de ancestralidade, e ele merece mais respeito. Mas de facto, ele é
muitos graus inferior ao outro, e isto magoa-o terrivelmente.
Nessa altura, ele não tem conexão com a
espiritualidade, e ele nem sequer se recorda que alguma vez esteve conectado, e
que ele mesmo considerou todos os amigos com quem ele estudava no seminário,
que quando ele os via a sofrer por suas preocupações para alcançarem plenitude na vida, eles lhe pareciam como crianças que não conseguem fazer um cálculo
propositado, e que tudo o que seus olhos vêem é aquilo que eles querem. Outra
vez eles vêem que a coisa mais importante na vida é o dinheiro, e noutra vez
eles vêem que a coisa mais importante na vida é ter uma posição respeitável
entre as pessoas, etc.. E agora ele está dentro dessas mesmas coisas que ele
havia zombado, e ele sente que sua vida é insípida a menos que ele determine o
todo da esperança e paz na vida no mesmo nível que eles o determinam, que isto
é chamado “o propósito da vida.”
E qual é a verdade? É que agora o Criador
teve pena dele e iluminou o discernimento de dia para ele, e este dia começa
com negação. Por outras palavras, quando o dia começa a brilhar no seu coração
na forma de trevas, isso é chamado “o começo do levantar do dia,” e então Kelim começam
a se formar nele, nos quais a luz será capaz de brilhar de uma maneira
afirmativa. Esta é a luz do Criador, quando um começa a sentir o amor do
Criador e começa a sentir o sabor da Torá e o sabor dos Mitsvot.
Disto podemos compreender as palavras
acima de O Zohar, que um dia aparece especificamente de ambos,
como lá escreve, “E por isso que lá escreve sobre eles, ‘Um dia,’ indicando que
a tarde e manhã são como um corpo, e ambos fazem o dia.” Também, quando Rabbi
Yehuda disse que é por isso que o texto alerta cada dia de novo—para indicar
que é impossível que alguma vez haja luz sem que a escuridão da noite venha
primeiro. E também, não haverá escuridão da noite que não traga a luz do dia
depois dela, então elas nunca partirão uma da outra.
É como mencionado acima, 1) seguindo a
regra que não há luz sem um Kli, e 2) é também necessária luz, que
é chamada “dia,” para fazer um Kli.
Mas devemos compreender porquê, se já foi
concedido um pouco do dia na forma negativa a um e ele sente que sua vida
inteira é somente se ele for recompensado com Dvekut com o
Criador e ele começa a se atormentar por estar afastado do Criador, quem,
então, o causa cair deste estado de ascensão? Por outras palavras, sua vida
inteira deve ser somente na vida espiritual, e esta é toda sua esperança, e
subitamente ele cai para um estado de humildade, um estado onde ele sempre riria
das pessoas cuja esperança da vida era obter o preenchimento das luxúrias
animalescas. Mas agora ele mesmo está entre elas, nutrido pelas mesmas
nutrições das quais elas se alimentam.
Além do mais, devemos questionar como ele
se esqueceu de que em tempos estava num estado de ascensão. Agora ele está num
estado de amnésia tal que não lhe sequer ocorre que ele consideraria as pessoas
entre as quais ele se encontra, ou seja que suas únicas ambições estão em nível
tão baixo e ele não tem vergonha de si mesmo que ele se tenha atrevido a entrar
em tal tmosfera da qual ele sempre fugiu. Por outras palavras, o ar que elas
respiram tão voluntariamente, ele sempre diria que ele sufoca a Kedushá [santidade],
e agora ele está entre elas e sente que não há defeito nelas.
A resposta é como diz o escrito (Salmos
1), “Feliz é o homem que não caminhou no conselho dos ímpios.” Devemos
compreender o que é o conselho dos ímpios. É sabido que a questão daquele que é
ímpio é trazida na Hagadá [narrativa de Pêssach] sendo “O que
pretendeis vós com este serviço?” Baal HaSulam explicou que isso significa que
quando uma pessoa começa a trabalhar em prol de doar, a única pergunta dos
ímpios vem e pergunta, “O que vais obter ao não trabalhares para ti mesmo?”
E quando uma pessoa recebe tal pergunta,
ela começa a contemplar que talvez ela esteja certa. E então ela cai para sua
rede. De acordo, devemos interpretar, “Feliz é o homem que não caminhou no conselho
dos ímpios” que quando os ímpios vêm até ele e o aconselham que não é vantajoso
trabalhar se ele não vir certo benefício e ganho disso para si mesmo, ele não
os escuta. Em vez disso, ele se fortalece a si mesmo na obra e diz, “Agora eu
vejo que avanço no caminho da verdade, e eles desejam confundir-me.” Sucede-se
que quando esse homem supera, ele é feliz.
Posteriormente, dizem os escritos, “Nem
esteve no caminho dos pecadores.” Devemos interpretar “Caminho dos pecadores.”
Diz ele, “Nem esteve.” Um pecado é como nós explicámos no ensaio anterior (35,
1984-85), que o pecado é se uma pessoa rompe “Não somarás.” Por outras
palavras, o verdadeiro caminho é que temos de avançar acima da razão, chamado
fé. E o oposto disso é saber—o corpo compreende que ele não tem outra escolha
senão acreditar acima da razão.
Assim, quando ele sente algum sabor na
obra e o recebe como apoio, e diz que agora ele não precisa de fé, uma vez que
ele já tem alguma base, ele cai imediatamente do seu grau. E quando um é
cuidadoso com isso e não se encontra sequer durante um minuto para ver se é
possível mudar sua base, isso é considerado que ele é feliz porque ele não se
encontrou no caminho dos pecadores, para olhar para o seu caminho.
E posteriormente, os escritos dizem, “Nem
se sentou no banco dos escarnecedores,” se referindo a aquelas pessoas que
passam seus dias indolentemente, que não levam suas vidas a sério e consideram
cada momento precioso. Devemos saber a que se refere “O banco dos
escarnecedores.” Aqueles que acarinham todo o momento e se sentam e pensam dos
outros—se as outras pessoas estão todas certas e quanto os outros devem
corrigir suas acções, e não têm piedade de si mesmos, se preocupando sobre suas
próprias vidas, isto causa-os todas as descidas. O RADAK interpreta os
escarnecedores como sendo de uma mente retorcida de uma maneira maléfica,
encontrando defeitos nas pessoas e divulgando segredos uns para os outros. Esta
questão é para as pessoas preguiçosas, indolentes. Foi por isso que ele disse,
“Nem se sentou no banco dos escarnecedores,” e esta é a razão das descidas.
Rav Baruch Ashlag, Rabash